|
Noelia Brito (Psol) e Jair Pedro (PSTU) serão os candidatos da inédita e fortíssima
Frente de Esquerda à Prefeitura do Recife |
CARTA
ABERTA À DIREÇÃO MUNICIPAL DO PSOL
Companheiros
e Companheiras:
O lamentável
espetáculo das prévias do PT de Recife, com a guerra de liminares, as agressões
físicas entre os militantes, ameaças e agressões até contra a imprensa que
cobria o evento, acaba evidenciando que nessa luta não há uma disputa de
projetos para governar a cidade.
Há sim uma
batalha pelo comando do aparato da prefeitura com seus milhares de cargos
comissionados, os contratos milionários com empreiteiras e prestadoras de serviço
terceirizado, pelas verbas do PAC e tantos outros recursos federais que nunca
são investidos em benefício do povo.
Então, não
basta ficarmos enojados diante desse espetáculo, nossas vidas (salários,
empregos, direitos) estão em jogo se esses senhores se perpetuam no poder. A
classe trabalhadora da cidade de Recife e o povo pobre precisam entrar em cena
e se definir por uma alternativa, no campo das lutas e das eleições também.
É, portanto
obrigação dos lutadores sérios e socialistas da cidade apresentar uma
alternativa a tudo isso que está aí, disputando programaticamente a consciência
dos trabalhadores e do povo pobre, sem pensar na eleição como um fim em si, que
justificasse a renúncia de nossos ideais.
Nós, do
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) aceitamos o desafio de
desmascarar o governo de frente popular em Pernambuco e em Recife e achamos que
esse desafio não só nosso, mas do conjunto da esquerda socialista como o PSOL e
PCB, além dos movimentos sociais que se mantêm independentes desses governos .
Temos
afirmado sem medo de errar que os governos de Dilma do PT, Eduardo Campos do
PSB e João da Costa do PT estão a serviço dos grandes empresários, banqueiros,
latifundiários e políticos corruptos.
Achamos que
tanto os representantes da velha direita (Mendonça do DEM, Henry do PMDB,
Jungman do PPS) como os candidatos governistas (João da Costa e Maurício Rands
do PT) fazem parte de um mesmo projeto de governar para os ricos e contra os
trabalhadores.
Por isso
apresentamos o companheiro Jair Pedro como pré-candidato do partido à
prefeitura do Recife.
Desde muito
antes das eleições temos feito um insistente chamado aos partidos de oposição
de esquerda no estado, especialmente a vocês do PSOL e ao PCB, para que
formássemos uma frente de esquerda. Uma frente que se expressasse nas eleições
e nas lutas dos trabalhadores em Pernambuco.
Uma frente
de oposição de esquerda aos governos de Dilma, Eduardo e João da Costa e
vinculada ao processo de reorganização do movimento sindical, estudantil e
popular no estado, com uma clara postura classista, um compromisso com a classe
trabalhadora, suas lutas e reivindicações, sem qualquer relação ou apoio
financeiro de setores patronais, ou com partidos de aluguel e da direita
tradicional no estado.
Acreditamos
que essa frente pode se concretizar em Recife nas próximas eleições e estamos
dispostos a trabalhar sinceramente por isso.
O lançamento
de Noélia Brito como pré-candidata do PSOL nos fez perceber que essa
companheira possui as condições necessárias para encabeçar uma frente eleitoral
na cidade, tendo em vista sua postura de inflexível oposição aos governos de
frente popular e sua disposição militante de defender o que pensa sem se
submeter a interesses escusos e negociatas eleitorais.
Por nossa
inserção nos movimentos sociais na cidade e pela reconhecida trajetória de luta
de nossas figuras públicas, reivindicamos a posição de vice na candidatura
majoritária para Jair Pedro e um espaço de ao menos 30% no tempo de TV e rádio
da majoritária para que possamos divulgar nosso programa e dar visibilidade ao
nosso candidato.
Acreditamos
não ser possível efetivarmos uma coligação também entre os proporcionais. Para
isso seria necessário um acordo que garantisse uma divisão de tempo na TV e
rádio que fosse razoável para todos os candidatos da frente. O Psol definiu
como estratégia de campanha a concentração em um candidato prioritário, com
mais tempo e finanças que os demais. Respeitamos essa decisão, mas não
acreditamos que exista uma relação boa entre nós que permitisse um acordo
plausível em uma coligação.
O anúncio
público feito por Edilson Silva de que teríamos retirado nossa pré-candidatura,
quando nunca houve de nossa parte sequer sinalização de que isso pudesse
acontecer antes que se definisse o programa e os critérios da frente, só fez
nos distanciar ainda mais da idéia de uma coligação na proporcional.
Embora
saibamos que deveremos apresentar um programa político que responda aos
problemas enfrentados cotidianamente pelos trabalhadores da cidade, um programa
para a cidade de Recife, não vendemos a ilusão de que podemos melhorar nossas
vidas apenas com uma “administração boa e honesta” da prefeitura. A maior parte
dos problemas que nos atingem diz respeito a questões nacionais e estaduais.
Nada se
resolverá sem a luta direta dos trabalhadores, sem campanhas nacionais e
estaduais que questionem o modelo econômico levado pelos governos de Dilma,
Eduardo, João da Costa/Mauricio Hands. Nada de importante se resolverá sem a
luta pelo socialismo.
Dito isto,
propomos como referência para um debate de programa mínimo as consignas
seguintes:
• Se
Pernambuco e o Recife cresceram, os trabalhadores querem sua parte.
• Recife
para os trabalhadores.
• Verbas
públicas só para investimentos públicos.
• Exigimos
um plano estadual de obras públicas para a construção de casas populares.
• Taxação
progressiva de acordo com a renda, extensão da propriedade rural e número de
imóveis.
• Todo apoio
às lutas dos sem-teto e sem-terra.
• Contra a
criminalização dos movimentos sociais.
• Ampliação
dos serviços públicos de saúde e educação em Recife.
• Plano de
obras públicas que construa mais escolas, hospitais, postos de saúde,
laboratórios estatais para a produção de medicamentos na cidade.
• Defendemos
dobrar a verba destinada à saúde e à educação na cidade.
• Acesso
gratuito à cultura para a juventude pobre.
• Pela
redução nas passagens de ônibus.
• Passe
livre para estudantes e trabalhadores desempregados.
•
Estatização dos transportes públicos no estado sob o controle dos
trabalhadores.
• Por uma
política de empregos para as mulheres trabalhadoras, especialmente para as
mulheres jovens na cidade.
• Plano de
obras que garanta a construção de creches, lavanderias e restaurantes públicos
para liberar a trabalhadora do estado das tarefas domésticas.
• Licença
maternidade de seis meses, obrigatória e garantida pelo estado.
• Criação de
um programa de assistência integral à saúde da mulher na cidade.
• Punição
mais rigorosa para todos os crimes de racismo e homofobia, com pena de prisão.
Direção
estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU
Recife, 30
de maio de 2012