quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O PT que se cuide pois o PMDB está com a corda toda...

PMDB age contra ação do Planalto para miná-lo


Deu no blog do Josias
Vitaminado pelas vitórias obtidas nas batalhas pelas presidências da Câmara e do Senado, o PMDB reagrupou-se em torno de Michel Temer. Reunido num jantar servido na noite de segunda-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, o generalato peemedebista chegou a uma conclusão indigesta: sem a formalidade de uma declaração de guerra, o Planalto bombardeia o PMDB. Ironicamente, o ataque companheiro ajudou a dissolver as divisões internas do partido. Temer e seus convivas decidiram partir para o contra-ataque.
Como primeira providência, fixou-se o objetivo de desarmar a criação de um novo partido, tarefa que o Planalto terceirizou ao ministro Gilberto Kassab. Eis a visão dos generais peemedebistas: cavalgando o orçamento do Ministério das Cidades, Kassab tenta arrastar quadros do PMDB para a nova legenda, a ser fundida com o seu PSD. Programou-se uma reação em dois lances. Num, Temer recorrerá à Justiça contra a manobra. Noutro, Eduardo Cunha e Renan Calheiros levarão a voto no Congresso, a toque de caixa, projetos anti-Kassab —como a proposta do deputado Mendonça Filho, líder do DEM, que proíbe a fusão de partidos com menos de cinco anos de existência.
Presentes ao repasto do Jaburu, Eduardo Cunha e Renan Calheiros revelaram-se mais afinados do que Dilma e seus operadores petistas poderiam supor. Ao mobilizar uma infantaria de ministros para tentar deter a ascensão de Cunha na Câmara, a presidente da República converteu o triunfo do seu desafeto numa espécie de Waterloo pessoal. Consumada a humilhação, o Planalto passou a disseminar a tese segundo a qual seu aliado Renan desarmaria no Senado eventuais arapucas urdidas na Casa ao lado. Pode não ser tão simples.
Renan revelou-se tão abespinhado com o Planalto quanto Cunha. A diferença é que, no seu caso, a mágoa é atribuída à inação de Dilma. O petismo ameaçou abandonar Renan. O aposentado José Sarney contou aos convivas de Temer que o senador petista Walter Pinheiro lhe telefonara para dizer que a bancada do PT cogitava despejar votos no adversário de Renan, o também peemedebista Luiz Henrique. Nessa versão, o enquadramento dos petistas teria sido obtido não por Dilma, mas por Lula, que interveio na reta final da disputa.
Afora o esforço para abater o novo partido de Kassab em pleno voo, o PMDB decidiu enrolar-se na bandeira da reforma política. Menos de 24 horas depois do jantar da contra-ofensiva, Eduardo Cunha arrancou do plenário da Câmara o atestado de constitucionalidade de uma proposta que preserva o financimanto privado das campanhas e vinha sendo barrada pelo PT havia um ano e meio. Com o reconhecimento de que não há afrontas à Constituição, o projeto segue para uma comissão especial antes de ser submetido ao plenário e remetido ao Senado.
De resto, a cúpula do PMDB cogita convocar um congresso partidário para debater as medidas provisórias e projetos de lei que Dilma deseja que o Legislativo aprove. Entre elas os aumentos de impostos, as mudanças que afetam direitos trabalhistas e previdenciários, além da nova política de reajuste do salário mínimo. Na expressão do senador Romero Jucá, outro personagem do jantar do Jaburu, o PMDB pode “modular” as propostas, atenuando os prejuízos à clientela sem desfigurá-las.
Notabilizado por sua vocação para o fisiologismo, o PMDB se autoimpôs uma meta inusitada. Em decisão compartilhada por todos os presentes -os já citados e outros personagens como o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves-, o partido optou por não reivindicar os cargos de segundo escalão, ainda pendentes de preenchimento. A ver.

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