Por Noelia Brito
A pretexto de punir
trabalhadores que teriam participado de atos de vandalismo durante a greve dos
trabalhadores da construção civil pesada, em SUAPE, o
Consórcio Ipojuca, formado por Queiroz Galvao e IESA, demitiu, por justa causa e de forma
humilhante, cerca de 100 operários, que ao chegarem para trabalhar, ontem, dia
20 de agosto, tiveram sua entrada no trabalho barrada e foram informados das
pesadas e caluniosas acusações.
Como todos sabem, durante o movimento paredista ocorrido na semana passada, ônibus foram queimados e integrantes do SINTEPAV, o Sindicato representativo dos trabalhadores, foram rechaçados, por suas condutas contrárias aos interesses da categoria que deveriam representar, gerando, o que o próprio Ministério Público do Trabalho chamou de crise de representação sindical. Isso está nos jornais.
Feito
esse pequeno histórico, voltemos a atitude
oportunista da patronal, isso para dizer o mínimo, ao aproveitar o ocorrido,
para se livrar dos trabalhadores, mediante uma justa causa forjada, que lhes
subtrai o mínimo, que são as verbas
rescisórias, o que para a patronal é
apenas dinheiro, mas que para os trabalhadores representa a própria sobrevivência.
Além
disso, a justa causa, embora esteja calcada em suposta insubordinação pelo não cumprimento da
determinação judicial de pronto retorno
ao trabalho, traz em seu bojo, ainda, acusações gravíssimas de
participação em atos de vandalismo, o
que implica, sem sombra de dúvidas, na tentativa descarada de
criminalização do movimento paredista, como
forma de coibi-lo com mais truculência do que a já observada
através dos descontos dos dias
parados e das demissões puras e
simples.
Conforme
afirmado no início, a prática não é nova e se reveste de calúnia
evidente quando sequer são apresentadas quaisquer provas contra esses
trabalhadores e que, apesar disso, já são expostos como se fossem criminosos, no
exato momento em que são barrados na porta de entrada de seus locais de
trabalho, à vista de todos, inclusive da imprensa que acompanha o caso, mas com
toda a omissão do SINTEPAV, que se faz de
cego, surdo e mudo para os desmandos da patronal.
O que se
vê hoje em SUAPE nos remete ao que ocorreu recentemente nas obras das Usinas
Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, onde vários trabalhadores foram
presos, sem o devido processo legal e
submetidos a tortura e em condições degradantes em
presídios e outros estão até hoje
desaparecidos.
O caso
de Jirau e Santo Antônio já está, inclusive, sob investigação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, onde o operário Raimundo Braga Souza, de 22 anos,
prestou depoimento denunciando que foi detido e torturado por policiais que
fazem a segurança dentro da usina. A tortura, segundo Raimundo, durou das 2 horas da
manhã até às 6h30 do dia seguinte, para que confessasse participação na greve e no incêndio dos alojamentos da Camargo Correia. Depois, ele teria ficado 54
dias detido, sem o devido processo legal.
Em seu depoimento, Raimundo disse que mesmo sendo pobre merece
respeito e que não faria nada daquilo que o acusaram, mesmo porque precisava do
trabalho. Contou ainda que as condições de prisão foram sub-humanas, degradantes, sem água para beber, sem ter como escovar os dentes e tomar banho: “A cela
tinha três metros de comprimento por metro e meio de largura. Tinha mais seis
pessoas. Não tinha colchão, era no chão puro”.
Segundo o jornal "Valor Economico", Raimundo foi levado à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) pelo representante da Liga
Operária, Gerson Lima e José Pimenta, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo).
O depoimento também foi acompanhado pelo vice-presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil do Distrito Federal, Emens Pereira de Souza.
FOTO: ABRAPO |
Como se vê, é necessário que a classe trabalhadora se mobilize
urgentemente em defesa dos trabalhadores de SUAPE, a exemplo do que ocorre na
defesa dos trabalhadores de Jirau e Santo Antônio, pois ja se deu por iniciada
uma verdadeira caça as bruxas de moldes kafkianos, bem ao gosto do Estado
policialesgo e inquisitorial que se esta querendo resgatar em nosso Pais,
especialmente em Pernambuco, onde o modelo chinês de desenvolvimento encontrou,
em SUAPE, um campo extremamente fértil, pelas mãos oportunistas da Frente
Popular.
Oa trabalhadores de SUAPE estão sendo atacados covardemente pelo Estado, pelo capital, representado pelas empreiteiras e estão abandonados a sua própria sorte, uma vez que que seu sindicato tem ligacões carnais com a patronal e com um dos partidos que dão sustentacão aos governos que a nível nacional e local se puseram de cócoras a serviço dos patrões.
Toda a classe trabalhadora de todas as categorias tem o dever de estar unida em defesa de nossos companheiros de SUAPE, em especial da Refinaria Abreu e Lima, ora vítimas dessas calúnias e perseguicões, sendo vítimas da ganância dos políticos e dos empresários que os patrocinam. Ontem houve um debate entre candidatos à prefeitura do Recife. Nenhum deles ousou falar sobre esse assunto, pois todos sao reféns dos interesses dessas mesmas empreiteiras que sugam o sangue dos trabalhadores em SUAPE, JIRAU, SANTO ANTONIO, ARENAS DA COPA, pois o que estão disputando são os bilhões que serão distribuídos a esses mesmos vampiros. Nao disputam propostas para melhorar a vida da classe trabalhadora, disputam a chave do cofre. Pensem nisso! E ajam!
(1)
http://www.valor.com.br/empresas/2745094/camara-apura-denuncia-de-tortura-em-jirau
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