quarta-feira, 30 de maio de 2012

CPMI do Cachoeira convoca Agnelo e Perillo, mas rejeita convocação de Cabral

Os depoimentos dos governadores do DF, Agnelo Queiroz, e de Goiás, Marconi Perillo, ainda não foram marcados. Convocação do governador fluminense, Sérgio Cabral, foi rejeitada por 17 votos a 11.

Gustavo Lima
Dep. Carlos Sampaio (PSDB-SP) sen. Vital do Rêgo (presidente da CPMI) e dep. Odair Cunha (PT-MG)
A convocação do governador goiano foi decidida por unanimidade, e a do governador do DF por 16 votos a 12.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). A convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), no entanto, foi rejeitada. A CPMI investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
Os parlamentares decidiram, por unanimidade, chamar Perillo para depor depois de o governador ter anunciado a integrantes do seu partido que queria vir ao Congresso para relatar seu nível de relacionamento com o contraventor. Já a decisão sobre a convocação de Agnelo passou por 16 votos contra 12. As datas dos depoimentos ainda serão definidas.
Em seguida, a CPMI rejeitou, por 17 votos contra 11, a convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Alguns parlamentares alegaram ainda ser necessário analisar os dados da Delta Construções S.A., que teve seus sigilos quebrados, em âmbito nacional, na reunião de terça-feira (29).
Análise de documentos“Vamos aguardar a análise dos documentos [da Delta]; se for necessário, o governador Cabral será convocado e os outros poderão ser chamados novamente”, disse o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG). “O importante é que criamos o precedente de chamar os governadores”, acrescentou. Cunha defendeu a convocação de Perillo, mas foi contrário à convocação de Agnelo e de Cabral.
Os nomes de Perillo e Agnelo foram citados por integrantes da suposta quadrilha de Cachoeira em conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo, que subsidiam a investigação da CPMI. Sérgio Cabral apareceu em fotos e vídeos ao lado de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, empreiteira ligada à organização criminosa.
Votação tumultuadaA votação dos requerimentos de convocação foi tumultuada. Enquanto o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que comandava a reunião, tentava transferir para o plenário da comissão algumas prerrogativas que podia adotar individualmente – se a votação dos requerimentos seria em bloco ou individual –, parlamentares, especialmente da oposição, criticavam o que chamaram de tentativa de adiar a decisão.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) foi um deles. “Estamos enrolando, discutindo há 30 minutos se vamos transformar essa CPMI em uma farsa. Temos que decidir a convocação no voto. Temos que votar sim ou não à vinda dos governadores, e que cada um assuma responsabilidade política pela sua decisão”, cobrou.
O líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), em determinado momento afirmou que havia recebido uma ligação de Marconi Perillo se dispondo a depor na comissão, como uma forma de pressão para que o PT admitisse a hipótese da convocação também de Agnelo. “Eu acabei de receber telefonema do governador Marconi Perillo e ele disse que quer comparecer na próxima reunião”, disse.
“Isso é um teatro, o Marconi se mostra tão disposto a comparecer na CPMI para falar e devia demonstrar a mesma disposição para apresentar seus sigilos bancário e telefônico”, declarou o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP). Questionado se o governador do DF contava com apoio do partido, Tatto respondeu que sim e se mostrou confiante que a presença de Agnelo vai “mostrar que não tem nada com Cachoeira”.
Quebra de sigilo
Antes da convocação dos governadores, a comissão havia adiado a votação de pedido de quebra de sigilo telefônico e de SMS de Perillo. Os deputados do PSDB protestaram pelo fato de não terem sido colocados em votação, também, requerimentos de quebra dos sigilos dos governadores do PT e do PMDB. “Não pode haver dois pesos e duas medidas”, argumentou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
Em defesa de sua estratégia, Odair Cunha afirmou que há indícios que justificam a quebra do sigilo do governador de Goiás. Segundo ele, há 237 referências a Perillo nas gravações telefônicas registradas pela Polícia Federal na investigação sobre o grupo de Cachoeira.
“São condutas individualizadas, e há, nos autos da Polícia Federal, mais evidências contra o governador Marconi Perillo”, disse Cunha. “Os cheques para pagamento da casa [do governador goiano, assinados por um sobrinho de Cachoeira] foram parar na conta dele. Há um nível de envolvimento diferente com a organização criminosa.”(Agência Câmara de Notícias)

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