'Estado assumiu o controle total das unidades prisionais' no Ceará, diz
secretário Mauro Albuquerque
Secretário da Administração Penitenciária cita 'arrocho' contra presos
que comandavam crimes de dentro de presídios, ordem para que internos estudem e
trabalhem e corte de 'regalias' nas unidades cearenses.
Por G1 CE
Estado empregou disciplina mais rígida para tentar controlar o sistema
penitenciário — Foto: Natinho Rodrigues/G1
O Ceará é o estado que mais reduziu o número de homicídios no
país neste ano e parte dessa queda ocorreu devido ao controle das unidades
prisionais no estado e tratamento de internos com maior rigor, conforme
avaliação do secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque. Ele
assumiu a pasta em 1º de janeiro deste ano, criada na segunda gestão do
governador Camilo Santana.
No mesmo dia da nomeação de Mauro
para o cargo, facções criminosas tradicionalmente rivais se uniram e realizaram
uma série de ataques contra veículos nas ruas e prédios públicos.
Criminosos usaram ainda explosivos em pontes e torres de energia.
Com uma reação do estado que prendeu
460 pessoas, maior controle da entrada de celulares nos presídios e um
"arrocho" nos presidiários, o secretário afirma que atualmente o
Estado tem "controle total das unidades prisionais".
Em 2017, quando o Ceará teve um ano
com recorde de homicídios, com mais de 5 mil pessoas
assassinadas, a maior parte das ordens de crimes partia de dentro dos
presídios, conforme o secretário da Segurança, André Costa. Uma das medidas
adotadas por Mauro neste ano foi tornar mais rigorosa a fiscalização para
coibir o uso de celulares por presídios.
"Nós tiramos 6 mil celulares das
unidades, 2.700 em janeiro, 1.600 em fevereiro e 700 em março. O último agora
foram 29 celulares tentando entrar. Não é que não tenha celular, diminuiu
bastante, e a ideia é zerar", diz.
'Arrocho' no
sistema penitenciário
Em Fortaleza, ônibus foi queimado em local próximo à oficina que
realizava manutenção de peças — Foto: Rafaela Duarte/SVM
Ainda conforme Mauro Albuquerque, as
ondas de ataques em janeiro e em setembro no Ceará, cujas ordens de crimes
partiram de presidiários, fez com ele adotasse medidas ainda mais rigorosas nas
unidades prisionais.
"Quanto mais atacavam na rua,
mais eu arrochava dentro do sistema. Trabalho, enfrentamento, eles estavam
tentando intimidar e tiveram o efeito contrário. Já são ações que eu já
conhecia. O Ceará sempre foi atacado por facções quando frustravam as regalias
deles."
Ele afirma que o "arrocho"
ocorre dentro da lei e nega denúncias de torturas feitas por presos ou familiares dos apenados.
Entre as medidas adotadas por Mauro Albuquerque para tornar mais rigorosa a
fiscalização estão:
Líderes de facções em presídios do Ceará são transferidos para evitar
conflitos entre grupos — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
·
Retirada de tomadas nas celas (usadas por criminosos para carregar
celulares);
·
Retirada de aparelhos de TV dos presídios;
·
Fechamento de unidades no interior sem estrutura adequada onde fugas
eram frequentes;
·
Determinar que presos trabalhem e estudem nos presídios;
·
Mais rigor na fiscalização de visitas para evitar que elas entreguem
material ilícito aos internos;
·
acabar com divisão de facção nas unidades prisionais (antes, cada
unidade prisional tinha presos de uma única facção).
Trabalho e leitura
nos presídios
Ele afirma ainda que atualmente
faltam livros para atender a demanda dos internos, que passaram a ler mais com
projetos de educação nos presídios. Eles recebem também aulas de qualificação
profissional.
"Se ele [presidiário] for
colocado hoje na rua, ele já sai na vantagem por ter uma boa escola. Eu estou
diminuindo custo par ao sistema. Está remindo a pena [com leitura e projetos
profissionalizantes]. Se ele trabalhar direitinho, vai ganhar um terço dentro
do sistema. Hoje tem 5 mil presos lendo livros dentro da cela. Só não temos
mais porque estamos aguardando mais livros. Se tivesse 15 mil [livros[ teria 15
mil presos lendo. Porque hoje não tem televisão [nas celas]. Se tivesse
televisão, ninguém conseguiria ler dentro da cela."
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