sexta-feira, 5 de julho de 2013

Advogada da Oposição Rodoviária que promove protesto inédito na Região Metropolitana do Recife, adverte para possibilidade de Lockout das empresas de ônibus


DO JORNAL DO COMMERCIO

TRANSPORTE Grupo de oposição prometeu viagens gratuitas em ônibus, ontem, mas poucos motoristas aderiram a essa estratégia

A decisão de abrir as portas traseiras dos ônibus para os passageiros entrarem sem pagar a passagem não surtiu muito efeito no Grande Recife na tarde de ontem. A tática da tarifa zero ou catraca livre foi sugerida pela Oposição Rodoviária de Verdade (dissidência do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Pernambuco) na manhã de ontem, mas poucos trabalhadores aderiram ao plano. A oposição acredita que a partir de hoje 80% dos rodoviários deixem os usuários viajar de graça. O sindicato da categoria não recomenda a catraca livre, alegando que a medida é criminosa.


O objetivo da estratégia, segundo a dissidência sindical, é pressionar as empresas de ônibus e o Estado a acatar as propostas da categoria, entre elas o reajuste de 20% e o aumento do vale-refeição. No Centro do Recife ontem, por volta das 14h45, poucos coletivos circulavam, operando normalmente. "Não fomos aconselhados a deixar os passageiros entrar por trás", disse um motorista da empresa Caxangá que não quis se identificar.

Nas paradas, poucas pessoas arriscaram depender dos ônibus para voltar para casa. As que aguardavam, como a enfermeira Rosário Farias, estavam ansiosas para usar o serviço de graça. "Acho ótima essa atitude, porque só assim eles pressionam os empresários e não prejudicam a população. Fica mais fácil ter o nosso apoio", afirmou a enfermeira, que estava há mais de duas horas no Terminal Joana Bezerra aguardando um transporte.

No mesmo terminal, a aposentada Geralda Ferreira dos Santos disse ter conseguido viajar de graça quando vinha de São Lourenço da Mata, Grande Recife. "No ônibus que eu vim o motorista mandou todo mundo entrar pela porta de trás sem precisar pagar. Mas aqui no Recife não vi nada disso." Na Avenida Agamenon Magalhães, no Derby, a tarde foi tranquila para veículos particulares e agitada para usuários do transporte público.

Os que acreditaram que iriam viajar sem pagar a tarifa ficaram frustrados ao se depararem com as portas dos ônibus fechadas. "Além de não abrirem as traseiras, eles estão queimando os pontos. Prometeram que a gente não ia pagar a passagem e não cumpriram", disse uma usuária que aguardava em frente ao Hospital da Restauração (HR).

O fracasso da estratégia ficou evidente no começo da noite, quando passageiros que lotaram as paradas das principais avenidas da cidade decidiram voltar para casa por outros meios. A assistente administrativa Raiany Rodrigues passou mais de uma hora aguardando um ônibus na Avenida Cruz Cabugá e não acreditava mais na tática dos rodoviários. "Até agora, não vi os coletivos liberarem as catracas. Poucos passam por aqui e muita gente desiste. Vou embora graças a uma carona."

A Oposição Rodoviária de Verdade anunciou o plano em entrevista coletiva na manhã de ontem. A advogada da dissidência, Noélia Brito, explicou que a iniciativa não teve a adesão de muitos rodoviários porque não houve tempo para divulgá-la. "Não conseguimos mobilizar todos os motoristas e cobradores. Acredito que amanhã (hoje) haja uma adesão maior", contou.

Além disso, a advogada alertou que muitos motoristas terceirizados não aderiram à proposta. "O nosso medo agora é que aconteça a famosa greve do patrão, quando os veículos ficam presos na garagem." Panfletos estão sendo distribuídos e os ônibus, garante a Oposição Rodoviária de Verdade, devem circular normalmente. A Região Metropolitana do Recife conta com aproximadamente 24 mil rodoviários e, segundo o grupo opositor, 80% da categoria estão unidos contra o atual presidente do sindicato, Patrício Magalhães, há 33 anos no poder.

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