quinta-feira, 3 de maio de 2012

Vereadores evitam falar sobre denúncia de promotor

Apenas membros da Mesa Diretora da Câmara de Fortaleza reuniram-se para discutir a denúncia protocolada no Ministério Público do Estado
Os vereadores de Fortaleza evitaram, ontem, comentar a denúncia protocolada no Ministério Público (MP) do Ceará, apontando um suposto esquema de “mensalão” na Câmara Municipal por meio de liberação de verbas orçamentárias pela Prefeitura. Em pouco mais de duas horas de sessão ordinária, seis vereadores se sucederam na tribuna, abordando temas diversos como problemas na saúde pública, luta dos trabalhadores, abaixo-assinado, mas em momento algum falaram sobre as matérias publicadas pela imprensa local, esta semana.
Nos bastidores, porém, membros da Mesa Diretora da Casa reuniram-se na sala da Presidência, para discutir o assunto. Ao final, o presidente da Câmara, vereador Acrísio Sena, afirmou que, antes de qualquer atitude, representantes do Poder Legislativo iriam reunir-se com o promotor de Justiça, Ricardo Machado, para tomar conhecimento do teor das denúncias.

“É necessário ter conhecimento para tomar qualquer atitude. Nós tivemos conhecimento da denúncia pela imprensa e, por conta disso, solicitamos uma reunião com representantes da Procuradoria de Justiça no intuito de buscar maiores esclarecimentos sobre o fato“, afirmou, acrescentando que o Orçamento é uma peça orçamentária amplamente debatida e as emendas apresentadas pelos parlamentares são realidades no Congresso e nas demais Casas Legislativas.

Já o vice-presidente Adail Junior (PV) negou as denúncias atribuídas a ele. No documento apresentado ao MP, ele aparece como beneficiário de verbas adicionais ao Orçamento, que as somas chegariam ao valor de R$ 1 milhão e 400 mil reais. Parte deste valor, R$ 1 milhão e 200 mil seria destinados à entidade “Casa do Povo”, no Antônio Bezerra, seu reduto eleitoral. Indagado sobre as denúncias, Adail afirmou que, em fevereiro de 2011, durante reunião do Colégio de Líderes, ficou determinado que as emendas destinadas a qualquer entidade ou instituição não ultrapassariam 15% do montante total de cada parlamentar. O que, segundo ele, torna “praticamente impossível” a denúncia. “Essa é a minha tranquilidade”, salientou.
ALUCINAÇÕES
Outro que também afirmou que as denúncias não têm fundamento foi o vice-líder da oposição, vereador Dr. Ciro Albuquerque (PTC). “Isso não tem fundamento. É jocosidade”, pontuou. Para ele, só fo1i apresentada por causa da eleição que se aproxima. “Nesta época eleitoral, há muitas denúncias deste tipo. As pessoas têm alucinações”, frisou. O líder do governo, vereador Ronivaldo Maia (PT), preferiu não emitir opinião antes de haver uma reunião entre a presidência e os demais membros da Casa.

OUTROS ENVOLVIDOS
Ao jornal O Estado, o promotor de Justiça, Ricardo Rocha, da Procuradoria de Crimes Contra a Administração Pública (Procap), que denunciou o suposto esquema, disse que a denúncia aponta envolvimento de outros vereadores, mas cita nominalmente apenas o nome do vice-presidente Adail Junior. Rocha informou que já determinou a abertura de um processo para recolhimento de documentos e provas para investigar o caso. Hoje pela manhã, o promotor terá audiência com o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), conselheiro Manuel Veras, para solicitar a abertura de uma tomada de conta especial para analisar a denúncia. (Laura Raquel – O Estado)

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