terça-feira, 23 de abril de 2013

Morte do padre Herique: EX-MINISTRO E MPPE FORAM "CÚMPLICES"

MEMÓRIA Para Henrique Mariano, relator do caso padre Henrique, o então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, e promotores de Justiça agiram para ocultar as causas do crime
Por agir para omitir a apuração verdadeira e os nomes dos autores do crime, impedindo a pronúncia dos mesmos - apenas Rogério Matos foi pronunciado, para logo depois ser impronunciado - a Comissão Estadual da Memória e Verdade acusa como cúmplices da morte de padre Henrique o ministro da Justiça, jurista Alfredo Buzaid, os dois assessores do ministro e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em razão da "submissão" do promotor José Ivens Peixoto. Os documentos, concluiu a Comissão, inocentam de participação no assassinato de padre Henrique o investigador Henrique Pereira da Silva, o X-9 (já falecido), que ao longo de quatro décadas foi sempre citado como um dos autores. Conclui, ainda, que os inicialmente denunciados Pedro Jorge Bezerra (operário) e Maurice Och são inocentes.
 Os documentos obtidos pela Comissão Estadual da Memória e Verdade revelam o clima de terror gerado na Igreja com a morte de padre Henrique. "As transcrições das gravações (grampos) revelam que, na residência de dom Helder Câmara, havia escuta telefônica 24 horas, assim como na de lideranças do clero. Os agentes faziam relatórios por turno", revelou o relator do caso padre Henrique na Comissão da Memória e Verdade, Henrique Mariano, em coletiva ao lado dos demais integrantes do colegiado que investiga os crimes de sequestro, tortura, mortes e demais violações aos direitos humanos durante o regime militar (1964/1985). "Há uma transcrição que revela a descrença de dom Helder, que não acredita na imparcialidade da investigação sobre a morte de seu auxiliar padre Henrique e a sua opinião de que o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) tinha participado do trucidamento, juntamente com a entidade católica Tradição Família e Propriedade (TFP)", citou Mariano."
 Para apurar as responsabilidades, o governador Nilo Coelho designou uma comissão judiciária, presidida pelo juiz Aloísio Xavier, que durou apenas 24 dias. Ele chegou a pedir dilatação do prazo, mão foi negado. "A comissão descartou a motivação política, alegando que padre Henrique não tinha vinculação partidária. Risível, porque para fazer política não precisa ter um partido. Padre Henrique conscientizava jovens para o trabalho social, o que era visto como subversão pelo regime", reparou Mariano.
 Fonte: Jornal do Comércio
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É o caso de se fazer uma reflexão:
Ora, quem pode se admirar da prevaricação de Buzaid no caso, logo ele que teve um filho suspeito de ter participado de um dos crimes mais bárbaros que já se teve notícia na década de 70, até hoje impune, ocorrido na época em que era ministro da Justiça, o estupro, tortura e assassinato da menina Ana Lídia (um tio meu que era advogado em Brasília era amigo de um dos delegados que investigou o caso e que evidentemente foi afastado quando chegou perto de desvendá-lo, isso já na década de 80...lembro que ele andava com as fotos do caso, mas não me deixaram ver porque eu era adolescente ainda e as fotos eram extremamente chocantes):
"Os suspeitos do crime foram o seu próprio irmão Álvaro Henrique Braga (que, juntamente com a namorada, Gilma Varela de Albuquerque, teria vendido a menina para traficantes) e alguns filhos de políticos e importantes membros da sociedade brasiliense. Mas os culpados nunca foram apontados e o caso Ana Lídia se tornou mais um símbolo da impunidade em Brasília.
As investigações apontaram que Ana Lídia foi levada ao sítio do então Vice-Líder da Arena no Senado, Eurico Resende, situado em Sobradinho, no Distrito Federal. Testemunhas disseram que à noite, Álvaro e a namorada saíram e deixaram a menina com Alfredo Buzaid Júnior, Eduardo Ribeiro Resende (filho do senador, dono do sítio) e Raimundo Lacerda Duque, conhecido traficante de drogas de Brasília. Quando voltaram ao sítio, encontraram Ana Lídia morta. Como o principal suspeito era o filho do então Ministro da Justiça Alfredo Buzaid uma grande polêmica se formou em torno do caso.
Entre os suspeitos estava também o futuro Presidente da República Fernando Collor de Mello, que, na época, tinha 24 anos de idade. Não há evidência que Collor esteja envolvido no crime, mas mesmo assim durante a campanha eleitoral de 1989 Collor foi acusado de ter participado do crime1 ."


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