Deputados que compõem a bancada federal cearense revelaram o descontentamento com a aprovação da segunda parte do ajuste fiscal, com a medida provisória 664, que endurece regras de concessão de benefícios previdenciários, como pensão por morte e auxílio-doença.
Dos 22 parlamentares, 15 votaram a favor, seguindo a orientação do governo, e outros seis disseram “não” ao texto apresentado pelo Executivo. A deputada Luizianne Lins (PT) foi a única representante da bancada cearense a não registrar voto na ocasião.
O deputado federal Chico Lopes (PCdoB), que votou favorável a medidas provisórias do ajuste fiscal, por indicação do seu partido, que é da base do governo federal, não esconde o constrangimento. “Votei constrangido em favor dessas medidas provisórias, porque foi a indicação do partido, tendo em vista que elas tiram direitos de quem tem e o bom seria que fosse o contrário, aumentassem direitos”, lamenta.
O parlamentar diz que não acha justo que direitos trabalhistas sejam retirados. Por outro lado, afirma que teve que votar a favor do governo, mesmo contrariado, para obedecer a orientação do partido. “Tem hora na vida em que a gente tem que dar um passo para trás para dar dois passos para frente. Vamos esperar que isso funcione”, reforça.
Lopes enfatizou que entende as críticas e reconhece que a atitude pode ter reflexos nas eleições para a renovação do mandato, em 2018. “Acho justo as pessoas que estão me criticando, mas, paciência. Eu tinha que fazer isso que o partido me obrigou. Tive que votar contra o trabalhador”, admitiu.
O deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB) reconhece a necessidade de ajustar as contas, mas questionada que a fatura seja paga, segundo afirma, apenas pelos trabalhadores. “Vamos fazer o ajuste, mas com o governo federal dando a sua total colaboração”, sugere.
Máquina
Conforme o parlamentar, o governo federal deveria diminuir os custos na máquina administrativa que, hoje, “pesa toneladas aos cofres públicos”. Raimundo Gomes de Matos ressalta que o “pacote de maldades” promovido pelo governo Dilma, através do ajuste fiscal, vai gerar mais desemprego no País.
“É inadmissível que o governo federal continue com 39 ministérios, com 140 estatais, 120 autarquias e 34 fundações, gastando dinheiro do povo brasileiro. É gasto um dinheiro exorbitante para manter a máquina funcionando”, reclamou.
O parlamentar diz ainda que, enquanto a presidente Dilma “não faz o dever de casa”, pede o sacrifício da população brasileira.
Massacre
O deputado Móses Rodrigues (PPS) também afirma que o Ajuste Fiscal “vem unicamente para massacrar a classe trabalhadora”. “A presidente Dilma Rousseff enviou para o Senado da República e Câmara Federal medidas que, realmente, são contra o trabalhador brasileiro que vai perder alguns direitos que lhes são muito importantes”, reforça.
O parlamentar criticou o PT, observando que “o Partido dos Trabalhadores está votando contra os direitos de quem deveria representar”. Ele ainda reclama que o governo federal não dá a sua contribuição no ajuste, que seria, segundo ressalta, cortar gastos “supérfluos”. “O PT tem, no governo federal, mais de 25 mil cargos comissionados e tudo isso continua sem nenhum corte”, critica.
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