quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Gatos pingados" protestam contra a Copa em Fortaleza

 Polícia e manifestantes entram em confronto

Cerca de 300 manifestantes reuniram-se na tarde de ontem, na Avenida Alberto Craveiro, em frente ao viaduto do Macro, para protestar contra os altos investimentos com a Copa do Mundo. Vários grupos sociais e sindicais juntaram-se à massa, convocados pelo Comitê Popular da Copa, e caminharam pela avenida, em direção a Arena Castelão. Gritando palavras de ordem, estavam grupos como o Conlutas, a Crítica Radical, Servidores do IFCE, além de vários outros comitês sociais.

De acordo com uma das líderes do grupo Crítica Radical, Rosa da Fonseca, o ato é uma forma de protestar contra o capitalismo e os altos investimentos feitos para a Copa do Mundo, quando as pessoas necessitam de saúde, segurança, educação e moradia. Comemorando um ano da manifestação da Copa das Confederações que reuniu mais de 50 mil pessoas, ela conta que o reduzido número de pessoas presentes no ato não entristece, nem tão pouco enfraquece o movimento. “O clima de terror que se instalou com relação às manifestações foi muito grande. Mas, aos poucos, é possível perceber que as pessoas estão voltando a aderir o movimento e estão voltando para as ruas.  Não aguentamos mais os altos investimentos e a falta de políticas públicas. É possível enfrentar esse aparelho repressivo”, conta.

Os manifestantes chegaram a bloquear um trecho da Avenida Alberto Craveiro; a passagem de torcedores ao estádio foi impedida por alguns momentos. Um turista foi assaltado durante a manifestação. Segundo a Polícia, alguns homens aproveitaram a multidão do protesto e realizaram o assalto.

POLICIAMENTO
Cerca de 100 policias, divididos entre os batalhões do Choque, Cotan e PRE fizeram a segurança dos manifestantes e torcedores. Agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE), da Guarda Municipal, policiais rodoviários federais (PRF), promotores Ppblicos e membros da Cruz Vermelha também estavam no local.

Após andar até a primeira barreira policial, os grupos sociais decidiram recuar. Uma minoria de manifestantes começou a jogar pedras na polícia que revidou com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. Alguns manifestantes, intitulados black blocs, entraram em confronto com a polícia e a manifestação se estendeu para a BR- 16. No momento, a PRF interveio com vários homens e viaturas. A polícia militar utilizou pela primeira vez um carro para controle de distúrbios civis que jogava jatos d’água nos manifestantes, com o objetivo de dispersá-los.

O protesto foi disperso por volta das 15h30, pouco antes do início da partida entre Brasil e México no Castelão. Após o protesto, a via ficou com marcas de pedras jogadas contra os policiais e cápsulas de bala de borracha pelo chão. Alguns cones utilizados pela organização do serviço de segurança foram quebrados.

APREENDIDOS
Segundo a polícia, 30 pessoas foram detidas, entre elas 11 adolescentes. A polícia levou os detidos para a delegacia, onde prestaram depoimento. Segundo o coronel Soares, do Comando de Policiamento Especializado, os manifestantes apreendidos foram acusados de vandalismo e de estarem incitando a violência. Os detidos foram levados para o 5º Distrito Policial e os menores encaminhados à Delegacia da Criança e do Adolescente.

Moradores bloqueiam a via expressa
   Um grupo de cerca de 100 manifestantes, bloqueou, na manhã de ontem (17), a Via Expressa. Os manifestantes reivindicam por melhores condições de moradia e contra a remoção da população das comunidades localizadas ao longo da Via Expressa, devido à implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra de mobilidade que estava prevista para a Copa.

  Com bandeiras do Movimento dos Conselhos Populares (MCP), os manifestantes chegaram a bloquear com pneus a Via Expressa, no sentido Castelão.  Policiais militares do Raio e do Ronda do Quarteirão fecharam o outro sentido da via durante o protesto. Minutos depois, os dois trechos foram liberados e o grupo fez uma caminhada pela Avenida Abolição em direção à Igreja Nossa Senhora da Saúde.

(O ESTADO - Jessica Fortes

jessicafortes@oestadoce.com.br)

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