Se a nova lei for cumprida, cada Clássico-Rei da semifinal do Cearense deverá demorar alguns dias para acabar ou terá as torcidas praticamente caladas. Em resolução publicada ontem em seu site oficial, a Federação Cearense de Futebol (FCF) proíbe, entre outras condutas, “atos ou cânticos discriminatórios” e “faixas ou cartazes que incitem a violência”. Além disso, ficam vetados os raios lasers apontados contra jogadores e árbitros e a utilização de sinalizadores e “artefatos pirotécnicos”, como fogos de artifício.
Tá valendo
A resolução, assinada pelo presidente da FCF Mauro Carmélio, começa a valer já nesta quinta-feira, com vistas às semifinais do Campeonato Cearense. Todas as condutas definidas pela FCF já era proibidas por outros acordos, como o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em abril de 2012 por várias facções organizadas de Ceará e Fortaleza. A grande novidade encontra-se na repressão: agora, os árbitros estão orientados a paralisar as partidas quando identificarem desrespeito às proibições.
Início e reinício dos jogos não podem ser atrasados, mas, por outro lado, a Federação não estipula tempo máximo de paralisação.
O que diz o torcedor
Os torcedores dividem-se nas opiniões sobre as novas regras. Para o advogado Márcio Aguiar, a decisão é importante, pois dá exemplo e contribui com a diminuição da violência na sociedade. “É interessante, principalmente quanto às manifestações racistas e discriminatórias. É uma medida que vem do futebol e repercute na sociedade.
Acho que o futebol é uma instância importante para formação de cultura. Então, se é reproduzida uma cultura antirracista, anti-homofóbica, é bom. A iniciativa não resolve sozinha, mas é importante”, frisa Márcio, de 35 anos, que torce para o Ceará nos estádios há, pelo menos, 25. “Só temo que [a medida] possa ser usada para cercear a liberdade de expressão, porque a interpretação nunca é objetiva.
Por exemplo, o futebol não pode proibir algo que nem o Estado proíbe, como as manifestações políticas. Não podemos ser paranoicos”, completa.
O também advogado Walber Nogueira, 37, torce para o Fortaleza há 20 anos no estádio e pensa diferente: “São medidas sem sentido.
O que é ofensivo
Sinalizador e laser não são problemas dos nossos estádios. Quanto aos cânticos, muito legal a ideia, mas quem define o que é ofensivo? Como você proíbe 10 mil pessoas de fazer uma coisa? O caminho para diminuir a violência não é esse. Determinadas medidas repressivas não levam a nada porque não têm como ser implementadas ou fiscalizadas”.
O professor Homero Ribeiro, 26, torce para o Icasa há 20 anos no Romeirão e segue linha parecida com a de Walber. “Acho que não tem como proibir os cânticos. São manifestações das torcidas, da rivalidade em si. Sim, são repugnantes, mas não dá para o árbitro exercer esse papel de paralisar o jogo. Fica muito subjetivo. E se quiser paralisar a partida por 20 minutos por protestos contra ele? Acho que a FCF pode dar a punição depois, por mando de campo ou multando o próprio clube”.
Torcidas suspensas
Resolução foi publicada um dia depois da suspensão e do bloqueio de contas de três organizadas da capital pela Justiça Estadual. O Ministério Público pede as dissoluções da TUF (foto), da Cearamor e da Jovem Garra Tricolor (JGT). Na última terça-feira, a operação Campo Limpo, realizada pelo MP-CE, apreendeu um revolver de calibre 38, munições, computadores, pendrives, celulares, máquinas fotográficas e documentos. A Justiça investiga possíveis ligações entre torcidas e tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes.
(Com informações de O ESTADO)
A resolução, assinada pelo presidente da FCF Mauro Carmélio, começa a valer já nesta quinta-feira, com vistas às semifinais do Campeonato Cearense. Todas as condutas definidas pela FCF já era proibidas por outros acordos, como o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em abril de 2012 por várias facções organizadas de Ceará e Fortaleza. A grande novidade encontra-se na repressão: agora, os árbitros estão orientados a paralisar as partidas quando identificarem desrespeito às proibições.
Início e reinício dos jogos não podem ser atrasados, mas, por outro lado, a Federação não estipula tempo máximo de paralisação.
O que diz o torcedor
Os torcedores dividem-se nas opiniões sobre as novas regras. Para o advogado Márcio Aguiar, a decisão é importante, pois dá exemplo e contribui com a diminuição da violência na sociedade. “É interessante, principalmente quanto às manifestações racistas e discriminatórias. É uma medida que vem do futebol e repercute na sociedade.
Acho que o futebol é uma instância importante para formação de cultura. Então, se é reproduzida uma cultura antirracista, anti-homofóbica, é bom. A iniciativa não resolve sozinha, mas é importante”, frisa Márcio, de 35 anos, que torce para o Ceará nos estádios há, pelo menos, 25. “Só temo que [a medida] possa ser usada para cercear a liberdade de expressão, porque a interpretação nunca é objetiva.
Por exemplo, o futebol não pode proibir algo que nem o Estado proíbe, como as manifestações políticas. Não podemos ser paranoicos”, completa.
O também advogado Walber Nogueira, 37, torce para o Fortaleza há 20 anos no estádio e pensa diferente: “São medidas sem sentido.
O que é ofensivo
Sinalizador e laser não são problemas dos nossos estádios. Quanto aos cânticos, muito legal a ideia, mas quem define o que é ofensivo? Como você proíbe 10 mil pessoas de fazer uma coisa? O caminho para diminuir a violência não é esse. Determinadas medidas repressivas não levam a nada porque não têm como ser implementadas ou fiscalizadas”.
O professor Homero Ribeiro, 26, torce para o Icasa há 20 anos no Romeirão e segue linha parecida com a de Walber. “Acho que não tem como proibir os cânticos. São manifestações das torcidas, da rivalidade em si. Sim, são repugnantes, mas não dá para o árbitro exercer esse papel de paralisar o jogo. Fica muito subjetivo. E se quiser paralisar a partida por 20 minutos por protestos contra ele? Acho que a FCF pode dar a punição depois, por mando de campo ou multando o próprio clube”.
Torcidas suspensas
Resolução foi publicada um dia depois da suspensão e do bloqueio de contas de três organizadas da capital pela Justiça Estadual. O Ministério Público pede as dissoluções da TUF (foto), da Cearamor e da Jovem Garra Tricolor (JGT). Na última terça-feira, a operação Campo Limpo, realizada pelo MP-CE, apreendeu um revolver de calibre 38, munições, computadores, pendrives, celulares, máquinas fotográficas e documentos. A Justiça investiga possíveis ligações entre torcidas e tráfico de drogas, formação de quadrilha e outros crimes.
(Com informações de O ESTADO)
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