Durante essa semana, o bispo Fernando Panico esteve desaparecido, certamente constrangido depois do protesto do povo de Crato, no sábado passado, chamando-o de mentiroso e gritando “Fora Dom Panico” . Não há informação oficial da Diocese, cujos assessores estão fazendo barreira de proteção. O site da Diocese de Crato, que ficou fora do ar na primeira semana de agosto por falta de pagamento, não tem nenhuma novidade, sendo sua última notícia ainda do dia 30 de julho sobre “Pastoral da Sobriedade”, exatamente o que anda faltando muito na cúria da Diocese. Mas consta que o bispo passou essa semana em Fortaleza queixando-se ao arcebispo Antonio Tosi de que está sendo ameaçado de morte por agiotas do Cariri. Ora, se isso for verdade, o bispo Fernando Panico entrou em estado de pânico e está confessando o crime, pois se os agiotas estão lhe fazendo ameaças é porque ele não pagou dívidas feitas com os agiotas. Mas seu sumiço não diminuiu a tensão na Diocese. Na última quarta-feira(21), o jornal Gazeta de Notícias, do Juazeiro do Norte, trouxe esta informação:”O Ministério Público acatou denúncia de formação de quadrilha e agiotagem na Diocese de Crato visto que os desmandos envolvem os padres: Francisco Edmilson Necves Ferreira, cura da Sé da Catedral de Crato; pároco da igreja Nossa Senhora de Fátima, José Vicente; ecônomo da Diocese de Crato, Joaquim Ivo Alves dos Santos; e o diácono membro do Conselho Econômico da Diocese, Vicente de Paulo, todos obedientes ao bispo diocesano Fernando Panico”. Agiotagem é crime pela Lei 1.521, de 16/12/1951 e a pena é detenção de seis meses a dois anos..Quem descobriu o envolvimento do bispo com agiotas foram os próprios moradores de Crato, inquilinos há muitos anos de casas pertencentes à Diocese. Chocados, eles foram ao cartório de Crato onde constataram que as casas que ocupam foram vendidas pelo bispo e, segundo se informaram, para agiotas, por preços irrisórios, como pagamento de dívidas. Quem primeiro fez a denúncia foi um dos inquilinos da Diocese há quase 40 anos, Carlos Pedro, numa entrevista, no dia 14 de agosto, á Rádio Tempo do Juazeiro, logo depois de oJuanorte ter anunciado, no dia 11 de agosto: “Bispo de Crato derrotado em ação por terreno no Juazeiro” . Na entrevista à emissora do Juazeiro, Carlos Pedro afirmou: “Nós tomamos conhecimento que nossas casas estão vendidas. Eu moro na Carolina Sucupira 551, há 37 anos, tem um vizinho meu que tem mais de 50 anos de morada nessas casas. Fomos tomados de surpresa com essa noticia. Então, orientados, fomos ao Cartório Geraldo Lobo. Lá solicitamos o que é de direito de qualquer cidadão, a compra da casa em que moramos. Foi, então, constatada realmente a venda... Nós temos direito de compra, isso é uma lei sagrada, não fomos participados em nada, foi tudo feito por baixo dos panos, estourou essa bomba agora...”. A lei a que se refere o denunciante é a Lei 8245/91 alterada pela Lei 12.112, de 2009: “Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente”. Segundo Carlos Pedro, dizem-lhe que “a Diocese fez dívidas com agiotas e os agiotas pediram como garantia essas casas e agora estão cobrando as casas da Diocese”. Mais de 50 famílias estão na mesma situação dele, em desespero. O denunciante acrescenta um agravante: “Casas que têm valor de cerca de R$300 mil reais estão sendo vendidas pela módica quantia de R$50 ou R$ 60 mil”. Ele próprio confessa a sua frustração por não ter sido procurado para comprar a casa onde mora há 37 anos: “Várias vezes tentei comprá-la inclusive não tem nem três ou quatro meses que eu botei R$280 mil na casa. Mas elas já estavam vendidas, já estavam vendidas. Quer dizer, por isso não me venderam né?! Fiz várias tentativas, não só eu como todo mundo da Diocese, mas não nos procuraram pra a gente comprar com direito real”. Essa denúncia despertou muita atenção no Juazeiro porque, consta que no ano passado o bispo Fernando Panico vendeu vários imóveis da Paróquia Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, e com “negociatas” semelhantes. Dizem que imóvel no valor de R$ 500 mil na Rua São Pedro chegou a ser vendido por R$ 80 mil. Mesmo assim, as “negociatas” teriam chegado ao valor de R$ 1.5 milhão. Juazeiro ficou sem saber as razões dessas vendas, mas, depois desse escândalo em Crato, está todo mundo convencido de que foram transferências de bens para agiotas como pagamento de dívidas. Entretanto, algumas perguntas ainda estão sem respostas: Onde o bispo está aplicando todo o dinheiro que há muito tempo leva do Juazeiro doado pelos fiéis e romeiros às igrejas Basílica de Nossa Senhora das Dores e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro? Será que a indenização que o bispo queria de R$ 18 milhões na ação que perdeu na Justiça para o empresário Francisco Pereira, na tentativa de se apossar de terreno no Juazeiro que nunca pertenceu á Diocese de Crato, era também para pagar agiotas? E o que fez o bispo com tanto dinheiro que tomou emprestado aos agiotas que estão cobrando as dívidas e recebendo casas da Diocese como pagamento? Onde foi aplicado esse dinheiro além de sua Hilux de luxo? E agora está para surgir mais um complicador. Se as 50 famílias de Crato prejudicadas resolverem entrar coletivamente na Justiça, pedindo anulação das vendas feitas pelo bispo Fernando Panico aos agiotas, vai sobrar ainda mais para o bispo porque os agiotas não brincam, seguem o código de ética deles, vão aumentar suas pressões e até ameaças morte ao bispo porque essa é a lei que vale para os que se metem no submundo do crime. (juanorte)
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