Candidatos à Presidência discutem agronegócio em sabatina da CNA
Os três principais candidatos à Presidência da República participaram, ontem, de uma sabatina promovida pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura). A presidente Dilma Rousseff afirmou que “a maioria das propostas [da entidade] faz parte das políticas que estamos implantando” e apresentou realizações do governo na área do agronegócio.
Dilma fez acenos ao setor ao defender a revisão nas normas de demarcação de terras indígenas – atualmente em curso no Ministério da Justiça – que deve incluir outros órgãos no processo, não apenas a Funai (Fundação Nacional do Índio). “Nós já demarcamos 17% do território do Brasil, agora as áreas são todas de conflito, vão precisar ter um tratamento adequado. Esses temas institucionais, junto ao meio ambiente, são cruciais, não é para o avanço só do agronegócio, mas para a estabilidade institucional do País”, afirmou a presidente.
Ela citou, como realizações do governo na área, o crescimento do crédito rural, a aprovação do novo Código Florestal, a expansão do seguro agrícola e os investimentos na assistência técnica rural, ressaltando a criação da Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural).
Sobre a reforma agrária, ao ser questionada na entrevista coletiva, Dilma disse ter feito a “maior reforma agrária do País”, contabilizando também o período do presidente Lula. A gestão da presidente, porém, é criticada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) como um dos piores nessa área, com baixo número de desapropriações de terras para destinar a assentamentos.
Aécio
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse que irá criar, no primeiro dia de governo, um “Superministério da Agricultura”, que estará em “igualdade de condições” em relação ao Ministério da Fazenda. A Agricultura já responde pelas áreas de Pecuária e Abastecimento e voltará a incorporar a Pesca, segundo Aécio, hoje uma secretaria com status de ministério.
“Criarei, no primeiro dia de governo, um Superministério da Agricultura, que terá assento em igualdade de condições à Fazenda e ao Planejamento”, afirmou, referindo-se a duas pastas que participam do CMN (Conselho Monetário Nacional). “O ministério não será subordinado ao ministro da Fazenda e ao presidente do Banco do Brasil”, afirmou o presidenciável durante sabatina da CNA.
Disse ainda que a agricultura participará de decisões sobre políticas de investimento em logística e infraestrutura. O candidato afirmou que outras áreas do governo poderão ser incorporadas a esse ministério, que participará de “todas as câmaras relevantes” para elaboração de políticas econômicas e definição de investimento e planejamentos.
Aécio afirmou que a pasta terá como representante uma pessoa “qualificada e representativa do setor”. “O Ministério da Agricultura sai definitivamente do balcão de negócios a que está submetido hoje.”
O candidato tucano disse ainda que o Brasil está na contramão do mundo ao subsidiar combustíveis fósseis e levar o setor de etanol a uma crise. “A crise quase de lesa-pátria contra o setor de etanol e biocombustíveis é marca da incapacidade desse governo de estabelecer estratégia que possam lançar confiança no futuro”, afirmou.
Eduardo
Já Eduardo Campos, candidato do PSB, prometeu aumentar mecanismos de proteção de renda e investir em logística por meio de parcerias com o setor privado. O ex-governador de Pernambuco afirmou que irá melhorar o sistema de seguros e fortalecer a interlocução dos agricultores e pecuaristas com Brasília, com mudanças no Ministério da Agricultura e criação de um conselho nacional para tratar dos temas do setor.
“Precisamos articular crédito, seguro e preço mínimo. Porque crédito sem seguro mata quem produz, quem arrisca. O sistema de seguro é muito tímido, só para catástrofe, mas não para proteção da renda”, disse. “Não adianta ter R$ 200 bilhões de crédito e fazer conta de palito na hora de viabilizar os subsídios e as subvenções do campo.” Campos procurou manter um discurso objetivo, abordando problemas do setor, e fez somente ao final uma referência às questões ambientais, como a economia de baixo carbono, tema central da pauta de Marina Silva, sua candidata à vice.
Na sessão de perguntas da entidade, contudo, foi questionado sobre o “radicalismo ambiental” que prejudica o agronegócio e correu em defesa de Marina. Ele afirmou que o Ministério do Meio Ambiente sob a “liderança” de Marina Silva “levou o País a liderar o debate ambiental nos fóruns internacionais, algo muito relevante para o Brasil estrategicamente, e fez um diálogo importante”.
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