'Ofereço a outra face a Ciro Gomes',
diz Marina
A presidenciável Marina Silva voltou a dizer que
"oferece a outra face" às críticas feitas à sua candidatura. Desta
vez, a candidata do PSB se referia ao ex-ministro Ciro Gomes (Pros) e seu
irmão, o governador do Ceará Cid Gomes (Pros), que a classificaram de
"reacionária" e uma "canoa furada". As declarações foram dadas neste sábado (13) na cidade de
Sobral (a 240 km de Fortaleza), o reduto político dos dois irmãos no Ceará. Cid
esteve à frente da administração municipal em dois mandatos (de 1996 a 2004), e
o atual prefeito da cidade, Veveu Arruda (PT), também faz parte do clã dos
Gomes.
Os "gatos pingados" que foram oferecer a outra face em Sobral
Questionada pela reportagem sobre os ataques dos irmãos,
Marina respondeu lembrando o aniversário do primeiro mês da morte de Eduardo
Campos, completados neste sábado. Campos foi vítima de um acidente aéreo que
matou outras seis pessoas no dia 13 de agosto, em Santos (SP).
"Quis Deus que de alguma forma no mês da morte de
Eduardo Campos nós tenhamos escolhido esse dia como um dia simbólico para fazer
uma nova forma de política. Em nome da memória de Eduardo, que inclusive foi
companheiro de Ciro Gomes, no mesmo partido, nesse dia eu quero oferecer a
outra face. A face do diálogo, a face do respeito, a face de quem acredita na
democracia", disse a candidata.
Na sexta-feira (12), em Fortaleza, Marina já havia feito
referência ao princípio cristão para dizer que não combateria a presidente
Dilma Rousseff "com suas armas". "Dilma, você fique ciente, não
vou te combater com as suas armas, vou te combater com a nossa verdade, com o
nosso respeito e com as nossas propostas", disse a ex-senadora, em ato
numa praça da capital cearense.
Agradecimento
Marina aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de
voto, tecnicamente empatada com Dilma. Segundo o Datafolha, a petista tem 36%
das intenções de voto ante 33% de Marina. Aécio Neves tem 15%.
"Vazio absoluto"
Em evento da presidente Dilma Rousseff no Estado, na semana
passada, o ex-ministro Ciro Gomes classificou a candidatura de Marina Silva
como um "vazio absoluto", além de afirmar que representava um
"moralismo difuso", assim como Collor, Jânio Quadros e como parte do
PT também representou no passado.
"Concretude"
Ciro também disse que faltava à ex-ministra do meio ambiente
"concretude" nas propostas apresentadas, principalmente em relação à
autonomia do Banco Central.
"Como ela explica publicamente defender a redução da
participação dos bancos estatais brasileiros no mercado de crédito? Quando
houve a crise de 2008, os bancos privados todos recuaram. Se o Banco do Brasil,
a Caixa Econômica, o BNDES, que são sensíveis a uma diretriz política, não
tivessem segurado, tínhamos ido para uma recessão pesada", disse.
"Reacionária"
Dois dias antes, Cid Gomes também havia discursado contra
Marina, chamando-a de "reacionária", "conservadora" e
"canoa furada".
O governador também afirmou que, caso eleita, Marina não
terminaria o mandato. "Não dou dois anos de governo para Marina. Ela será
deposta, pode escrever o que estou dizendo", disse.
Os irmãos Gomes integravam os quadros do PSB até setembro do
ano passado, quando romperam com o partido para permanecer na base de apoio do
governo Dilma.
Na ocasião, o PSB então capitaneado por Eduardo Campos
iniciava movimentação para lançar candidatura própria à Presidência. A família
Gomes migrou para o Pros e seguiu em defesa do governo do PT.
Outros partidos
No comício de Marina Silva também subiram ao palanque
candidatos a deputado do PSDB, que apoiam a eleição de Aécio Neves ao Planalto.
Segundo o Ibope, o tucano registra apenas 5% dos votos no
Ceará, enquanto Marina tem 25% da preferência no Estado. Dilma lidera as
pesquisas, com 56%.
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