segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Recfe: Ponto turístico em risco de desaparecer

Aterro na praia de Boa Viagem poderá encobrir barreira de corais que é marca do Recife no Turismo

CORIAS DE BOA VIAGEM 00
CORIAS DE BOA VIAGEM 00
CORIAS DE BOA VIAGEM 00
Vem aí mais uma polêmica sobre uma das obras de grande porte na gestão do prefeito Geraldo Júlio. A que se refere a engorda da praia de Boa Viagem no trecho entre o Hospital da Aeronáutica, na divisa com Jaboatão dos Guararapes, e o antigo Castelinho num trecho de aproximadamente dois quilômetros e que sofre com o avanço do mar.
Tudo começou em 2013 quando, após ter ajudado o prefeito Elias Gomes a fazer a engorda de um trecho de quatro quilômetros entre Piedade e Candeias, o então ministro da Integração e hoje senador, Fernando Bezerra Coelho, ofereceu a mesma solução ao prefeito do Recife Geraldo Júlio que topou na hora.
O município de Recife gasta, por ano, R$ 1,8 milhão para a manutenção de um trecho onde o mar avançou e onde foi colocado um enrocamento cujo diferencial é manter uma faixa de areia protegida por uma barreira de pedras que sai do nível da avenida Boa Viagem até o da praia.
Essa barreira é protegida por uma manta submersa na caixa que deixa a água do mar passar, mas impede que areia volte para o oceano. O sistema é um sucesso e cidades como Natal (RN) que também sofrem com isso adotou o mesmo formato para a praia de Ponta Negra um de seus cartões postais.


O problema é que esse sistema exige manutenção e é quase como enxugar gelo pois apenas mantém a faixa de areia do choque das ondas.  Funciona embora toda semana uma equipe tenha que refazer o alinhamento das pedras sobre a caixa de areia.
Fernando Bezerra Coelho saiu do ministério, mas deixou o projeto do Recife encaminhado. Agora, já no segundo governo Dilma Rousseff, a obra andou e está em fase de análise do edital cujo texto deve ser lançado em breve.
Só que ninguém conhece os detalhes e o que ele pode alterar na paisagem de Boa Viagem além da engorda praia. Especialmente numa cidade com o Recife cujo próprio nome vem de sua conhecida barreira de arrecifes de corais que sai do Porto Recife e vai terminar exatamente na praia de Boa Viagem.
Se a tecnologia, ou o modelo de solução hidráulica for o mesmo de Jaboatão dos Guararapes boa parte dos corais vai simplesmente ser encoberta pelo aterro e aí é que vão começar os debates.
Hoje o enrocamento vai de um nível zero – no Hospital da Aeronáutica ao Edifício Espanha – mas tem ondulação que chega a seis metros na frente do Hotel Atlante Plaza e no antigo Hotel Boa Viagem. Um aterro hidráulico vai encobrir toda barreira de corais existente no trecho.
Dito de outra forma: Ou se mantém a barreira de corais ou se aterra ela ampliando a faixa de areia deixando um trecho novo de mar aberto. É trocar uma faixa de pouco mais de 50 metros, na maré baixa e com menos de cinco na caixa de área depois das pedras, mas com os corais,  por uma nova praia com mais de 300 metros que cobriria a barreira de pedras naturais.

Entretanto, tem um outro aspecto que tem a ver com a característica de Recife. O ataque de tubarões. Uma nova praia com o mar aberto abre o espaço para contato maior desses peixes com os banhistas pois a faixa de areia terá adentrando 300 metros mais no mar.
Esses problemas serão levantados assim que for publicado o edital para contratação da empresa que fará esse aterro. O maior risco, porém, é se esse aterro chegar para a região depois do antigo Castelinho.
É nesse trecho que estão os corais que emolduram toda imagem do Recife como lugar de águas tépidas e mornas. Esses corais estarão a menos de 500 metros do nível zero do enrocamento atual. Isso vai exigir um cuidado especial no projeto de aterro hidráulico pois se o aterro se espalhar muito também vai cobrir a barreira de corais que funciona como piscinas naturais e é um dos nossos ícones do turismo em Boa Viagem.
Imagina o que os ecologistas vão dizer?
Fonte: JC Negócios

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