Depois de estabelecido
o impasse, quando o candidato preferido de Luizianne Lins para sucedê-la
declinou do convite, o partido pediu tempo, fazendo circular a versão de que
realizaria “pesquisas” para decidir.
Pense uma bobagem. Se
o partido tivesse estabelecido uma pesquisa de opinião como critério de escolha,
a atual prefeita nunca teria tomado assento no Palácio do Bispo. Quem sabe faz a
hora...ora!
Não direi uma novidade
para os tuxauas petistas: na fase atual do processo, pesquisas na modalidade
“quantitativa” em geral oferecem indicativos precários para a dimensão do
problema que se pretende resolver.
Conseguem, quando
muito, definir o potencial dos prováveis candidatos somente para o início da
disputa. São indicações motivadas basicamente pelo recall (grau de conhecimento) e reação
geral à imagem consolidada.
No limite, ainda é
possível avançar um pouco mais, antecipando para o eleitor informações
adicionais que esclareçam o contexto político da candidatura. Coloca-se o
problema em maior perspectiva.
Explico. Isoladamente,
o nome de um candidato obterá um índice. Se a ele – Acrísio Sena, por exemplo –
for acrescentado que “apoia Luizianne Lins”, se obterá outro índice. A preço de
hoje, talvez piore um pouco.
Mas, se após a
informação, lhe for dito ainda que o candidato “tem o apoio do presidente Lula”,
será outro, o resultado – bem melhor, certamente. E se for informado de que
“também conta com o apoio de Cid Gomes”, como reagirá?
Para o arcebispado
petista, nada disso é novidade. Eles sabem que em meio a um quadro tão
indefinido, pesquisas de opinião são ferramentas válidas, mas precisam ser
colhidas com experimentadas reservas.
Fontes bem informadas
asseguram que, entre os petistas, o deputado federal Artur Bruno está melhor
posicionado que os demais em consultas recentes. Acredito. Mas não considero
este o melhor indicativo para apoiá-lo.
Se tiverem de
indicá-lo – e tomo também ele aqui apenas como exemplo – certamente o farão por
outras razões, relativas a atributos consolidados de sua trajetória política,
características pessoais e potencial agregador.
O mesmo cálculo
valeria para os demais. Nenhum alcança índice de popularidade para fazer deste
um aspecto determinante de escolha. Se fosse por aí, o nome para a aliança seria
Inácio Arruda. Sem chance.
Um “ficha limpa” com
boa história para contar, capaz de agregar forças e obter bom desempenho
público, e, ainda, que possa convencer a sociedade de que terá autonomia para
corrigir os rumos aonde for necessário: eis o cara.
Desconfio de que o
perfil acima defina melhor as expectativas do principal aliado, o governador Cid
Gomes, do que a vontade pessoal da prefeita – no último aspecto, sobretudo. E,
hoje, todo o impasse se resume a isso.
Para definir seu
candidato e agregar as forças políticas necessárias, o PT não precisa tanto de
pesquisas. Precisa definir um perfil e perceber, entre seus filiados, em qual
deles cairá melhor o corte.
Faz assim quem quer
vencer, mas sabe que pode perder. O nome disso? Tem gente que torce o nariz, mas
eu vou dizer: Marketing. Se
quiserem, os mais recatados podem chamar também de “estratégia eleitoral”. Dá no
mesmo.
Eleição só
termina quando acaba
Está em curso a
articulação de uma federação de forças partidárias que, separadas, apresentam
um padrão modesto de capilaridade social, mas que, unidas, certamente
influirão no resultado eleitoral.
Com o bom tempo de
televisão que a (até aqui apenas provável) aliança pode lhe oferecer, um
candidato conhecido e de bom perfil como, por exemplo, Heitor Férrer, não
entraria na disputa como figurante.
Há mais apupos de
torcida organizada do que bom senso nos comentários de quem despreza o
potencial da frente. É sempre bom lembrar que uma parcela do eleitorado de
Fortaleza não gosta de prato feito.
*Ricardo Alcântara é escritor e publicitário
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