Pontos turísticos marcados pela depredação
Camila Vasconcelos
Da Redação
Do O ESTADO
Da Redação
Do O ESTADO
Visitados assiduamente por turistas de todo o mundo e frequentado pelos fortalezenses, alguns pontos turísticos da Orla de Fortaleza são alvos de vandalismo da própria população. Um exemplo desta realidade é o espigão da Rua João Cordeiro, na Praia de Iracema. Antes, o local que era atração turística, nos fins de tarde, para dezenas de pessoas, virou um local de medo e repulsa.
Com madeiras pichadas e desgastadas, bancos sem tintura e postes sem iluminação, o espigão decepcionou o casal de turistas do Rio de Janeiro Jéssica Cavalheiro, 23 anos, e Jean Michel, 25. “O espigão foi o primeiro local que visitamos pela propaganda, mas não gostamos muito do que vimos. Está bem sujo. Fica até feio para as fotos”, disse Jéssica. Já Jean reconhece que “a culpa não é do poder público e sim dos frequentadores mal educados que picham e destroem o lugar. Mas deveriam providenciar uma limpeza já que tem tantos frequentadores e turistas que chegam na expectativa de ver um lugar bonito e limpo”, complementou.
Assim como boa parte dos fortalezenses, a estudante Gerlane Soore, 21 anos, gosta de visitar o local para respirar ar puro e admirar a paisagem litorânea. No entanto, ela diz que o vandalismo atrapalha a paisagem. “A paisagem da nossa orla é linda, mas as pichações e a sujeira acabam chamando mais atenção do que a beleza do céu e do mar”, reclamou. Ela atenta que o espigão da Rui Barbosa é mais limpo e melhor frequentado pela concentração de hotéis e restaurantes. “Naquela área é onde ficam os restaurantes mais badalados. Por isso, a manutenção lá é constante. Está tudo mais bem pintado e iluminado. Já este espigão é mais esquecido, pois não é do interesse do governo preservar, pois não atrai tantos turistas como o outro”, afirmou.
O vendedor de coco, Francisco Neto, 42 anos, trabalha próximo à entrada do espigão e diz presenciar assaltos na região toda a semana. “Geralmente, os alvos são os turistas desavisados. De vez em quando entra policiais de moto, mas não é o suficiente, pois quando eles saem, os assaltos acontecem”, falou.
Insegurança
Além da degradação, o local também assusta pela insegurança. O churrasqueiro Batista Souza, 26 anos, visita o lugar todas as semanas. “Gosto de vir para admirar o pôr do sol nos dias que estou de folga, mas está muito perigoso. Resolvi não ficar muito tempo por medo de assalto, pois tem um grupo de jovens no final usando drogas. Fora isso tem o esgoto que deságua na areia da praia, bem ao lado do espigão. É uma situação vergonhosa”, relatou, acrescentando sua indignação por pagar impostos e não poder usufruir. “Pagamos um preço alto para ter tudo isso. Esse espigão foi construído com o nosso dinheiro, mas não podemos utilizar porque a própria gestão não coloca segurança suficiente para proteger os cidadãos de assaltos. Nunca vejo policiais por aqui”.
Para Batista, a solução ideal para o fim do vandalismo e da insegurança seria a implantação de um posto policial no meio do espigão. “Tem um espaço que os grupos se reúnem para usar drogas. Ali deveria ter policiamento fixo para a mobilidade dos policiais, caso surjam ocorrências no final ou no início do espigão, eles estariam mais próximos para resolver”, opinou.
Medo
O empresário Ulisses Gaspar mora na Praia de Iracema há 18 anos e diz que na época em que inaugurou (dezembro de 2012), o local atraia muitos elogios. “Ali era um ponto turístico. A pessoa pode adentrar o espigão e ter uma visão de 750 graus da orla da cidade. Era uma coisa linda, mas foi construído e não foi criada uma estrutura para combater os vândalos. Hoje ele está abandonado. Os vândalos agem livremente. Eles quebram as lâmpadas que é para ficar escuro e facilitar as ações criminosas. O policiamento precisa ser ostensivo”, lamentou.
