Queixa unânime durante protesto em Fortaleza: a alta do dólar
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Uma reivindicação soa unânime entre os bem vestidos, de roupas de grifes de luxo, joias e óculos de sol de até quase quatro dígitos: a alta do dólar. No calor da Praça Portugal, quem ostenta ser a elite do movimento não deixou de consumir, mas diz estar abrindo mão das experiências de viagens e enxerga o peso da inflação na conta do supermercado. Estavam lá em protesto, em essência, por isso. Ana Flávia Carvalho, dona de casa, conta que acabou de voltar de uma temporada de três meses em São Francisco, nos Estados Unidos. “Fui estudar inglês, mas com o dólar do jeito que está não fiquei os quatro meses que havia planejado”, revela. A renda de Ana Flávia vem do setor automotivo. Com grandes argolas de brilhantes e rubi, ela diz que no dia a dia sentiu a conta da crise no supermercado. “Se antes eu gastava R$ 500, hoje pelas mesmas coisas eu pago R$ 900”, revela. E conta que não deixou de consumir.
A range rover branca parou antes dos cones que bloqueavam acesso à Praça Portugal. Joana Dark, dona de casa, deu a direção para a filha seguir para estacionar e desceu com netos. De rosto pintado de verde e amarelo ela conta que já votou no PT, mas que não é possível aceitar a corrupção generalizada que toma conta do País. Sente em todas as contas de casa o aumento da inflação. “Do supermercado ao preço da energia está tudo mais caro, adiamos também o planejamento de viagens internacionais”. A renda da família vem da venda de peças para motos e bicicletas. Joana diz que não está “vendendo nada”.
A deputada estadual Aderlania Noronha (SD) passou batom vermelho, colocou brincos de brilhante, calçou sapatilhas Chanel, a tira colo uma mini bolsa Gucci e levou os três filhos para o protesto. Às crianças disse que a família estava ali para pedir “mudança”. “Do jeito que o País está não pode continuar”, resume. Aderlania diz que sente na pele os efeitos da crise. “Procurei reduzir todos os gastos, da farmácia ao supermercado. Além disso, demiti uma secretária, agora em casa tenho apenas três”, revela.
O dermatologista Luis Heládio almoçou em um restaurante na avenida Dom Luís, perto do prédio onde mora, e foi andando para o protesto. “Eu particularmente não me senti muito impactado com a crise, não. Acho que essa crise toda é bem midiática. As pessoas estão deixando de comprar por medo, de tanto que os jornais falam em crise”, conta. No entanto, ele pondera que as compras que costuma fazer em sites internacionais ficaram mais caras com a alta do dólar. Mesmo assim diz que continua comprando e garante que os óculos de sol Carrera e o relógio Tommy Hilfiger são originais. Além da corrente de ouro no pescoço.
O empresário Germano Pessoa reuniu a mulher e os dois filhos para protestar “contra a corrupção”. Ele diz que percebe a alta dos preços em todos os setores. “Está tudo mais caro. Viajo com as crianças duas vezes por ano para a Disney, este ano fui com minha esposa para Nova York e Las Vegas, mas não vamos levar as crianças para a Disney”, conta. Atenta, a filha de 10 anos bate o pé: “o que, papai?”. “O dólar está muito alto!”, explica.
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