Os vereadores de Fortaleza evitaram, ontem, comentar a denúncia
protocolada no Ministério Público (MP) do Ceará, apontando um suposto esquema
de “mensalão” na Câmara Municipal por meio de liberação de verbas orçamentárias
pela Prefeitura. Em pouco mais de duas horas de sessão ordinária, seis
vereadores se sucederam na tribuna, abordando temas diversos como problemas na
saúde pública, luta dos trabalhadores, abaixo-assinado, mas em momento algum
falaram sobre as matérias publicadas pela imprensa local, esta semana.
Nos bastidores, porém, membros da Mesa Diretora da Casa
reuniram-se na sala da Presidência, para discutir o assunto. Ao final, o
presidente da Câmara, vereador Acrísio Sena, afirmou que, antes de qualquer
atitude, representantes do Poder Legislativo iriam reunir-se com o promotor de
Justiça, Ricardo Machado, para tomar conhecimento do teor das denúncias.“É necessário ter conhecimento para tomar qualquer atitude. Nós tivemos conhecimento da denúncia pela imprensa e, por conta disso, solicitamos uma reunião com representantes da Procuradoria de Justiça no intuito de buscar maiores esclarecimentos sobre o fato“, afirmou, acrescentando que o Orçamento é uma peça orçamentária amplamente debatida e as emendas apresentadas pelos parlamentares são realidades no Congresso e nas demais Casas Legislativas.
Já o vice-presidente Adail Junior (PV) negou as denúncias
atribuídas a ele. No documento apresentado ao MP, ele aparece como beneficiário
de verbas adicionais ao Orçamento, que as somas chegariam ao valor de R$ 1 milhão
e 400 mil reais. Parte deste valor, R$ 1 milhão e 200 mil seria destinados à
entidade “Casa do Povo”, no Antônio Bezerra, seu reduto eleitoral. Indagado
sobre as denúncias, Adail afirmou que, em fevereiro de 2011, durante reunião do
Colégio de Líderes, ficou determinado que as emendas destinadas a qualquer
entidade ou instituição não ultrapassariam 15% do montante total de cada
parlamentar. O que, segundo ele, torna “praticamente impossível” a denúncia.
“Essa é a minha tranquilidade”, salientou.
ALUCINAÇÕESOutro que também afirmou que as denúncias não têm fundamento foi o vice-líder da oposição, vereador Dr. Ciro Albuquerque (PTC). “Isso não tem fundamento. É jocosidade”, pontuou. Para ele, só fo1i apresentada por causa da eleição que se aproxima. “Nesta época eleitoral, há muitas denúncias deste tipo. As pessoas têm alucinações”, frisou. O líder do governo, vereador Ronivaldo Maia (PT), preferiu não emitir opinião antes de haver uma reunião entre a presidência e os demais membros da Casa.
OUTROS ENVOLVIDOS
Ao jornal O Estado, o promotor de Justiça, Ricardo Rocha, da
Procuradoria de Crimes Contra a Administração Pública (Procap), que denunciou o
suposto esquema, disse que a denúncia aponta envolvimento de outros vereadores,
mas cita nominalmente apenas o nome do vice-presidente Adail Junior. Rocha
informou que já determinou a abertura de um processo para recolhimento de
documentos e provas para investigar o caso. Hoje pela manhã, o promotor terá
audiência com o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM),
conselheiro Manuel Veras, para solicitar a abertura de uma tomada de conta
especial para analisar a denúncia. (Laura Raquel – O Estado)
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