A
partir de setembro, quando deve entrar em operação o sistema de 500kV entre a
usina de Itaipu, em Hernandárias, e a subestação de Villa Hayes, na grande
Assunção, o Paraguai vai dispor de energia elétrica suficiente para garantir o
crescimento industrial do país.
O
sistema, que está em fase de conclusão, inclui obras de ampliação da subestação
da margem direita da Itaipu (lado paraguaio) e a construção de 347 quilômetros
de linhas de transmissão e de 759 torres para levar a energia gerada na usina
até Assunção, capital do Paraguai.
Com
a entrada em operação do sistema, o Paraguai vai dispor, proporcionalmente à
sua capacidade de consumo, da maior quantidade de energia livre e disponível do
mundo. O sistema vai ampliar a capacidade do país vizinho de aproveitamento da
energia produzida por Itaipu – empreendimento binacional, que pertence ao
Brasil e ao Paraguai.
Energização da linha
Cerca
de 90% das obras estão prontas e os primeiros testes de energização da linha
começam no início do mês que vem. A previsão é que até o final de setembro, já
numa primeira fase, com a entrada em operação dessa linha, a capacidade de
recepção pelo Paraguai da energia produzida em Itaipu seja ampliada em 1.200
megawatts (MW).
O
Paraguai é um grande gerador de energia – o maior do planeta – mas
paradoxalmente enfrentava até agora problemas de recebimento dessa energia,
porque não havia investimentos em infraestrutura para integrar a produção com a
transmissão. Atualmente, a demanda do mercado paraguaio de energia elétrica, em
horário de pico, é em torno de 2,5 mil MW.
O
país conta, desde 1970, com uma usina própria, Acaray, com 200 MW, mais metade
da capacidade instalada de Itaipu, que é de 14 mil megawatts, e outra metade da
capacidade de Yacyretá, com 3.100 MW.
Apesar
disso, o Paraguai utiliza muito pouco da energia a que tem direito. No caso de
Itaipu, menos do que 10%. Com o sistema de 500 kV, o país vizinho poderá dobrar
esse aproveitamento.
Com
este aumento da capacidade do sistema de transmissão de energia e com a
modernização e reforços necessários nos sistemas de distribuição, o Paraguai
terá todas as condições de resolver os gargalos atuais, como os apagões, que
acontecem, sobretudo, no período do verão, tendo plenas condições de atender as
demandas atuais e futuras de energia para garantir aos futuros investimentos
industriais e o crescimento econômico previsto por instituições internacionais.
O
Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional projetam um crescimento entre
8% e 11% do Produto Interno Bruto paraguaio, este ano, enquanto o Banco Central
do país, ainda mais otimista, estima que poderá chegar a 10% ou 11% A Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), segundo dados divulgados
recentemente, também estima um aumento de 10% do PIB, o que fará o Paraguai liderar
o crescimento econômico da região em 2013.
Durante
a inauguração das obras de ampliação da subestação da margem direita, em março
deste ano, o atual presidente do país, Federico Franco, conclamou o
empresariado brasileiro a investir no país, reforçando que a obra do sistema de
500 kV traria segurança energética para esses investidores.
O
diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, destacou o empenho de todos os
parceiros para a construção do linhão. “Seria impossível construir uma obra
dessa dimensão se não tivéssemos técnicos qualificados, funcionários
qualificados e trabalhando em perfeita harmonia”, disse Samek, lembrando que o
próprio presidente do Paraguai já visitara Itaipu em dezembro de 2012, quando a
binacional superou o antigo recorde mundial de produção de energia.
O
diretor paraguaio da Itaipu, Franklin Boccia, disse que a inauguração da
ampliação da subestação representava um momento histórico. “Estamos abrindo as
portas para que a energia de Itaipu entre no Paraguai com confiabilidade e
eficiência”. E acrescentou: “Seremos o coração da conexão energética da América
Latina”.
Compromisso dos presidentes
A
construção da linha de 500kV estava prevista no compromisso assinado pelos
presidentes dos dois países em julho de 2009.
Geração
A
usina de Itaipu é, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração
de energia. Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada,
fornece 17,3% da energia consumida no Brasil e 72,5% do consumo paraguaio.
Itaipu
produziu em 2012 um total de 98.287.128 megawatts-hora (98,2 milhões de MWh),
quebrando seu próprio recorde mundial de produção de energia, que ocorreu em
2008, com a geração de 94.684.781 megawatts-hora (MWh). O recorde anterior foi
em 2000, quando Itaipu gerou 93.427.598 MWh.
Transmissão
A
Itaipu tem a incumbência de entregar a energia produzida na usina até os pontos
de conexão com os Sistemas Interligados brasileiro e paraguaio. No lado
brasileiro a conexão está localizada na subestação de Foz do Iguaçu, de
propriedade de Furnas; no lado paraguaio, a conexão é realizada na subestação
Margem Direita, situada na área da usina de Itaipu. A transmissão da energia
até os centros de consumo é de responsabilidade de Furnas Centrais Elétricas,
no Brasil, e Ande (Administración Nacional de Electricidad), no Paraguai.
O
escoamento da energia de Itaipu para o Paraguai é feito na tensão 220 kV a
partir do seccionamento e transformação de tensão de 2 linhas de 500kV - 50Hz
na subestação da Margem Direita.
Na
subestação da margem direita, seis conjuntos autotransformadores/reguladores
baixam a tensão de 500kV para 220 kV e entregam a energia a quatro linhas. Duas
delas seguem em direção a Assunção, distante cerca de 300 km, e as outras duas
vão para a usina de Acaray, a apenas 5 km da subestação margem direita. Da
usina de Acaray, outras três linhas seguem também para Assunção.
Obras e Investimentos
A
ampliação da subestação da margem direita recebeu investimentos de US$ 15,8
milhões – recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem).
As obras do sistema de 500 kV foram totalmente financiadas com recursos do
Focem – US$ 165 milhões estão sendo investidos nas linhas de transmissão, além
dos US$ 105 milhões para a construção da subestação de Villa Hayes. Incluindo o
valor dos contratos de projeto e apoio técnico, o investimento chega a US$ 310
milhões. O empreendimento será entregue ao povo paraguaio num prazo total de 27
meses. Já a linha será totalmente concluída em 16 meses.
A Itaipu
Nenhum comentário:
Postar um comentário