"O Brasil não é um país sério"
A frase por muitos atribuída ao ex-presidente francês Charles De Gaulle (e pelos nossos cronistas políticos cearenses, atribuída ao ex-governador Gonzaga Mota) na verdade foi cunhada pelo ex-embaixador do Brasil na França, Carlos Alves de Souza Filho, ao criticar a falta de habilidade do governo brasileiro ao tratar o bisonho conflito internacional que se travou entre os dois países e que, à época, chegou a ser chamado de “Guerra da Lagosta”.
O caso se deu em razão das queixas de pescadores brasileiros que flagraram barcos franceses pescando lagostas em nosso litoral.
Durante o insólito embate diplomático, os franceses alegavam que se a lagosta nadasse, poderia ser pescada por qualquer um, pois estaria em águas internacionais. Mas se fosse constatado que o animal andava, estaria em território brasileiro, uma vez que o direito internacional, à época, entendia que o fundo do mar pertencia ao Estado Brasileiro.
O direito brasileiro foi defendido pelo almirante Paulo Moreira da Silva, um especialista em Oceanografia que venceu a batalha em favor do Brasil com o seguinte e incrível argumento: para aceitar a tese científica francesa de que a lagosta podia ser considerada um peixe quando dá seus “pulos” se afastando do fundo submarino, então teria, da mesma maneira, que aceitar a premissa do canguru australiano ser então considerado uma ave, quando dá seus “pulos”.
Embora a história nos leve a pensar que a França é que não seria um país sério ao propor tamanho deboche, quando nos deparamos com a iminência do retorno de um Renan Calheiros à presidência do Senado Federal, passamos a aceitar a frase do ex-embaixador brasileiro como perfeita para expressar o que realmente é nosso País.
Há exatos cinco anos, Calheiros renunciava à presidência do Senado, para fugir da cassação do mandato, em meio a uma saraivada de denúncias que iam desde o pagamento de despesas pessoais pelo lobista de uma construtora, até a existência de sociedade em empresas de comunicação com o usineiro João Lyra, por intermédio de laranjas.
CURTO CIRCUITO
• Ainda Renan - O senador responde a inquéritos no Supremo. Em um (Inq 2998), é investigado por improbidade administrativa e tráfico de influência, que tramita em segredo de justiça. Em outro (Inq 2593), seu envolvimento com o lobista da construtora, caso que o levou à renúncia à presidência do Senado, também é investigado.
• Ainda Renan 2 - Como se não bastasse todo esse histórico para inviabilizar qualquer retorno desse político a um dos postos mais importantes e poderosos da República, eis que acaba de chegar ao gabinete da min. Carmen Lúcia, também do Supremo Tribunal Federal, outro Inquérito contra Calheiros, desta vez por prática de crimes ambientais por uma de suas empresas agropecuárias em Alagoas.
• Ainda Renan 3 - Pesa contra o Senador, acusações do Ministério Público Federal, de pavimentar ilegalmente, com paralelepípedos, uma estrada de 700 metros na estação ecológica Murici, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no município de Flexeiras, a 66 km de Maceió.
• Ainda Renan 4 - Tudo sem licenciamento ou autorização para a obra. A unidade, de 6 mil hectares, conserva áreas de Mata Atlântica. A estrada liga a Fazenda Alagoas, de propriedade do grupo de Renan, à principal rodovia que corta o Estado, a BR-101. O inquérito foi autuado sob o número 3589. Dá para levar um País desse a sério?
UMAS & OUTRAS
• Perdulário - O senador José Pimentel (PT-CE) gastou R$ 383.796,25 de verba indenizatória, só em 2012 e foi o 7º senador mais perdulário. Conseguiu superar até Collor de Mello, que ficou na 8ª posição, com gastos de R$ 382.748,15.
• “Alfinetes” - A verba indenizatória pode ser gasta a critério do parlamentar para bancar despesas com divulgação de suas atividades, passagens aéreas, hospedagens, alimentação e consultorias, enfim, para os “alfinetes”.
• Cambraia - Com o Brasil mergulhado numa grande tensão ante a ameaça de mais “apagões”, ou de desabastecimento de energia, vale lembrar que há poucos anos, quando deputado, o cearense Antonio Cambraia propunha que o governo brasileiro adquirisse submarinos nucleares russos desativados, para produzir energia suplementar, nessas emergências.
Desdém
A proposta, ou
sugestão do parlamentar do Ceará, foi vista até com desdém por cientistas do
Sul-Sudeste. Mas agora, cientistas e mestres da UFRJ já admitem que essa
poderia ser uma das saídas para que o governo brasileiro possa complementar a
energia que está sendo captada das termoelétricas.
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