sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PRETO NO BRANCO, coluna publicada no jornal O ESTADO


            (I)MOBILIDADE: CAOS PLANEJADO

Julieta Brontée

 Nada no Capitalismo é por acaso. Até o caos, nesse sistema econômico é fruto de um planejamento muito bem planejado. A maior prova disso é a situação de imobilidade por que passa o trânsito das principais cidades brasileiras, fruto de uma política desenfreada, com o perdão do trocadilho, de incentivoa aquisição de veículos de uso individual em detrimento de investimentos em transportes de massa.

A pretexto de fomentar a indústria nacional e, por conseguinte, o emprego e a renda, o governo federal e alguns governos estaduais, criaram uma série de incentivos fiscais e benefícios vários para a implantação e expansão de toda uma cadeia de produção e importação ligada ao setor de montadoras de veículos.

Associado a isso, desencadeou-se uma campanha de estímulo ao consumo desses produtos mediante a oferta de crédito fácil, porque oferecido a prazos elásticos, ainda que mediante juros dos mais altos do mundo, gerando a sensação enganosa de aumento do poder de compra da classe trabalhadora.

O resultado disso foi que uma parte considerável da classe trabalhadora que nunca tivera um veículo, passou a tê-lo, passando, também, a acrescentar a seu orçamento, um nível de endividamento pessoal "nunca antes visto na história deste país".

 Dados do IBGE comprovam que cerca de 70% das famílias brasileiras estão endividadas porque Lula e Dilma disseram que isso era muito bom para elas e para o país.

 Mas estão endividadas também porque hoje é muito mais barato o trabalhador ir pro canteiro de obras, por exemplo, na sua moto adquirida em 60 meses e que faz até 40 km com um litro de gasolina, do que pegar dois 3 ônibus que o conduzam de casa a seu local de trabalho.

 Vê-se, portanto, que a lógica que impera no governo do lulo-dilmo-petismo, é a lógica do capital. Não se investe em transportes de massa, como o transporte ferroviário, por exemplo, mas em transportes individuais ou rodoviários que favorecem ao sistema financeiro que financiam a aquisição dos veículos e das construções de vias e viadutos, nunca suficientes, lucrando, juntamente com as empreiteiras, que são os grandes beneficiários da política neoliberal hoje praticada no País. Enquanto não invertermos essa lógica perversa, continuaremos vivendo nesse caos estrategicamente armado contra nós.

                           CURTO CIRCUITO

• Arrebatando
Na campanha eleitoral de Fortaleza, mais um detalhe curioso (e incômodo para o deputado Inácio Arruda, candidato do PCdoB). A cor vermelha, tão característica dos comunistas, foi trocada pelo verde. Só falta acabarem com o símbolo da foice e do martelo.

 • Falta de identidade
A justificativa para a mudança, segundo Inácio Arruda é para que os eleitores não confundam as cores do PCdoB com o vermelho do PT e o amarelão do PSB. Ou seja, o PT dominou o vermelho e PSB o amarelo do PCdoB que agora tomou pra si as cores do PV (Partido Verde). Resultado: Perdeu a identidade.

 • Mercantilismo
 O Ministério Público eleitoral tem em mãos mais um entre os muitos problemas da mesma natureza, ou seja, um flagrante de compra de voto. Dessa vez, em Caririaçu, onde foi filmada entrega de dinheiro a eleitor, por parentes do candidato a prefeito, Acácio Lima. Trata-se apenas de um caso isolado, já que, estado a fora, é só o que “rola” nesse período.


                    UMAS & OUTRAS

• Calando a boca... A Assessoria de Comunicação do Banco do Nordeste do Brasil, tendo em vista alguns comentários e críticas surgidos, principalmente por conta da nomeação do novo presidente, Ary Joel Abreu Lanzarin (escolha pessoal de Dilma) e de algumas personalidades que chegaram a taxar de “fraca” a atuação daquele banco, vem a o público para a firmar que só em micro-crédito, foram aplicados R$ 3 bi nos últimos anos.

• Lastimável - O vereador Plácido Filho (PDT), cobra do presidente da CMF, Acrísio Sena, pedido de desculpas, em nome da Casa, à OAB-CE. Isso, porque, para o coquetel de comemoração da entrega das certeiras aos novos advogados, o local oferecido foi “um beco estreito, com um esgoto que exalava um mal cheiro tão grande que os convivas abandonaram o recinto com fome e com sede.

 • E agora? - Depois do verdadeiro “furdunço”. que foi a assembleia em que os professores da UFC e da UNILAB decidiram encerrar a greve de quase 70 dias, permanece uma dúvida que maltrata centenas de alunos: como e quem vai devolver a eles um semestre perdido, que, para muitos representa um atraso em suas vidas, difícil de ser recompensado.

 De segunda à sexta, das 12h30 às 13h, programa Conexão Global, na Rádio Assunção Cearense – 620 AM. Contamos com sua audiência. Sugestões, informações e críticas: jbrontee@uol.com.br ou www.blogdabronte.blogspot.com.br.

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