quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Dez anos da morte de Miguel Arraes

O povo chorou seus líderes

Por Daniel Leite
Da Folha de Pernambuco
Há exatos dez anos, cerca de 80 mil pessoas se dirigiram ao Palácio do Campo das Princesas, no Recife, para prestar a última homenagem ao ex-governador Miguel Arraes, que havia falecido, vítima de uma infecção pulmonar. Dezenas de caravanas partiram do campo para acompanhar, até então, o maior velório já realizado na história do Estado. No cemitério, já no dia 14, as imagens dos camponeses com chapéus de palha, foices e arados na mão, comoveram os que conheciam a trajetória de Miguel. Uma homenagem digna ao homem que era conhecido como Pai Arraia, o pai dos desvalidos. No ano passado, no mesmo dia, o destino reservava mais uma perda para os familiares do ex-governador Eduardo Campos, neto de Arraes, morto em um acidente aéreo, em Santos. A notícia chocou o povo pernambucano, que também compareceu em massa ao funeral, realizado quatro dias depois, em 17 de agosto. A cerimônia, marcada por muita comoção e dor, reuniu 160 mil pessoas nas ruas do Recife, entrando mais uma vez na história. Novamente o Estado parava para reverenciar seu líder.
Miguel Arraes, que exercia o mandato de deputado federal, em 2005, faleceu depois de 59 dias internado no Hospital Esperança, após um choque séptico, causado por infecção respiratória, agravada por insuficiência renal. Com a notícia, o então presidente Lula (PT) decretou luto oficial de três dias e viajou ao Recife, para acompanhar o funeral daquele que classificou como “uma das maiores lideranças das lutas populares que marcaram a segunda metade do século 20 no Brasil”.
O vice-governador do Estado na época, Mendonça Filho (DEM), também decretou luto oficial de três dias. Ele disponibilizou a estrutura do Estado para que a família de Arraes pudesse prestar as homenagens. O então governador, Jarbas Vasconcelos, havia viajado para a Coreia, de onde enviou uma nota de pesar. “Miguel Arraes abriu espaço para os movimentos populares, com a inversão das prioridades da gestão pública. Seu desaparecimento é uma grande perda para a política nacional”, ressaltou.
Sob o grito “Arraes, guerreiro, do povo brasileiro”, milhares de trabalhadores rurais presenciaram a cerimônia de despedida, no Palácio do Campo das Princesas. Uma delas, enviada pelo então presidente de Cuba, Fidel Castro, chamava a atenção dos presentes. A cerimônia também contou com a presença de José Serra (PSDB), Geraldo Alckmin (PSDB), Dilma Rousseff (PT), que era ministra da Casa Civil, Cristovam Buarque, José Dirceu e do cantor Caetano Veloso.

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