Isolamento social não tem flexibilidade, dizem médicos
O casal de empresários Airton e Natália
Vieira está cumprindo o isolamento social de maneira rígida, pelo menos é que
garante a dupla. Entretanto, os jovens empreendedores estavam na praia,
curtindo o dia de sol, aproveitando para respirar ar puro e sair um pouco do
confinamento. Em tempos de pandemia, quando as autoridades orientam a população
a ficar em casa, para evitar o contágio, a atitude da dupla, neste caso, é
certa ou errada? Com a palavra, os próprios.
“Eu vejo risco, sim, confesso, mas nós viemos prevenidos, respeitando o distanciamento, trazendo máscaras e álcool em gel, trouxemos inclusive nossa bebida e nossa comida. Nós dois ficamos em casa por quase 20 dias, sem sair para nada. Decidimos vir ao Porto das Dunas por ser mais afastado, por ter menos movimentação, por ser mais sossegado. Entendemos que precisávamos sair um pouco, isso é saudável. Tomando todos os cuidados não vejo como algo ruim, prejudicial”, explica Airton.
Natália confirma as palavras do marido, reitera a preocupação com a disseminação da covid-19, mas diz que vê muita gente se expondo sem preocupações. “Estamos nos cuidando muito, administrando nosso negócio à distância, via internet mesmo, tendo a responsabilidade de minimizar qualquer possibilidade de infecção. Mas avaliamos que precisávamos sair de casa para respirar, para tomar sol porque é importante também para elevar a vitamina D e, com isso, ajustar a imunidade. Não mantivemos contatos com ninguém aqui (na praia), estamos aqui tranquilos, mas estamos vendo muita gente que parece nem estar ligando, levando a vida normalmente. Aqui mesmo vimos o pessoal se abraçando, tendo contato”, detalha a empresária.
Outro rumo
Os argumentos usados pelo casal de empreendedores são compartilhados por muita gente. Mas, e os especialistas em saúde, o que dizem sobre isso? Thais Moreno, que é cardiologista e clínica médica, detalha que deixar de se expor ao sol é um grande problemas, mas que isso pode ser resolvido dentro da própria casa.
Os argumentos usados pelo casal de empreendedores são compartilhados por muita gente. Mas, e os especialistas em saúde, o que dizem sobre isso? Thais Moreno, que é cardiologista e clínica médica, detalha que deixar de se expor ao sol é um grande problemas, mas que isso pode ser resolvido dentro da própria casa.
“O isolamento social é vital para o controle de disseminação do novo coronavírus, é o método mais eficaz de prevenção. Logicamente que, com isso, o hábito de tomar sol não pode ser esquecido, a vitamina D é essencial. Só que para isso não é preciso sair da residência e quebrar o confinamento. Basta estender braços ou pernas na varanda, na janela, e tomar sol nessas partes durante 10, 15 minutos por dia, antes das 10 horas e depois das 16 horas. É o suficiente, além, também, de ingerir alimentos ricos nessa vitamina”, ressalta.
As questões físicas e mentais preocupam os especialistas durante o período de quarentena. Então, Thais Moreno também esclarece que os exercícios são de extrema importância, e que os mesmos podem ser feitos em casa. “O confinamento de 40, 50 dias traz uma série de aflições como o medo de contrair a doença, de perder alguém querido, perder o emprego, incertezas sobre o futuro, temor pela morte e etc. Esses fatores podem culminar em transtornos como ansiedade, depressão, divórcios, conflitos em geral. Então, todos precisam se manter ativos, realizando atividades como caminhadas de 30 minutos pela casa, exercícios em escadas, beber mais água, se alimentar corretamente, estabelecer rotina”.
“Para a saúde mental estar em dia, é preciso evitar o excesso de informações diárias, isso é bem tóxico, há doenças relacionadas a isso. Ninguém precisa estar sabendo 24 horas por dia de tudo sobre o coronavírus, basta filtrar o que for mais importante e o que vier de fontes seguras. Praticar alguma espiritualidade também faz muito bem, esse propósito ajuda demais, evita males e nos ajuda a restabelecer as forças necessárias”, explica.
Concordando
Por falar em saúde mental, Rô Cordeiro, especialista em Psicologia Positiva, Relacionamento, Business, escritora e analista comportamental, concorda com Thais Moreno e explica que a própria residência pode servir muito bem para o desenvolvimento de uma nova rotina e que isso faz toda a diferença. “Pessoas que não fazem parte de grupo de risco podem ir lá fora, mas o segredo é se readaptar à situação. Pra quê ir pro lado de fora, se tudo isso pode ser feito em casa? O que gera essa vontade de sair é a impaciência, é o sentimento de impossibilidade. Basta ir alterando a rotina”, detalha.
