Operação
Zelotes terá 2ª fase com mais envolvidos
Agentes já identificaram três novos casos de corrupção. Chegam denúncias
por e-mail e cartas anônimas
POR GABRIELA VALENTE – O GLOBO
BRASÍLIA — A Operação Zelotes, que investiga corrupção no Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, tornada
pública há duas semanas, terá pelo menos uma segunda fase. A Polícia Federal
incluiu na lista de investigados novos conselheiros e empresas que não foram
citados no primeiro relatório do inquérito policial, de acordo com fontes
ouvidas pelo GLOBO. Por isso, há previsão de que o esquema de corrupção possa
ser ainda maior do que os processos envolvendo R$ 19 bilhões, estimados
inicialmente. Na primeira fase, as investigações alcançaram 74 processos que
envolvem 24 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas.
Uma sala inteira de papéis
Aumentou o número de investigados porque a PF recebeu várias denúncias
após o início da operação. Os agentes já identificaram pelo menos três novos
casos de corrupção no Carf. Todos apurados após conselheiros e pessoas ligadas
aos investigados mandarem cartas anônimas, e-mails, telefonarem e até
aparecerem na sede da Polícia Federal com documentos que poderiam comprovar
essas denúncias, contou uma fonte que participa das investigações.
Com isso, o escopo da operação cresceu. Para vasculhar uma sala inteira
de documentos, houve o reforço de agentes, que trabalham em duas frentes:
analisar o que foi apreendido e cruzar os dados com a tramitação dos processos
no Carf. A estimativa é que sejam necessários mais 15 dias para averiguar os
detalhes da investigação e, então, iniciar a segunda fase da Zelotes.
Nesse período, todos os investigados que ainda não depuseram serão
ouvidos. Segundo fontes, a PF pretende fechar acordo de delação premiada apenas
se entender que as declarações serão importantes para as investigações. Com
revelou o GLOBO na edição de 7 de abril, um acordo foi oferecido ao conselheiro
Paulo Roberto Cortez, que disse ter interesse.
Origem de R$ 2 milhões
Nos próximos 15 dias, os agentes ainda terão de desvendar a origem dos
R$ 2 milhões em dinheiro vivo apreendidos com conselheiros na busca e apreensão
feita no início da operação. Parte do dinheiro estava “cintada”, ou seja, os
maços tinham faixa de papel com a identificação da instituição onde foram
sacados. As informações sobre as transações já foram pedidas aos bancos.
Parte desses recursos foi transportada para Brasília na Sexta-feira
Santa, quando um avião da PF levou dinheiro, computadores, documentos e
pendrives. O dinheiro foi depositado em juízo. O restante do material ainda
será analisado.
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