sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

PRETO NO BRANCO, coluna publicada no jornal O ESTADO

                            O ENEM VEIO PRA FICAR
Julieta Brontée
         Há que se ter muito cuidado ao analisar o resultado do ENEM de 2015 para não se concluir, simplesmente, que a redução das médias das notas em três das áreas avaliadas significa, necessariamente, uma piora no nível do ensino médio. É que segundo alguns especialistas ouvidos pelos órgãos de imprensa, essa redução geral das médias, a exceção da média relativa a ciências humanas, pode se dever, perfeitamente, à participação daquelas pessoas que de há muito tempo estavam afastadas das bancadas escolares e que se viram estimuladas a tentar uma vaga nas universidades, via ENEM.
         O raciocínio faz todo sentido, ainda mais se observarmos que as médias caíram nas matérias que exigem atualização constante, mas subiu em ciências humanas, onde a cultura geral e uma base bem formada pesam a favor do candidato.
         No mais, chamou muito a atenção o fato de que várias vítimas de violência utilizaram suas próprias experiências para desenvolverem o tema da redação, que para o exame de 2015, abordou a violência contra a mulher. Tema, aliás, que foi elogiado por integrantes dos movimentos sociais e que levou à reprovação àqueles que manifestaram seu machismo em seus textos.
         Muito criticado quando de sua instituição, o Exame Nacional do Ensino Médio parece ter superado os entraves iniciais. E apesar das inúmeras polêmicas que o cercam a cada ano de sua aplicação, veio mesmo para ficar como meio mais eficaz de democratização do acesso não apenas às vagas em universidades, mas também aos  financiamentos públicos ao ensino superior.

                            CURTO CIRCUITO

Atraso eterno
         Nada contra o Poder Judiciário, merecedor de todo o nosso respeito, mas este, involuntariamente, termina prejudicando projetos dos mais sérios, como é o caso do Programa Ceará Pacífico, um dos preferidos do governador Camilo Santana. O problema é que, em conseqüência dos atrasos, gerados pelo eterno acúmulo de processos irresolutos, os trabalhos do projeto ficam prejudicados.
Trapalhões
              Há coisas que só poderiam acontecer no Brasil. É o caso de prefeitos que, alegando falta de recursos para saldar suas folhas de pagamento, partem para uma cafajestada sem precedentes, ou seja, os funcionários que desejarem permanecer empregados terão que trabalhar durante dois meses como “voluntários”, sem nada receber, como ocorre em Ubajara, no Planalto da Ibiapaba...
Ah! Brasil!...
            Uma das notícias mais cruéis, para quem deseja uma população vivendo residindo em locais com água encanada e tratamento de esgotos, isso só poderá ocorrer daqui a 38 aninhos. Isso, de acordo com estudo elaborado com a seriedade da Confederação Nacional de Indústria – CNI. Ou seja, até lá, milhões  de brasileiros continuarão  adoecendo e morrendo à falta de saneamento básico.
Conselhão prejudicado
         Na onda de azar em que se encontra o país, até idéias boas para o país terminam prejudicadas em conseqüência da politicagem. O Conselhão da República, inspirados nos antigos Conselhos de Anciãos, que poderia ajudara melhorar a gestão do país, termina perdendo a credibilidade. O problema: os membros da instituição são escolhidos “a ponta de dedo” pelo Planalto. Assim, não vai!...
Bom, mas...
             O DENATRAN e os DETRANs terminaram ganhando a briga pela instalação dos equipamentos de simulação para  treinamento e aprovação de futuros motoristas, assim como para motoristas imprudentes. Mas a coisa não fica por aí. Vários deputados federais e estaduais entendem que tem “coisa” nessa história. Indagam, por exemplo, quem vai “encher as burras” fabricando este caro equipamento...
Olha eles aí!
             Para vários deputados federais do Ceará, as autoridades estão na obrigação de fazer de tudo para impedir a ampliação das atividades dos bandidos da odiento “black-block. Essas chusmas de desordeiros, fantasiados de manifestantes, voltam a perturbar e emporcalhar as movimentações do povo em defesa dos seus direitos. Como à época das manifestações durante a Copa, eles retornam com a mesma fúria.
Despreocupação
            Para o famigerado “fabricante de partidos”, ministro Gilberto Kassab, a quebradeira que assola os partidos, agora sem os rios de dinheiro das empresas, não representa a pior desgraça. Ele tranqüiliza dirigentes partidários, afirmando que a “liseira” atinge igualmente todos os partidos, sejam grandes ou  pequenos, governistas, ou de oposição. Ou seja, adeus a projetos milionários nas rádios e TVs.
Sem jeito

             Para o deputado Genecias Noronha (SDD), qualquer tentativa de algum político, para promover mais uma “marcha” de prefeitos sobre Brasília, deve ser interpretada como exercício de pura demagogia facilmente “manjável”. Isso porque, como é do conhecimento público, o governo federal não tem mesmo o que oferecer e, o que é pior, os próprios prefeitos não têm de onde tirar grana para a viagem.

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