SILVANA TORRES EXPÕE TRABALHO INÉDITO DE PINTURAS EM BASTIDORES NA ALIANÇA FRANCESA
Há muitos
anos que Silvana Viana Torres não nos presenteava com seus trabalhos, sempre
marcados pelo excelente domínio que tem da técnica do desenho e pela delicadeza
das passagens cromáticas que caracterizam sua pintura.
Valeu a pena a espera, pelo inusitado dessa nova exposição. A começar pelo suporte escolhido: bastidores
de bordados, antigas ferramentas de trabalho de mulheres também antigas que
enchiam os tecidos esticados com belos bordados feitos à mão. O feminino
transparece e se impõe em toda a feitura dessa nova série de pinturas.
Silvana, de certa forma, mantém o
mesmo clima, se transmudando em tecelã ou bordadeira, com tintas e pincéis.
Também aqui, nas figuras de
bailarinas que a artista apresenta, persiste uma espécie de silêncio de tempos
passados...
As dançarinas, longe de evocarem
movimento, nos fazem pensar em delicados bibelôs de carnes porcelanadas e
diáfanas vestimentas.
Como se o tempo estivesse parado em
uma pose fixa, quase eterna. A sábia escolha de ângulos e perspectivas que
reforçam o formato arredondado desses
suportes remetem, igualmente, a um tempo circular, sem princípio nem fim.
Outra não é a disposição dos ornatos
em volta da figura principal, que evocam bordados, entremeados de pequenas
frases sucintas, passíveis de múltiplas
interpretações e conferindo à série um certo clima de humor.
Apenas uma das bailarinas
representadas está sentada de frente para
o observador, sugerindo, talvez, um interessante jogo de espelhos, uma espécie
de porta aberta para fora da circularidade do tempo, tornando-o simultaneamente antigo e atual. Nessa pintura, a
bailarina abandona a sua pose “figée” e nos observa, propondo a atemporalidade
da própria arte que a representa e através da qual somos representados.
Parabéns a Silvana
Torres por esta bela série de pinturas trabalhadas com sensibilidade e emoção.
Recife, agosto de 2015
Anavaz
* Com
informações da organização do evento
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