terça-feira, 21 de agosto de 2012

EMPREITEIRAS TENTAM CRIMINALIZAR TRABALHADORES DE ABREU E LIMA. LUCRO ACIMA DE TUDO!

Por Noelia Brito

FOTO: JC ON LINE
A pretexto de punir trabalhadores que teriam participado de atos de vandalismo durante a greve dos trabalhadores da construção civil pesada, em SUAPE, o Consórcio Ipojuca, formado por Queiroz Galvao e IESA, demitiu, por justa causa e de forma humilhante, cerca de 100 operários, que ao chegarem para trabalhar, ontem, dia 20 de agosto, tiveram sua entrada no trabalho barrada e foram informados das pesadas e caluniosas acusações.

Como todos sabem, durante o movimento paredista ocorrido na semana passada, ônibus foram queimados e integrantes do SINTEPAV, o Sindicato representativo dos trabalhadores, foram rechaçados, por suas condutas contrárias aos interesses da categoria que deveriam representar, gerando, o que o próprio Ministério Público do Trabalho chamou de crise de representação sindical. Isso está nos jornais.
Feito esse pequeno histórico, voltemos a atitude oportunista da patronal, isso para dizer o mínimo, ao aproveitar o ocorrido, para se livrar dos trabalhadores, mediante uma justa causa forjada, que lhes subtrai o mínimo, que são as verbas rescisórias, o que para a patronal é apenas dinheiro, mas que para os trabalhadores representa a própria sobrevivência.
Além disso, a justa causa, embora esteja calcada em suposta insubordinação pelo não cumprimento da determinação judicial de pronto retorno ao trabalho, traz em seu bojo, ainda, acusações gravíssimas de participação em atos de vandalismo, o que implica, sem sombra de dúvidas, na tentativa descarada de criminalização do movimento paredista, como forma de coibi-lo com mais truculência do que a já observada através dos descontos dos dias parados e das demissões puras e simples.
Conforme afirmado no início, a prática não é nova e se reveste de calúnia evidente quando sequer são apresentadas quaisquer provas contra esses trabalhadores e que, apesar disso, já são expostos como se fossem criminosos, no exato momento em que são barrados na porta de entrada de seus locais de trabalho, à vista de todos, inclusive da imprensa que acompanha o caso, mas com toda a omissão do SINTEPAV, que se faz de cego, surdo e mudo para os desmandos da patronal.
O que se vê hoje em SUAPE nos remete ao que ocorreu recentemente nas obras das Usinas Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, onde vários trabalhadores foram presos, sem o devido processo legal e submetidos a tortura e em condições degradantes em presídios e outros estão até hoje desaparecidos.
O caso de Jirau e Santo Antônio já está, inclusive, sob investigação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, onde o operário Raimundo Braga Souza, de 22 anos, prestou depoimento denunciando que foi detido e torturado por policiais que fazem a segurança dentro da usina. A tortura, segundo Raimundo, durou das 2 horas da manhã até às 6h30 do dia seguinte, para que confessasse participação na greve e no incêndio dos alojamentos da Camargo Correia. Depois, ele teria ficado 54 dias detido, sem o devido processo legal.
Em seu depoimento, Raimundo disse que mesmo sendo pobre merece respeito e que não faria nada daquilo que o acusaram, mesmo porque precisava do trabalho. Contou ainda que as condições de prisão foram sub-humanas, degradantes, sem água para beber, sem ter como escovar os dentes e tomar banho: “A cela tinha três metros de comprimento por metro e meio de largura. Tinha mais seis pessoas. Não tinha colchão, era no chão puro”.
Segundo o jornal "Valor Economico", Raimundo foi levado à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) pelo representante da Liga Operária, Gerson Lima e José Pimenta, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo). O depoimento também foi acompanhado pelo vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, Emens Pereira de Souza.
FOTO: ABRAPO
José Pimenta ainda denunciou à Comissão que 25 pessoas foram presas durante os protestos e greve em Jirau e Santo Antônio, sendo que duas ainda continuariam presas e 13 estariam desaparecidas. Ha uma peticão pública dirigida a vários organismos do Estado brasileiro pedindo investigação e punição aos responsáveis pelo desaparecimento dos operários. (1)
Como se vê, é necessário que a classe trabalhadora se mobilize urgentemente em defesa dos trabalhadores de SUAPE, a exemplo do que ocorre na defesa dos trabalhadores de Jirau e Santo Antônio, pois ja se deu por iniciada uma verdadeira caça as bruxas de moldes kafkianos, bem ao gosto do Estado policialesgo e inquisitorial que se esta querendo resgatar em nosso Pais, especialmente em Pernambuco, onde o modelo chinês de desenvolvimento encontrou, em SUAPE, um campo extremamente fértil, pelas mãos oportunistas da Frente Popular.

Oa trabalhadores de SUAPE estão sendo atacados covardemente pelo Estado, pelo capital, representado pelas empreiteiras e estão abandonados a sua própria sorte, uma vez que que seu sindicato tem ligacões carnais com a patronal e com um dos partidos que dão sustentacão aos governos que a nível nacional e local se puseram de cócoras a serviço dos patrões.

Toda a classe trabalhadora de todas as categorias tem o dever de estar unida em defesa de nossos companheiros de SUAPE, em especial da Refinaria Abreu e Lima, ora vítimas dessas calúnias e perseguicões, sendo vítimas da ganância dos políticos e dos empresários que os patrocinam. Ontem houve um debate entre candidatos à prefeitura do Recife. Nenhum deles ousou falar sobre esse assunto, pois todos sao reféns dos interesses dessas mesmas empreiteiras que sugam o sangue dos trabalhadores em SUAPE, JIRAU, SANTO ANTONIO, ARENAS DA COPA, pois o que estão disputando são os bilhões que serão distribuídos a esses mesmos vampiros. Nao disputam propostas para melhorar a vida da classe trabalhadora, disputam a chave do cofre. Pensem nisso! E ajam!
(1) http://www.valor.com.br/empresas/2745094/camara-apura-denuncia-de-tortura-em-jirau

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