PM encurrala manifestantes em hotel durante protesto contra
a Copa; veja
DE SÃO PAULO
A rua Augusta, uma das mais movimentadas da região central de São Paulo, foi
transformada em cenário de guerra no começo da noite de ontem. Manifestantes
que protestavam contra a Copa do Mundo foram cercados por policiais do Batalhão
de Choque perto da rua Marquês de Paranaguá. Os 146 manifestantes detidos na
cidade já foram soltos.
De acordo com comerciantes, os policiais usaram bombas de
gás. Sem saída, dezenas de pessoas se refugiaram no hotel Linson, próximo à rua
Caio Prado. Parte do comércio fechou as portas.
No vídeo, feito pelo fotojornalista Felipe Larozza e
disponibilizado hoje pela manhã à Folha, é possível ver homens da tropa de
choque com escopetas entrando no hotel em busca desses manifestantes. Os
policiais entraram no imóvel, revistaram e prenderam mais de 50 manifestantes.
Ao menos dois disparos, que segundo testemunhas eram de
balas de borracha, podem ser percebidos. Os tiros tinham como alvo
manifestantes deitados no chão. Os policiais gritam repetidas vezes "no
chão, no chão!" e "mão na cabeça!". Depois do primeiro tiro,
algumas pessoas gritam, desesperadas: "Calma, calma!".
Também é possível ver um dos policiais empurrando um jovem,
já rendido, com o pé. A Polícia Militar ainda não se pronunciou a respeito do
vídeo.
Os detidos foram levados para ônibus estacionados na porta
do hotel. De lá, o grupo foi encaminhado para o 78º DP (Jardins).
Pouco antes, manifestantes deixaram um rastro de vandalismo
nas ruas do Centro. Uma agência da Caixa foi depredada na rua Sete de Abril. Na
Augusta, uma concessionária da Fiat e uma agência do Santander foram
parcialmente destruídas. Uma lanchonete do McDonald's também foi atacada.
Perto da praça Roosevelt, um grupo colocou fogo em um
colchão, que acidentalmente se enroscou em um carro que passava pelo local.
O veículo acabou incendiado depois de ser abandonado pelo
motorista.
Protestos contra a Copa
Fusca pegando fogo na manifestação contra a copa em São
Paulo
FACEBOOK
De acordo com a polícia, 2.000 homens foram mobilizados para
fazer a segurança de 1.500 manifestantes.
Participaram da operação a Tropa de Choque e a Força Tática
da Polícia Militar. Dois helicópteros monitoravam a movimentação do grupo.
Policiais usaram câmeras portáteis de alta definição,
semelhantes a que são usadas por motoqueiros em capacetes, para registrar os
participantes do protesto.
A manifestação foi convocada pelo Facebook e tinha cerca de
23 mil confirmados antes de começar.
LIBERADOS
Segundo Rogério de Camargo Nader, delegado assistente do 78º
DP (Jardins), para onde 128 detidos foram encaminhados, as detenções foram
feitas sob a suspeita de dano a uma agência bancária e a uma concessionária de
veículos localizadas da rua Augusta, próxima à avenida Paulista.
O delegado disse que parte deles deve ser chamada para
prestar novos depoimentos. Três menores de idade que estavam sem documento
foram encaminhados à Fundação Casa para que fossem identificados.
A Folha conversou com cerca de 30 detidos já liberados, que
só falaram com a reportagem sob a condição de não serem identificados. A
maioria reclamou de violência da Tropa de Choque após a invasão do hotel
Linson, na rua Augusta, que os manifestantes usavam como refúgio.
Segundo a PM, outros 18 manifestantes foram detidos no
Centro de São Paulo e encaminhados ao 2º DP (Bom Retiro), onde foram
identificados e liberados. Eles seriam adeptos da tática black bloc e são
suspeitos de causarem danos a uma agência bancária.
A PM afirma que não houve excessos na abordagem aos
manifestantes, que, em geral, não resistiram à ação da polícia.
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