Cid tem carta branca para montar palanque
O governador Cid Gomes (Pros) almoçou com a presidente Dilma Rousseff (PT), em Brasília, na última segunda-feira (27) acompanhado do secretário de Saúde, Ciro Gomes, e dos ministros Aloísio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Articulação Política). No cardápio, filet, paella e a análise da situação política no Brasil e no Ceará.
Na ocasião, Dilma reafirmou a Cid que a condução do processo eleitoral no Ceará caberá ao próprio governador. A presidente deixou claro que não vai interferir nas articulações e que não pretende manifestar ou pedir apoio a outras lideranças que pertencem a sua base de sustentação. Dilma ainda ressaltou que Cid deve conduzir o processo no “tempo dele”. Antes de encerrar o encontro, a presidente mandou buscar um bolo com cinco velinhas e puxou o “parabéns pra você”. Cid Gomes completou 51 anos no sábado (26).
Ontem, lideranças ligadas ao senador Eunício Oliveira (PMDB) e à ex-prefeita Luizianne Lins (PT) confidenciaram aos jornalistas uma outra versão dos fatos, segundo a qual, Dilma teria pedido a Cid que apoiasse a candidatura de Eunício ao governo do Ceará.
Nos bastidores, a informação que circulou foi de que Dilma teria intercedido por Eunício e o pedido teria surpreendido a Cid. As conversas ainda ganharam força quando o governador deixou de participar do seminário preparatório do BRICs, na Universidade de Fortaleza. O Ceará vai sediar o evento no próximo mês de julho.
Faltam 60 dias para o final do prazo de homologação das candidaturas e, até lá, ainda há tempo para muitas articulações.
FIM DO PRAZO
Hoje, porém, encerra o prazo estabelecido por Eunício Oliveira para receber a resposta sobre o possível apoio de Cid Gomes à sua candidatura ao governo. O senador disse que esperaria até 30 de abril pela manifestação de Cid. O governador, no entanto, diz que não aceita pressão e nem prazos estipulados por aliados.
Até agora, não há nenhuma sinalização de que o Pros abrirá mão de indicar um de seus quadros. A situação chegou a um ponto em que a possibilidade de ruptura do PMDB e Pros parece ser mais provável que a de união. No meio político, não se descarta nenhuma possibilidade e as especulações só aumentam.
A avaliação do deputado Danilo Forte (PMDB) é que, da forma como foi conduzido o processo, a candidatura de Eunício é irreversível. Caso contrário, o recuo pode acarretar prejuízos políticos incalculáveis ao peemedebista. Segundo ressaltou, o senador é uma liderança de peso no Congresso Nacional e isso poderá ser um indicador na decisão final dos demais aliados.
Danilo, porém, defendeu a entrega dos cargos no governo estadual, uma vez que os cargos ocupados não tem nenhuma expressividade que justifique a demora da devolução. “O PMDB já deveria ter devolvido os cargos públicos do governo Cid, porque, não fazendo isso, fica numa situação incômoda e até humilhante dentro da coligação”, salientou, acrescentando que, agora, o partido deve se concentrar no seu programa de governo, analisar o governo Cid e apontar soluções para as problemáticas, como a segurança pública.
Já para o deputado Eudes Xavier, a presidente Dilma Rousseff poderá influenciar no apoio do PT à candidatura do senador Eunício Oliveira, observando que, em nível nacional, os dois partidos marcham unidos em torno da reeleição de Dilma. “Se essa união funciona bem na área federal poderia ser repetida no Ceará, porque, em outros estados, isso já está acontecendo e com bons resultados”.
O jornal O Estado tentou ouvir o deputado federal José Guimarães (PT) e o senador Eunício Oliveira ontem. Ao longo da tarde, as ligações não foram atendidas.
BASTIDORES
No encontro da Executiva municipal do PT com vereadores, na Câmara de Fortaleza, o assunto foi evitado. O presidente do PT Fortaleza, Elmano de Freitas, afirmou não ter dito informes sobre o encontro entre Cid e Dilma e, por isso, não teceu comentários, ressaltando que a decisão sobre a sucessão estadual caberá ao diretório estadual.
Ano passado, Cid Gomes deixou o PSB para apoiar à candidatura a reeleição da presidente Dilma Rousseff à Presidência da República. Assim, o governador ganhou carta branca dos petistas no processo eleitoral, inclusive, podendo romper com o senador Eunício Oliveira (PMDB) para seguir uma decisão de Cid.(O ESTADO)
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