quarta-feira, 19 de março de 2014

A realidade que abate Eduardo Campos

Por Noelia Brito*

O ainda governador Eduardo Campos continua patinando no discurso que pretende adotar no enfrentamento da presidente Dilma, durante a corrida presidencial que se inicia.

Primeiro, tentou encampar os jargões da nova política, trazidos pela recém aliada Marina Silva, mas os demais aliados de seu palanque, que vão desde Inocêncio Oliveira, passando por Severino Cavalcanti, Roberto Magalhães e a família Bornhousen, passando por Demóstenes Torres, deixam seu discurso de defensor da nova política marineira, em clara contradição com as práticas de seus apoiadores e principais entusiastas de sua candidatura presidencial.

Mas não é só no “dize-me com quem andas” que Eduardo encontra dificuldades em se mostrar coerente com o que apregoa em suas falas. As práticas que adotou para garantir a hegemonia de sua gestão no comando de Pernambuco não diferem, em nada, daquelas  que tanto condena nas velhas raposas que diz combater e no governo que pretende suceder, ao qual, inclusive, integrava e com muito gosto, há poucos meses.

Ao dizer que a presidente Dilma distribui cargos como quem distribui bananas, Eduardo faz tábula rasa da inteligência do povo, pois seu próprio governo foi um governo de coalizão, no qual não teve pudor de reunir vários partidos para os quais distribuiu cargos à vontade, inclusive para prefeitos e deputados derrotados que ocupam, até hoje, assessorias especiais em seu gabinete, não se sabe para fazer o quê.

Para eleger o prefeito Geraldo Julio na Prefeitura do Recife, reuniu uma Frente com mais de 10 partidos, para os quais foram distribuídos cargos e empregos terceirizados, criando-se até secretarias especiais para que vereadores assumissem tais órgãos, de modo a contemplar o máximo de suplentes possíveis da Frente Popular que elegeu o protegido do governador.

Ao criticar a política econômica do governo Dilma, o governador Eduardo Campos também não encontra discurso fácil, basta consultar o resultado da geração de empregos em Pernambuco e no Brasil, para o mês de fevereiro, por exemplo.

Com todos os benefícios fiscais que Eduardo concedeu, juntamente com seu candidato ao governo do Estado de Pernambuco, o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, a pretexto de gerar empregos, como justificativa para tanta renúncia de receita e será fácil perceber que tal previsão não se concretizou.

Na verdade, no mês de fevereiro, o estado de Pernambuco ostentou o terceiro pior resultado do País. No mês passado, o saldo de demissões foi de cerca de 880 empregos com carteira assinada, o que representa uma redução de 0,06% em relação a janeiro deste ano, já o nível de geração de empregos no período, para o Brasil, foi o maior desde 2011, tendo um aumento de 110%.

Pernambuco, aliás, só não foi pior do que o Amapá, do também socialista Camilo Capiberibe e o Maranhão, da peemedebista Roseana Sarney. Destoando da situação crítica vivida por Pernambuco, no restante do Nordeste houve um aumento na geração de empregos em fevereiro, com mais de 17,5 mil postos sendo criados, dos quais cerca de 14,6 mil na Bahia e no Ceará.

Os demais indicadores sociais e econômicos, inclusive o nível de endividamento do estado de Pernambuco, este o maior entre todos os estados da Federação, não militam em favor da candidatura de Eduardo Campos e os jornais do Sudeste já começaram a mostrar a vida como ela é em Pernambuco. Eduardo e seu séquito também começam a ver que o Céu não é tão perto na vida real quanto lhes parecia em sonho e o Palácio do Planalto, esse é que parece mais distante mesmo, a cada passo dado por Eduardo para fora do Campo das Princesas.


*Noelia Brito é advogada e procuradora do município do Recife

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