Aterro na praia de Boa Viagem poderá encobrir barreira de corais que é marca do Recife no Turismo
Vem aí mais uma polêmica sobre uma das obras de grande porte na gestão do prefeito Geraldo Júlio. A que se refere a engorda da praia de Boa Viagem no trecho entre o Hospital da Aeronáutica, na divisa com Jaboatão dos Guararapes, e o antigo Castelinho num trecho de aproximadamente dois quilômetros e que sofre com o avanço do mar.
Tudo começou em 2013 quando, após ter ajudado o prefeito Elias Gomes a fazer a engorda de um trecho de quatro quilômetros entre Piedade e Candeias, o então ministro da Integração e hoje senador, Fernando Bezerra Coelho, ofereceu a mesma solução ao prefeito do Recife Geraldo Júlio que topou na hora.
O município de Recife gasta, por ano, R$ 1,8 milhão para a manutenção de um trecho onde o mar avançou e onde foi colocado um enrocamento cujo diferencial é manter uma faixa de areia protegida por uma barreira de pedras que sai do nível da avenida Boa Viagem até o da praia.
Essa barreira é protegida por uma manta submersa na caixa que deixa a água do mar passar, mas impede que areia volte para o oceano. O sistema é um sucesso e cidades como Natal (RN) que também sofrem com isso adotou o mesmo formato para a praia de Ponta Negra um de seus cartões postais.
O problema é que esse sistema exige manutenção e é quase como enxugar gelo pois apenas mantém a faixa de areia do choque das ondas. Funciona embora toda semana uma equipe tenha que refazer o alinhamento das pedras sobre a caixa de areia.
Fernando Bezerra Coelho saiu do ministério, mas deixou o projeto do Recife encaminhado. Agora, já no segundo governo Dilma Rousseff, a obra andou e está em fase de análise do edital cujo texto deve ser lançado em breve.
Só que ninguém conhece os detalhes e o que ele pode alterar na paisagem de Boa Viagem além da engorda praia. Especialmente numa cidade com o Recife cujo próprio nome vem de sua conhecida barreira de arrecifes de corais que sai do Porto Recife e vai terminar exatamente na praia de Boa Viagem.
Se a tecnologia, ou o modelo de solução hidráulica for o mesmo de Jaboatão dos Guararapes boa parte dos corais vai simplesmente ser encoberta pelo aterro e aí é que vão começar os debates.
Hoje o enrocamento vai de um nível zero – no Hospital da Aeronáutica ao Edifício Espanha – mas tem ondulação que chega a seis metros na frente do Hotel Atlante Plaza e no antigo Hotel Boa Viagem. Um aterro hidráulico vai encobrir toda barreira de corais existente no trecho.
Dito de outra forma: Ou se mantém a barreira de corais ou se aterra ela ampliando a faixa de areia deixando um trecho novo de mar aberto. É trocar uma faixa de pouco mais de 50 metros, na maré baixa e com menos de cinco na caixa de área depois das pedras, mas com os corais, por uma nova praia com mais de 300 metros que cobriria a barreira de pedras naturais.
Entretanto, tem um outro aspecto que tem a ver com a característica de Recife. O ataque de tubarões. Uma nova praia com o mar aberto abre o espaço para contato maior desses peixes com os banhistas pois a faixa de areia terá adentrando 300 metros mais no mar.
Esses problemas serão levantados assim que for publicado o edital para contratação da empresa que fará esse aterro. O maior risco, porém, é se esse aterro chegar para a região depois do antigo Castelinho.
É nesse trecho que estão os corais que emolduram toda imagem do Recife como lugar de águas tépidas e mornas. Esses corais estarão a menos de 500 metros do nível zero do enrocamento atual. Isso vai exigir um cuidado especial no projeto de aterro hidráulico pois se o aterro se espalhar muito também vai cobrir a barreira de corais que funciona como piscinas naturais e é um dos nossos ícones do turismo em Boa Viagem.
Imagina o que os ecologistas vão dizer?
Fonte: JC Negócios
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