quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A chuva cai em cântaros, mas, ninguém se engane, a previsões da Funceme é de mais um ano de seca

Funceme: Ceará deve entrar no 5o ano de seca

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgou, na manhã de ontem, que o Ceará tem 65% de chance de ter a quadra chuvosa abaixo da média histórica, em 2016. Se confirmado, o Ceará entrará no maior ciclo de seca desde 1910, de cinco anos. Outro ciclo longo de seca registrado pela Funceme ocorreu no período entre 1979 e 1983.
Ainda de acordo com a Funceme, o Estado tem 10% de probabilidade de chuva acima da média e 25% em torno da média para fevereiro, março e abril deste ano. O presidente da Fuceme, Eduardo Sávio, explicou que um padrão de anomalias positivas de temperatura da superfície do mar (TSM) indica condição de El Niño de forte intensidade no trimestre de fevereiro a abril de 2016. Além disso, contribuem para o fenômeno os padrões dos ventos em baixos níveis, da precipitação em várias áreas do globo e da circulação geral da atmosfera.
“O cenário mais provável é que iremos enfrentar o quinto ano de seca, embora exista possibilidades menores das outras duas categorias, em torno da média e acima da média. No entanto, o cenário mais provável com 65% de chances, de acordo com as análises que fizemos, é o abaixo da média”, enfatizou o presidente da Fuceme.
Neste mês, as condições atmosféricas facilitaram a ocorrência de vórtices ciclônicos de altos níveis (VCAN), fenômeno típico da pré-estação chuvosa, e trouxeram chuvas para o Ceará. “Os sistemas, que estão atuando no momento, são intermitentes, em geral associados a córtices ciclônicos e frentes que vêm do Sudeste, provocando essas chuvas intensas que nós estamos vendo no presente momento no Ceará. Nos próximos três dias, nós temos previsão de chuva em todas as regiões do Estado, com nebulosidade variada. Esse tipo de sistema pode atuar até meados de fevereiro”, disse Sávio.
Uma das principais causas de baixa probabilidade de chover acima da média decorre da persistência do fenômeno climático El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e dificulta a existência de chuvas no Nordeste.
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No ano de 1982, o fenômeno El Niño também provocou um aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, dificultando a formação de nuvens de chuva. Após atingir o pico máximo, o declínio do fenômeno foi lento naquele ano e estendeu a estiagem até 1983.
A tendência, explicou Eduardo Sávio, é que o mesmo aconteça agora. O pico do El Niño foi registrado em dezembro de 2015, e não se sabe como ele vai se comportar em 2016. “O processo de resfriamento de um grande reservatório como o Oceano Pacífico, é lento”, apontou o presidente da Funceme.
Prognóstico
Comparado ao ano de 2015, o prognóstico deste início de ano é ainda pior. Para 2015, o prognóstico foi de 64% de chuvas abaixo da média. De janeiro a maio do ano passado, as chuvas ficaram 30% abaixo da média no Estado. A região jaguaribana foi a mais prejudicada, com 42% de chuva a menos, seguida do Sertão Central e Inhamuns (-37,5%) e região da Ibiapaba (-32%). Os prejuízos foram menores no litoral de Fortaleza (-9,2%), do Pecém (-11,9%) e litoral norte (-14,8%).
De acordo com o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, o Governo irá intensificar as ações de enfrentamento a estiagem. “As ações serão intensificadas. O Governador determinou, e nós já estamos concluindo os contratos de uma ata de registro de preço para comprar máquinas perfuratrizes para distribuir com consócios municipais, no sentindo de termos mais capacidade de construirmos poços com maior velocidade”.
Além disso, Teixeira afirmou que, somente em 2015, o Governo construiu mais de 1.100 poços em áreas urbanas e rurais, e está em fase de conclusão de 200 quilômetros de adutoras de montagem rápida. “Então, é manter e acelerar as ações que já vem sendo feitas. O primeiro semestre, mesmo com as previsões de chuva abaixo da média, chove alguma coisa e a pouca chuva, embora não cause aporte relevante aos reservatórios, mantém alguma água nos rios e riachos que atende as populações, e a gente economiza o pouco que tem nos reservatórios”, destacou o secretário.

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