quarta-feira, 2 de abril de 2014

Principal líder da oposição na Venezuela, deputada cassada chega à Brasilia

























Estadão Conteúdo.

A deputada venezuelana Maria Corina, principal líder da oposição ao governo de Nicolás Maduro, chegou nesta quarta-feira (2) a Brasília para participar de uma audiência pública no Senado Federal. Corina, que teve o mandato cassado na semana passada, disse esperar o apoio do povo brasileiro. Questionada se esperava uma posição mais clara do governo do Brasil, respondeu que "o tempo para a indiferença já passou".

"O regime do senhor Maduro nessas últimas semanas passou uma linha vermelha. No passado se tratou de enterrar as violações da democracia e dos direitos humanos, mas, graças ao movimento dos estudantes, se tirou essa fachada e o mundo pode ver o que acontece com os testemunhos nas redes sociais e os meios de comunicação internacionais", afirmou ao chegar ao Aeroporto de Brasília. "Na Venezuela, não há democracia. Há um regime que atua como uma ditadura e por isso não há espaço para a indiferença, porque a indiferença seria a cumplicidade", acrescentou.
Maria Corina teve seu mandato cassado em uma sessão em que estavam apenas deputados governistas. A alegação é que a parlamentar feriu a constituição ao aceitar usar o assento do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA) para falar sobre a situação de seu país. O depoimento não aconteceu, mas a Suprema Corte ainda assim manteve a cassação.

Maria Corina se nega a aceitar a decisão. "Eu sigo sendo deputada. Eu sou porque assim o decidiu o povo venezuelano e nem o senhor Maduro nem o senhor Cabello [Diosdado Cabello, presidente do Congresso] tem o poder para destituir um deputado. É uma aberração, é um ato que só acontece em ditaduras", afirmou.
Na semana passada, Maria Corina encontrou com o presidente a Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em Lima, no Peru, e foi convidada a falar ao parlamento brasileiro. "Eu fiquei muito chocado com o que ouvi", explicou o senador.
A deputada comparece hoje no Senado e amanhã viaja para São Paulo, onde conversa com um grupo de venezuelanos. "Esse é uma oportunidade que me deu o senador Ricardo Ferraço para que a voz de toda a Venezuela seja ouvida e a verdade sobre o que acontece no nosso país possa ser conhecida de primeira fonte, porque nós estamos vivendo e sofrendo”, disse.

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