quarta-feira, 20 de junho de 2012

Greve geral nos transportes coletivos

Mesmo após nova proposta salarial de 8,5%, a categoria de motoristas e cobradores, já preparados para paralisação, votaram, por unanimidade, pela greve

Não adiantou. Mesmo com novo reajuste salarial, de 8,5%, e suposta satisfação dos líderes sindicais de motoristas e cobradores de ônibus, a categoria confirmou, de forma eufórica, greve por tempo indeterminado em 100% da frota a partir da meia-noite de hoje. Ainda não há decisão judicial que limite o número mínimo de coletivos em funcionamento, qualquer negociação entre trabalhadores e empresários está cancelada e, por mais um ano, os fortalezenses irão lidar com a impossibilidade de locomoção em transporte público.

Às 16 horas de ontem, quando a segunda assembleia na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Ceará (Sintro) começou, mais de 600 pessoas gritavam por greve. A rejeição da ponderação feita pelos diretores do Sindicato, que afirmavam ser a proposta oferecida na segunda-feira (18) satisfatória, foi imediata. “Lamentamos o resultado, mas a categoria é soberana e decidiu pela paralisação de 100%. Obedeceremos a qualquer ordem judicial, mas espero que não seja estipulada circulação de 80% da frota, porque isso é quase tudo”, afirmou um dos diretores do Sintro, Geraldo Lucena.

Conforme Lucena, um reajuste de 10% no salário-base e o fornecimento de plano de saúde poderiam, caso oferecidos, abortar a continuação da greve. “Se trouxesse, a categoria aceitaria imediatamente”, frisou. Durante as oito rodadas de negociação, o Sindicato das Empresas de Ônibus do Ceará (Sindiônibus) ofereceu 4,88% de aumento, enquanto a categoria pleiteava 15%, porcentagem reduzida dos 25% pedidos inicialmente. Após mediação da Superintendência Regional do Trabalho (SRT), foram oferecidos 8,5% de acréscimo no salário, R$ 1,00 no vale-refeição e R$ 10,00 na cesta básica.

SENTIMENTO DA CATEGORIA
O assessor político do Sintro, Valdir Pereira, avaliou que a categoria foi instigada à paralisação, o que dificultou uma avaliação mais detalhada sobre a nova proposta. “Nós explicamos na assembleia, mas o sentimento era de trabalhadores que esperaram, por muito tempo, por uma boa proposta, e já estavam preparados para a greve”, considerou. A direção do Sindicato, agora, conforme Valdir, “assumirá as consequências, junto à categoria”.

A estratégia de greve terá início na paralisação dos ônibus conhecidos como “corujão”. São cerca de 24 coletivos das empresas, responsáveis por transportar dois mil cobradores e motoristas até as garagens. Impedir a saída das linhas faz parte das ações para evitar risco de conflitos, como os registrados na última greve da categoria, em 2010. “Não temos como pegar os trabalhadores e levar para trabalhar, não temos controle quanto a isso. Fazemos um apelo ao Sindiônibus e à Prefeita, que afirmou fazer de tudo para que a greve não acontecesse”, acrescentou o presidente do Sintro, Domingo Neto.

PREPARAÇÃO DO SINDIÔNIBUS
“Estávamos preparados para um desfecho, pois vimos que o Sintro havia recebido a última proposta com muito entusiasmo”, declarou o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira. As ações após a confirmação da greve foram de orientar as empresas e aguardar a definição do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) quanto às porcentagens mínimas de circulação. “Pedimos 80% em horário de pico e 60% no restante do dia”, disse. Conforme Dimas, todos os trabalhadores serão convocados e, quem não trabalhar, terá falta registrada. Ainda hoje, o Sindiônibus pedirá, junto ao TRT, o Dissídio de Greve.

“Não existe mais possibilidade de nada”, disparou Dimas, fazendo referência a possíveis negociações. Mais de 200 funcionários do Sindiônibus estarão, durante todo o dia, orientando passageiros em terminais e paradas de ônibus, além do monitoramento permanente sobre o número de veículos em circulação.

Ontem, uma reunião entre Dimas Barreira, o presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, e a prefeita Luizianne Lins deveria calcular quais impactos o reajuste salarial traria às empresas e se haveria aumento de tarifa de ônibus. Após a confirmação da paralisação de motoristas e cobradores, o encontro foi cancelado.

ACOMPANHAMENTO
Resultados obtidos via GPS da frota operante de Fortaleza, ontem. Os números referem--se aos veículos de todas as empresas. Conforme informações da Etufor, o monitoramento é diário.
(O Estado)

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