Por falar em saúde mental, Rô Cordeiro, especialista em Psicologia Positiva, Relacionamento, Business, escritora e analista comportamental, concorda com Thais Moreno e explica que a própria residência pode servir muito bem para o desenvolvimento de uma nova rotina e que isso faz toda a diferença. “Pessoas que não fazem parte de grupo de risco podem ir lá fora, mas o segredo é se readaptar à situação. Pra quê ir pro lado de fora, se tudo isso pode ser feito em casa? O que gera essa vontade de sair é a impaciência, é o sentimento de impossibilidade. Basta ir alterando a rotina”, detalha.
“O ato de sair de casa está mais ligado ao condicionamento que a pessoa se autoimputa do que, de fato, uma necessidade do corpo. Tudo isso vai de acordo com aquilo que se acredita. Os transtornos físicos e mentais podem existir nessa quarentena? Sim, mas isso acontece se a pessoa perceber-se dessa maneira. É um momento de se reinventar, um momento de isolamento mas não de estar ou ficar só. As conexões com a família, com amigos, com novos negócios e parceiros pode ser feita em meio ao confinamento normalmente. É preciso ter atenção total ao que se assiste, cuidar da mente e tocar a vida da melhor maneira possível, tempos de introspecção também, avaliar muita coisa”.
Desrespeito
Voltando ao casal do início da reportagem, Airton e Natália eram apenas alguns em meio a tantas as pessoas na praia, no último fim de semana. Nossa equipe escolheu o Porto das Dunas baseada em sugestões de leitores que insistiram em dizer que o local estava sendo muito frequentado, muitos desrespeitando as orientações das autoridades acerca do isolamento. E podemos constatar as denúncias. Famílias inteiras se divertindo à beira-mar, praticando esportes, interagindo, poucos visitantes trajando máscaras protetivas e muitas crianças no local.
Voltando ao casal do início da reportagem, Airton e Natália eram apenas alguns em meio a tantas as pessoas na praia, no último fim de semana. Nossa equipe escolheu o Porto das Dunas baseada em sugestões de leitores que insistiram em dizer que o local estava sendo muito frequentado, muitos desrespeitando as orientações das autoridades acerca do isolamento. E podemos constatar as denúncias. Famílias inteiras se divertindo à beira-mar, praticando esportes, interagindo, poucos visitantes trajando máscaras protetivas e muitas crianças no local.
O autônomo Anderson, que preferiu não revelar seu sobrenome, usou do mesmo pensamento do casal Vieira para justificar a ida à praia. “Eu me mantive isolado, não estou nem na minha própria casa, preferi me isolar no apartamento de um amigo que está morando na Europa. Resolvi vir para espairecer, colocar as ideias em ordem, tomar sol, ver algo diferente. Aproveitei e fiz uma caminhada pela areia, coisas simples, mas que agora têm um valor inestimável. Tenho certeza que não estou arriscando minha vida e nem as dos demais aqui, não conversei com ninguém, mantive o distanciamento necessário. Juro que estou tranquilo”, explica.
Já um gerente administrativo, que também optou pelo anonimato, afirmou que não há nada errado em ir à praia com a família mesmo em tempos de pandemia. “Eu vejo que há muito alarde também, viu? Há o perigo do vírus, sabemos disso, há pessoas morrendo sim, porém, não enxergo como algo perigoso vir aqui tomar um banho de mar, se refrescar. Não estou me abraçando com ninguém, não estou tossindo, nem espirrando nos outros. Estamos aqui quietos, meus filhos brincando sem contato com ninguém. Vou ser bem sincero, se eu visse algum perigo, eu jamais traria meus filhos. Daqui, iremos para casa e pronto, continuamos a quarentena”, completa.
Pedido
Thais Moreno reitera a importância do confinamento residencial à população. “Dentre as medidas que muitos países que tiveram sucesso em conter a pandemia tomaram, o isolamento social é a mais simples de se colocar em prática, pois não exige recursos. Aliás, com relação a essa estratégia, eu gosto até de mudar esse nome, prefiro “retiro domiciliar”, porque aqui é uma recomendação, não há uma punição. A decisão de ficar em casa é nossa, nós temos o medo de adoecer. Portanto, é muito importante, para nós e para os outros, que fiquemos todos em casa”, clama a cardiologista.
Thais Moreno reitera a importância do confinamento residencial à população. “Dentre as medidas que muitos países que tiveram sucesso em conter a pandemia tomaram, o isolamento social é a mais simples de se colocar em prática, pois não exige recursos. Aliás, com relação a essa estratégia, eu gosto até de mudar esse nome, prefiro “retiro domiciliar”, porque aqui é uma recomendação, não há uma punição. A decisão de ficar em casa é nossa, nós temos o medo de adoecer. Portanto, é muito importante, para nós e para os outros, que fiquemos todos em casa”, clama a cardiologista.
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