O anúncio da desistência da Petrobras em instalar a Refinaria Premium II no Ceará, após consecutivos adiamentos e promessas reafirmadas tanto pelo ex-presidente Lula como pela atual presidente da República, Dilma Rousseff, repercutiu mal entre as lideranças políticas cearenses. Rapidamente, a oposição tratou de caracterizar a promessa da Petrobras como uma “enrolação”, entre outros adjetivos pejorativos. Já os aliados do governo, como os deputados José Albuquerque, presidente da Assembleia Legislativa, e Sérgio Aguiar (ambos do Pros) se dizem surpresos, mas ressaltam que irão continuar lutando para a concretização da obra.
O deputado João Jaime (DEM) aponta que a promessa foi um “um estelionato eleitoral”, “uma enganação política”. O deputado Heitor Férrer (PDT) classificou a refinaria como “um sonho que desde o inicio já era um pesadelo”. Para a implantação da refinaria Premium II, estavam previstos gastos da ordem de R$ 30 bilhões. A construção do equipamento no Ceará deveria absorver mão de obra de cerca de 40 mil operários.
Para viabilizar a implantação do projeto no Ceará, o governo do Estado, investiu pelo menos R$ 600 milhões. O Estado já estava preparado para receber a refinaria e o Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, recebeu investimentos, a água foi garantida, uma comunidade indígena seria reassentada, um terreno de dois mil hectares foi comprado, e uma rodovia foi construída.
Em entrevista a O Estado, Heitor Férrer disse não está surpreso com a desistência da estatal e que ele nunca acreditou que a refinaria sairia do papel. “Desde o inicio da refinaria, eu sempre fui incrédulo, eu nunca acreditei. Eu disse que era muito importante para o Ceará, mas em nenhum momento eu acreditei que ela sairia do papel. Isso foi uma venda de um sonho que desde o inicio já era um pesadelo”, classificou.
Heitor ainda considera que não somente a sociedade foi enganada, mas como também os políticos que acreditaram no projeto. “Para ser bem sincero, foi apenas um sonho. Prometer é uma coisa, mas o interesse de se concretizar é outro. A sociedade, os líderes políticos, todos nós fomos enganados pelo governo federal. O que é pior: nós indenizamos áreas, reestruturamos áreas, o Estado fez seu papel, mas foi enganado”, enfatizou.
Para João Jaime, o projeto não fazia, verdadeiramente, parte dos planos da Petrobras. “A refinaria nunca esteve nos planos de investimento da Petrobras, o que existia era projetos de viabilidade econômica que isso foi utilizado politicamente para beneficiar candidatos aqui no Ceará. Mas nos planos da Petrobras, nunca houve sequer investimento para que essas refinarias existissem”, apontou.
“CEARENSE NÃO DESISTE NUNCA”
Apesar de a Petrobras anunciar a desistência do projeto, sem dar nenhuma perspectiva de retomada, parlamentares aliado ao governo enxergam o anúncio apenas como mais um adiamento. O presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (Pros), informou, através de sua assessoria, que irá continuar defendendo e lutando para que a Refinaria Premium II seja instalada no Ceará.
O deputado Sérgio Aguiar (Pros), disse que recebeu a notícia com muita surpresa e que irá continuar lutando para que o projeto se concretize. “Realmente, foi com muita surpresa que recebemos a notícia, ela nos causa, de certa forma um desanimo, mas como somos cearenses e não desistimos nunca, eu espero que essa fase passe, e a refinaria volte a fazer parte dos planos da Petrobras”, ressaltou.
PRÉ-ANUNCIADA
Apesar de somente agora a Petrobras anunciar “oficialmente” a desistência do projeto, parlamentares cearenses já tratavam a obra como um “calote”, como apontou o deputado Roberto Mesquita (PV) em outubro do ano passado, quando a estatal anunciou um novo adiamento para o início das obras. No mesmo período, o deputado Carlomano Marques (PMDB) classificou a refinaria como “um pesadelo”, uma “mentira”.
Em novembro o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) afirmou que a Refinaria Premium II, não sairia nesse novo mandato de Dilma Rousseff (PT). Para o deputado, a petista “enrolou” o então governador do Ceará, Cid Gomes (Pros) e, segundo ele, iria continuar “enrolando” o governador eleito, Camilo Santana (PT).
SEM RESPOSTA
Durante todo o dia de ontem, o Jornal O Estado tentou ouvir um posicionamento do governador Camilo Santana, mas, até o fechamento desta edição, a assessoria não havia dado retorno. O Estado também tentou conversar com os senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Pimentel (PT), mas nenhum dos parlamentares foi localizado.
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