quarta-feira, 6 de junho de 2012

Politicamente falando será mesmo que pro Sudeste o Nordeste é zero à esquerda como mostra Fernando Castilho nesse artigo que transcrevemos?

Somos um nada à esquerda

Por Fernando Castilho,
Do JC Negócios

Todos sabemos que para São Paulo, somos o Nordeste. Ou o Norte, como se refere o empresário Eike Batista às duas Regiõs em termos de seus negócios. Mas esta é a primeira vez em que nossa importância política foi reduzida a menos de 10 minutos de conversa sobre “a confusão do PT do Recife” da Executiva Nacional de um partido em São Paulo.

Importa pouco que o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, tenha avisado ao prefeito João da Costa que ele estava fora do jogo eleitoral da capital de Pernambuco em outubro. Importa o gesto, antes da reunião formal, que resume o tempo em que a direção do partido cuidou da questão Recife. E embora isso apenas reflita a atenção que o conjunto de dirigentes nacionais tem para os dirigentes do partido em Pernambuco, também mostra o nível de altivez dos nossos dirigentes.

Melhor fizeram os cearenses de Fortaleza, que resolveram suas questões internas e apenas comunicaram ao partido que estavam indo e que se o governador Cid Gomes quisesse, poderia entrar na composição que gerou a chapa.

A questão para o PT de Pernambuco não foi escolher Humberto Costa de forma biônica como a oposição já o rotula. A questão foi como ele, o prefeito e seus aliados do PT de Pernambuco se comportaram para que a Executiva Nacional do partido tivesse condições para chegar a isso. O que nos leva a pergunta: mas foi para isso que o partido esteve no poder há 12 anos e jacta-se de ter mudado o foco da gestão investindo fortemente em programa sociais?

O constrangedor dessa comédia pastelão – que o PT de Pernambuco serviu à cidade, onde seus dirigentes apenas carregaram os ingredientes para que o mestre pasteleiro de São Paulo misturasse, assasse rapidamente e servisse pronto aos recifenses – é a atitude.

Passado o episódio pode-se perguntar: alguém na Executiva Nacional tem motivos para ter, a partir de agora, qualquer respeito por qualquer um desses personagens? Teriam eles motivos para nos dar algum minuto de atenção quando os dirigentes locais foram pedir a solução como o menino mimado que ao ser agredido na rua corre para a barra da saia da mãe pedindo que ela aplique pessoalmente o castigo no adversário que ele não teve coragem de dar ?

É isso que incomoda aos recifenses. Uma coisa é brigar, disputar, pelejar e confrontar nas nossas terras. Outra é ser tratado como alguém que não tem capacidade de se autodeterminar.

O constrangedor é que o PT de Pernambuco tenha se colocado por vontade própria a reboque de um projeto maior que interessa, não ao Recife, mas a cidade de São Paulo. Num pacote em que o Recife é apenas um contrapeso de uma negociação que tenta eleger o prefeito de São Paulo. E sem que isso seja dito aos seus eleitores.

Escolhido o candidato a prefeito de 2012, fica a pergunta. O PT de Pernambuco ainda sonha em governar Pernambuco? Ou: tendo gerido a capital por 12 anos, ainda sonha em ter um nome que possa conduzir os destinos do Estado que mais cresce no Brasil em 2014? Ou naquele ano, novamente seus dirigentes vão a São Paulo pedir que a Executiva Nacional decida quem será o próximo candidato a governador pelo partido?

Será que com esse formato o PT de Pernambuco iniciou uma nova fase de escolha de candidatos? Não, o PT de Pernambuco apenas perdeu o zelo pela sua própria história de resistência democrática.

Quando se olha para trás e se observa o histórico de atuação e campanhas, de dirigentes que assumiram, entre eles o próprio Humberto Costa, a tarefa de falar para poucos e pedir votos em praças vazias, quando o sonho da vitória era só um sonho. Quando se observa que a única arma contra o poderio econômico e conchavos era apenas a coerência. Ou quando se sabe que cadeiras garantidas no Parlamento foram sacrificadas nas campanhas majoritárias apenas para servir aos ideais do partido. Chega-se a inquietante pergunta: foi nisso que o outrora charmoso partido se converteu? Em ir para uma campanha na defensiva e com a pecha de candidato biônico como já o rotula a oposição?

O Recife, certamente, não merece isso. Mas, São Paulo acha que sim. Aliás, mandou que fosse assim. Pelo menos no que diz respeito as questões do PT.

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