quarta-feira, 19 de março de 2014

A "cobra tá fumando" em Maracanaú

Acusado de comandar fraude, vice-prefeito de Maracanaú está foragido

Dez pessoas estão presas e cinco foragidas após investigação que detectou fraude de R$ 47 milhões em licitaçõesjessicawelma@opovo.com.br

O vice-prefeito e secretário de Infraestrutura de Maracanaú Carlos Eduardo Bandeira de Mello (PR) é acusado de liderar esquema de fraudes em licitações da ordem de R$ 47 milhões, realizadas nos últimos sete anos. O esquema foi revelado, ontem, após operação do Ministério Público do Ceará (MP-CE) em parceria com as polícias Civil e Militar. Dez pessoas foram presas. O secretário e outras quatro estão foragidas.

Bandeira é gestor da Secretaria de Infraestrutura desde a gestão do ex-prefeito Roberto Pessoa (PR). Ele é acusado de centralizar a atuação de quatro construtoras que se revezaram para se beneficiar de licitações em Maracanaú desde 2007. Foram expedidos mandados de prisão e de buscas e apreensões tanto em Maracanaú como em Maranguape, São Gonçalo do Amarante, Fortaleza e Aquiraz. Também foi quebrado o sigilo bancário e telefônico dos envolvidos.

Até ontem, a Polícia cumpriu 10 prisões e 18 buscas de documentos relacionados às licitações em condomínios de luxo, na sede das empresas e nas secretarias de Infraestrutura e de Finanças de Maracanaú. Entre os dez detidos na Delegacia de Capturas, em Fortaleza, estão membros da Comissão de Licitação e pessoas ligadas às construtoras.
As prisões preventivas foram feitas, segundo o promotor Manoel Epaminondas, para evitar bloqueios à investigação. O MP descobriu que o grupo teria se reunido, em novembro de 2013, para combinar versões a serem apresentadas em oitivas do órgão.
O MP destaca que, por as fraudes terem origem na disputa das licitações, o órgão considera todo o processo irregular e, portanto, pedirá o ressarcimento do valor total das licitações vencidas pelas empresas. A meta é de que até o fim de abril as investigações estejam concluídas e sejam enviadas para Justiça.
Prefeitura
O prefeito Firmo Camurça (PR) destacou que foi “pego de surpresa”. Ele disse que esteve nas secretarias onde foram feitas as buscas e se colocou à disposição, juntamente com secretários para fornecer qualquer informação necessária às investigações. Camurça disse ainda que não manteve contato com Carlos Bandeira ontem e que aguarda os encaminhamentos do MP. Não foi detectado envolvimento dele e do ex-prefeito no caso.

O ex-prefeito Roberto Pessoa (PR) disse que a Prefeitura tem aprovadas contas em diversas fiscalizações. Além disso, possuiria mecanismos de transparência das ações. “Fiscalizaram o que já foi fiscalizado”, criticou. “O vice-prefeito é de minha alta confiança, vou examinar a continuidade das investigações, quem tiver culpa que pague”, frisou. Ele disse haver “pigmentos políticos” na ação.
O POVO não localizou, por telefone, as empresas envolvidas
(O POVO Online)

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