Sempre forte nos depoimentos das vítimas são a culpa, o medo e a solidão. Pode ser complicado de entender a culpa. Ela vem mais tarde. Primeiro, chega a indagação solitária sobre o que estaria acontecendo. O significado de atos tão estranhos, o porquê daquilo e o "errado", percebido no escondido, funcionam como mordaças. Torna-se difícil pedir ajuda se não houver abertura para tal. Vide o caso Xuxa, que enaltece a mãe amorosa mas que não percebia o que ocorria.
Com a não compreensão do que se passa vem o medo da cumplicidade e a indagação: por que eu? E, por fim, com o entendimento, vem a culpa e a vergonha. O primeiro sinal deveria ser percebido no lar. A criança muda de comportamento com alguma pessoa. Estranho? Tem que saber o que há. Pode também aumentar a agressividade ou, ao contrário, o isolamento.
O outro passo tem que ocorrer na escola, com professores preparados para detectar as mudanças de comportamento e sabendo como conversar com a criança e encaminhar o caso à família ou ao Conselho Tutelar. Geralmente, o molestador é conhecido.
Xuxa, que se conecta com crianças, ajudou-as e a seus pais ao falar de forma tão pessoal de um tema tabu. Haja vista que as denúncias cresceram 30% após seu depoimento. Mas será pouco o ganho se a criança não tiver para quem apelar. (Marta Suplicy - Portal 247)
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