Paulo Roberto Costa, preso ontem pela Operação Lava-Jato, foi co-autor dos pareceres que induziram Conselho da Petrobras a autorizar compra de Refinaria
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 20
o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, homem
forte na gestão do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli envolvido
diretamente na compra da polêmica refinaria de Pasadena (EUA). A Operação Lava
Jato, da PF, identificou a participação de Paulo Roberto em esquema de lavagem
de dinheiro e o relaciona a um "plano de negócios com a Petrobrás"
para venda de glicerina de uso industrial que seria intermediada por ele.
Paulo Roberto, que se desligou da Petrobrás em março de
2012, é investigado pelo Ministério Público Federal no Rio por irregularidades
na compra da refinaria de Pasadena pela estatal brasileira. Ele foi um dos
responsáveis por elaborar o contrato da compra e ajudou a fazer o "resumo
técnico" de 2006 criticado pela presidente Dilma Rousseff por não trazer
cláusulas do contrato que iriam transformar o negócio de Pasadena num problema
para a Petrobrás. A prisão não tem relação com as suspeitas de irregularidades
na compra da refinaria.
O executivo atuou na Petrobrás por indicação do PP e do
PMDB, da ala do partido ligada ao senador José Sarney (AP). Atualmente, ele
atua na área de afretamento de navios.
A Lava Jato desmontou organização criminosa acusada de
lavagem de recursos ilícitos no montante de R$ 10 bilhões. A investigação
mostra relações próximas do ex-diretor da Petrobrás com o doleiro Alberto
Youssef, condenado no caso Banestado – remessa de US$ 30 bilhões para o
exterior nos anos 1990.
A ordem de prisão temporária contra Paulo Roberto foi
decretada pela Justiça Federal no Paraná. Na segunda feira, a PF fez buscas na
residência do executivo, no Condomínio Rio Mar IX, Barra, e apreendeu em seu
poder US$ 181.485, R$ 751.400 e 10.850 euros em dinheiro vivo.
A Operação Lava Jato cumpriu 24 mandados de prisão e buscas
que resultaram na apreensão de documentos, computadores, veículos de luxo,
obras de arte e joias em 17 cidades de seis Estados e no Distrito Federal.
Entre os presos estava o ex-sócio da Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado, condenado
no processo do mensalão.
A investigação da PF revela que Youssef presenteou o
executivo com uma Land Rover, em março de 2013. O carro foi encontrado no mesmo
endereço onde a PF localizou todo o dinheiro em espécie.
Inicialmente, a Justiça só havia ordenado a varredura nos
endereços de Paulo Roberto. A prisão foi decretada quando surgiram indícios de
que o alvo estaria ocultando provas.
O ex-diretor alega que ganhou o veículo por "serviços
de consultoria" e que não há relação com o cargo então ocupado na estatal.
A PF suspeita que Paulo Roberto e Youssef, agindo em conluio, planejavam
conquistar contratos milionários com a Petrobrás por meio da Labogen Química.
O doleiro seria o verdadeiro controlador da empresa que, em
dezembro, assinou contrato de R$ 150 milhões com o Ministério da Saúde para
fornecimento de medicamento. O negócio foi amparado na Parceria para o
Desenvolvimento Produtivo (PDP), mecanismo adotado pela Pasta em abril de 2012.
Youssef foi um dos principais doleiros do Caso Banestado.
Naquela investigação, foi revelado que ele controlava diversas contas bancárias
no Brasil em nome de ‘laranjas’. Uma conta era em nome da empresa Proserv
Assessoria Empresarial S/C Ltda, em cujo quadro social figuravam subordinados
do doleiro. Nessa conta, Youssef depositou R$ 172,96 milhões.
Ao analisar documento na sede da Labogen intitulado
"projetos em desenvolvimento", a PF destacou em relatório.
"Observa-se que o foco da Labogen é a Petrobrás, que já havia sido citadas
em conversas telefônicas monitoradas. O documento da PF faz um alerta.
"Pode-se estar diante, portanto, de mais uma ferramenta para sangria dos
cofres públicos, uma vez que os Relatórios de Inteligência Financeira indicam
claramente a atuação da empresa Labogen para objetivos bem distintos de seu
objeto social."
A PF incluiu Paulo Roberto em um dossiê com dados pessoais
da organização criminosa que se dedicava à lavagem de dinheiro. Em um trecho do
documento, a PF anexou foto do executivo e o ligou a outros 11 investigados. Ao
pedir autorização para compartilhar os procedimentos envolvendo os alvos da
Lava Jato com a Receita, Banco Central, Controladoria Geral da União e Tribunal
de Contas da União, a PF assinalou: "a organização criminosa ora investigada
demonstrou de forma clara sua forte atuação."
( Estadão)
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