Quando o assunto é eleição no Ceará, as atenções estão, via de regra, voltadas para a sucessão ao Palácio da Abolição. Mas, a vaga única para o Senado Federal é a cereja do bolo. Ponto de cobiça de parte das lideranças políticas. A indicação dos candidatos, no entanto, parece ficar à parte. Surgem como um item acessório na composição da aliança majoritária.
Com a proximidade do período de convenções, que se inicia em junho, os partidos políticos intensificam as articulações para a escolha dos nomes que vão representar os interesses eleitorais das legendas este ano.
No Estado, pelo menos quatro nomes são especulados para candidatura à única vaga em disputa este ano no Senado. O deputado federal José Guimarães (PT), o senador Inácio Arruda (PCdoB), o presidente estadual do PPS, Alexandre Pereira, e a ambientalista Geovana Cartaxo (PSB/Rede) são cotados como possíveis candidatos. Como a eleição, também, se trata de uma disputa majoritária, a exposição dos indicados se assemelha à da disputa para o governo.
Segundo o presidente estadual do PT, De Assis Diniz, a indicação de Guimarães faz parte do indicativo de três correntes do PT, que se reuniram e apresentaram uma tese. “Isso reflete 75% dos filiados da legenda. Internamente, a intenção é indicar o nome de Guimarães. Até o momento não existe outra possibilidade”, afirma, deixando de lado a vontade dos militantes que defendem a candidatura própria da legenda, da ala ligada à ex-prefeita Luizianne Lins.
O deputado federal Guimarães já evidenciou desejo e disponibilidade de disputar a vaga, em uma aliança unindo Pros, como cabeça de chapa para o governo do Estado, e PT para o cargo de senador. “Meu nome é sempre lembrado, mas vamos discutir na hora certa”, disse em entrevista ao jornal O Estado.
SEM APOIO
A decisão contraria a vontade do PCdoB em disputar a vaga com o apoio do PT. O presidente estadual da legenda, Luiz Carlos Paes, disse, inclusive, que os petistas estavam sendo egoístas em querer disputar o Senado, retirando o apoio à reeleição de Inácio Arruda. “O partido está indo com muita sede ao pote, está sendo exagerado e, acima de tudo, egoísta”, reclama o comunista.
Mesmo sem o apoio de petistas, o senador Inácio Arruda assegura que tentará a reeleição, mas continuará conversando com os partidos da coligação, inclusive com o PT, para viabilizar a candidatura. “Você está falando com a pessoa certa! Nós estamos discutindo no partido, e a ideia do PCdoB é manter as conquistas alcançadas e buscar ampliá-las. Queremos manter o espaço no Senado da República”, pontuou o parlamentar.
Além disso, o partido pretende eleger dois deputados federais e três deputados estaduais. “Todas as legendas têm interesse de disputar, todas têm legitimidade. Não é possível que, numa situação dessas, não seremos apoiados e nem conseguiremos uma unidade”, diz Inácio.
De olho no Senado e com o intuito de formar um palanque forte no Ceará, outras cenários também são especulados. É o caso do que envolveria PMDB, PCdoB e PR, legendas que fazem parte da base de apoio do governo Dilma e que podem compor aliança com candidatos a governador do Estado (Eunício Oliveira), a senador Federal (Inácio Arruda), cabendo ao PR a indicação do vice-governador. “Normalmente quem tem plano B, não tem o A. Nossa ideia é dialogar e se esforçar para manter a unidade. Se não der certo, se não funcionar, aí nós vamos examinar e decidir qual posição tomaremos”, concluiu.
OUTRAS ARTICULAÇÕES
Tem ainda o caso dos partidos que pretendem se aliar ao candidato indicado para o Palácio da Abolição pelo governador Cid Gomes, mas que tem resistências aos nomes citados, até agora, para o Senado Federal. O Democratas e o PDT, por exemplo, já manifestaram simpatia pela possível candidatura do presidente do PPS, Alexandre Pereira, atual secretário de Desenvolvimento do Ceará. Segundo o deputado federal André Figueiredo (PDT), a legenda tem “muita simpatia” pela candidatura. “O Alexandre Pereira é um grande parceiro nosso, assim como o ex-senador Flávio Torres. Mas, oficialmente, não temos nada acertado”.
Nos bastidores, alguns partidos defendem o nome do presidente estadual do PPS como opção ao Senado, justificando discordar dos nomes postos na disputa. O DEM, por exemplo, “não tem pretensão” de concorrer à vaga ao Senado, porque “quer fortalecer as chapas proporcionais”, de acordo com presidente estadual do DEM, Moroni Torgan. Vale lembrar que o presidente estadual do PPS foi vice-prefeito da chapa de Moroni, quando o mesmo concorreu, em 2008, à Prefeitura de Fortaleza.
NOVAS POSSIBILIDADES
No cenário da disputa eleitoral, novas possibilidades aparecem. Como é o caso da ambientalista Geovana Cartaxo (PSB/Rede). “Fui convidada pela Marina Silva e por seu assessor Pedro Ivo para ser a candidata ao Senado, representando a Rede Sustentabilidade no Ceará”.
A pré-candidata pretende defender, durante a campanha, questões ambientais, como uma Reforma Tributária Verde que inclua em seus objetivos o incentivo às atividades de baixo impacto ambiental, as tecnologias limpas e a economia verde. A ideia é criar as condições para que o candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, tenha um palanque no Ceará. Os nomes dos candidatos, no entanto, só serão definidos nas convenções, em junho.
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