Passados 40
anos, impossível não trazer à baila mais que reminiscências daqueles dias que,
dentre outros eventos, testemunharam a “Primavera de Praga”, as manifestações
de estudantes parisienses pela derrubada de De Gaulle, os protestos americanos
antiguerra do Vietnã, os assassinatos de Martin Luther King e de Bob Kennedy e
o escancaramento da Ditadura Militar no Brasil, pela força do AI-5, editado
numa sexta-feira, 13 de dezembro.
Mas esse, por
assim dizer, desabrochar de rupturas, sejam políticas, sejam sociais, sejam
culturais, não se deu por obra e graça do mero acaso. Quem estuda aquele ano
tem como certo que o fato de ter sido em 1968, a primeira vez em que
os meios de comunicação interligaram o mundo, via satélite, foi de fundamental
importância para, quiçá, fazer daquele, se não o mais importante, pelo menos o
mais debatido do século 20, como bem lembrado pelo mesmo Zuenir Ventura, desta
feita no seu “1968 – O que fizemos de nós”.
O fato é que
depois dos acontecimentos de 1968, o mundo nunca mais foi o mesmo. Para James
Green, historiador da Universidade de Yale, não fossem os eventos de “68” , a geração formada a partir
dali e que hoje ocupa importantes cargos em universidades, governos, partidos
políticos, literatura e indústria do entretenimento não se sentiria tão
inspirada a devotar suas vidas e seus sonhos a mudanças radicais. Os nascidos
em 1968 têm mesmo do que se orgulhar, frutos que são de uma colheita que marcou
definitiva e indelevelmente a história do século 20 e, é claro, da própria
humanidade.
Quem se
surpreendeu com a ascensão de Barack Obama à presidência da maior potência
mundial é porque desconhecia o fato de que muitos dos apelos do pré-candidato
democrata à presidência dos EUA, nada mais eram que resgates dos desejos e
sonhos plantados em 1968, corporificados na superação das divisões raciais,
políticas e sociais, só que, como bem lembrado por Green, expressados em termos
patrióticos, sentimento que era rechaçado naqueles tempos rebeldes. Ou seja,
1968, realmente ainda não terminou e, pelo visto, perdurará para
sempre. Ufa!
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