sábado, 2 de janeiro de 2016

Réu confesso

Agente penitenciário diz ter assassinado modelo


O agente penitenciário Renilson Garcia Araújo Lima, 27, foi preso, na madrugada de ontem, acusado de matar o modelo Johnny Moura Melo, 22, com um tiro na cabeça, no último domingo (27). De acordo com a delegada que presidiu o inquérito e diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Socorro Portela, Renilson foi preso em casa, no bairro Antônio Bezerra. A informação foi repassada durante coletiva de imprensa realizada, na manhã de ontem, na sede da DHPP.
Delegada Socorro Portela
A delegada explicou que o depoimento de um segurança que estava na festa foi decisivo para chegar até o autor do crime. “O segurança disse que, na hora que o Johnny deu um murro no Renilson, que caiu no chão, e se aproximou para levantá-lo, viu que ele portava um documento funcional com um brasão que parecia ser de policial. Com essa informação, solicitamos informações mais específicas de quem estava na festa e acabamos chegando ao nome do Renilson.
Com a Coordenação do Sistema Penitenciário (Cosipe), conseguimos o endereço dele e, ao chegarmos lá, Renilson estava entrando no carro com o irmão quando me avistou. Nessa hora, Renilson voltou correndo para dentro de casa, e o pai dele, que é escrivão da Polícia Civil, foi falar comigo dizendo que o filho iria se apresentar”, relatou Socorro Portela.
Socorro considera o caso do modelo concluído. Segundo a delegada, faltam apenas alguns detalhes como confirmar se a arma encontrada com o suspeito é a mesma usada no crime. Outras linhas de investigação também foram descartadas. O agente penitenciário foi reconhecido pelas testemunhas.
Segundo a delegada, o autor do disparo foi o mesmo que se envolveu na briga com Johnny minutos antes do crime, descartando a versão de que o homem que teria atirado seria amigo do que foi agredido pela vítima. “Muitos boatos foram divulgados nas redes sociais. Foram especulações e informações falsas que, por pouco, não atrapalharam o andamento das investigações”, contou. Dentre as provas que comprovam que Renilson foi agredido por Johnny, estão as lesões no rosto. “Ele tem uma lesão na boca, no lábio inferior e um corte na gengiva”, afirmou.
Confissão
Na delegacia, Renilson confessou a autoria do disparo e disse estar arrependido. “Ele pediu desculpa à família da vítima, falou que não teve a intenção de matar Johnny e estava chorando muito”, contou a delegada. No depoimento, o agente penitenciário afirmou à diretora da DHPP que atirou em Johnny por achar que o modelo teria abaixado o vidro do carro para continuar a briga. “Ele contou que após a confusão, saiu a procura do seu carro com a namorada e a cunhada. Distanciou-se delas e, quando estava andando, viu Johnny dentro do carro e achou que ele sairia do veículo para novamente agredi-lo. Renilson disse que, nesse momento, efetuou o disparo, mas sem intenção de acertar o Johnny. Ele disse que depois do disparo tirou a camisa e saiu correndo”, relatou Socorro.
Após atirar no modelo, Renilson teria deixado o local em um Honda Civic, e não em um Volvo preto, como apontaram inicialmente algumas testemunhas.
Prisão
Renilson foi preso em flagrante e autuado pelo crime de homicídio qualificado. A pena varia de 12 a 30 anos de detenção. O suspeito é agente penitenciário desde 2013, na Casa de Privação Provisória de Liberdade Desembargador Francisco Adalberto de Oliveira Barros Leal, mais conhecida como Carrapicho, em Caucaia. Ele não tem antecedentes criminais.
A arma do crime, uma pistola calibre 380, foi encontrada na casa de Renilson e será encaminhada para a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), bem como imagens e fotos captadas no dia do crime. Renilson contou à delegada que passou por uma revista na entrada do evento. “Ele conseguiu entrar armado e ficou toda a festa com uma pistola na cintura”, detalhou a diretora da DHPP.
Em nota, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus) afirmou que está acompanhando e colaborando com as investigações que apuram a morte do modelo. “A Sejus informa também que o agente não possui em seu histórico nenhum ato que desabonasse sua conduta profissional. O caso deverá ser investigado pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (CGD), que deverá apurar criminal e administrativamente o caso. A Sejus informa que, a fim de garantir a integridade física do acusado, ele foi encaminhado ao Hospital Penal e Sanatório Penal Professor Otávio Lobo”.
O crime
Johnny Moura foi morto com um tiro na cabeça, quando saía de um evento de música eletrônica, no bairro Dunas, em Fortaleza. “O crime aconteceu por volta das 5h30min, quando ele estava saindo com a namorada da festa. Outro rapaz fez uma “gracinha” com a namorada dele, e ele revidou dando um murro no homem. Aí, começou a confusão. Alguns seguranças e amigos chegaram e apartaram a briga. Depois o Johnny entrou no carro com a namorada e duas amigas. Quando a namorada estava dando a ré, o Johnny baixou um pouquinho o vidro e, nessa hora, chegou o suspeito que puxou a cabeça dele e efetuou um único disparo. Ele morreu a caminho do Hospital Instituto Doutor José Frota”, contou a delegada.
Enterro
O velório do modelo aconteceu na manhã de segunda-feira (28), no Cemitério São João Batista, no Centro. A missa de corpo presente aconteceu por volta das 10 horas e o enterro, em seguida, às 11 horas. Emoção e revolta marcaram o momento de despedida, que reuniu centenas de familiares e amigos.

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