Segundo ele, a situação de vandalismo e insegurança não só se concentra no espigão, mas em toda a orla. “O espigão é uma extensão do problema. Os problemas seguem no calçadão. O caso está caótico, principalmente, na região entre o espigão da João Cordeiro e a Ponte Metálica. Neste trecho, os bandidos realizam blitz de assalto em plena 21 horas”.
A educadora ambiental Tarcília Rego mora há seis anos na proximidade do espigão da João Cordeiro e diz ver ações de vandalismo e escutar sobre assaltos na região “A situação, ao invés de melhorar, está piorando. Costumava levar minha mãe para um passeio no espigão, mas não vou mais. Na pedra ficam muitos adolescentes fumando maconha e cachimbo do crack à luz do dia. A situação ficou banalizada”. Ela acredita que a maior falha é a do poder público, “que não está no local para prender quem picha e evitar que pichem de novo”.
Policiamento
Em entrevista ao jornal O Estado, o tenente-coronel Andrade Mendonça, informou que na região há policiamento do Batalhão de Policiamento Turístico do Ceará (BPTur). “Tem rondas de uma dupla de policiais militares a pé e quatro viaturas que fazem a ronda da Praia de Iracema até o Mercado dos Peixes, no Mucuripe. Os que fazem a ronda a pé, são orientados a entrar nos espigões”. No entanto, ele diz que não há o registro de um número alto de infrações. “Não consideramos alto devido o local ter grande concentração de pessoas, caso contrário pensaríamos em ações específicas. A área está bem policiada e o número baixo de ocorrência é em decorrência da ação ostensiva da Polícia Militar”, falou.
Jardim Japonês
Outro ponto turístico que está degradado é o Jardim Japonês. Sem a presença de guardas municipais, o local virou um prato cheio para a ação de vândalos. Algumas placas e pedras já estão pichadas e o lago sujo de lixo e lodo.
As amigas do Mato Grosso do Sul, Délia Carlesso e Divina Zanette gostaram de passear e conhecer o jardim, mas perceberam o abandono do local. “Esse lugar é muito bonito, mas está abandonado. Está bem sujo e pichado. Se fosse mais bem cuidado deveria ter mais pessoas visitando”, observou.
O operador de telemarketing Wilame Magalhães, 30 anos, levou a namorada Vandice Rodrigues para um passeio, no final da tarde, no Jardim Japonês. “Vim logo que inaugurou na época. Esta é a segunda vez que venho e já percebi muita diferença daquela época para hoje. Falta uma manutenção e um cuidado com o espaço público. É uma pena, pois são os próprios frequentadores que destroem”, falou.
Sobre o estado de degradação dos dois pontos turísticos citado na matéria, a Secretaria Executiva Regional (SER II), informou em nota que é realizada manutenção periódica nas áreas. “Realizamos manutenção no espigão da Av. Rui Barbosa, como, também, no Jardim Japonês. Essa manutenção consiste em limpeza, retirada de resíduos sólidos e iluminação.
Esta última é realizada em parceria com a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos do Município”. Os dois espigões estão inseridos no projeto de requalificação da Praia de Iracema, onde deverão ser revitalizados. A previsão de finalização do projeto completo é no ano de 2016.
Já a Guarda Municipal de Fortaleza informou que atua nas áreas por meio da Inspetoria do Ciclopatrulhamento. “São em média 28 servidores, divididos em grupos de seis patrulheiros, que fazem a ronda pelo Centro, passando pela Beira Mar, chegando até o Jardim Japonês. O trabalho é realizado em dois turnos sendo o primeiro horário, das 6 às 13 horas, e o segundo expediente, das 13 às 21 horas. As equipes contam ainda com duas viaturas de apoio que são acionadas quando necessário, além de parceria com a Polícia Militar”.
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