Cid Gomes admite que está preocupado
O governador Cid Gomes (Pros) revelou, ontem, que tem
conversado “sempre” sobre os diversos cenários eleitorais por estar
“permanentemente preocupado” com a sucessão estadual deste ano. A afirmativa de
Cid contraria a postura de se manter distante do debate público. Até então, em
diferentes ocasiões, o governador afastava a discussão, afirmando que apenas
jornalistas que cobrem política estariam preocupados em “antecipar” debate
eleitoral.
Cid chegou ao evento promovido pelo Pros no carro conduzido
pelo prefeito Roberto Cláudio. Além do governador, também faziam parte da
comitiva: o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Albuquerque, o
ex-ministro Leônidas Cristino e o vice-governador Domingos Filhos – três dos
pré-candidatos do Pros à sucessão estadual.
“Eu tô permanentemente preocupado com essas questões. É
claro que eu coloco como preocupação principal a administração, que é a minha
responsabilidade. Mas é óbvio que o futuro do Ceará passará por uma eleição,
então é fundamental que a gente avalie isso. Nós fizemos análises e tal, ao
longo desses dias, de ver a estrutura dos partidos. Essas coisas não são
neutras. Nós temos um conjunto de partidos que são da base. Certamente, outros
partidos, de oposição, vão assediar os partidos que estão aqui e isso é do
processo político. E a gente tem que, permanentemente, avaliar, acompanhar,
trocar informações e é isso que a gente vai fazer”, revelou o governador.
“CARAPUÇA”
Antes do evento, Cid conversou por cerca de 15 minutos com a
imprensa. Ao responder sobre as críticas do senador Eunício Oliveira (PMDB),
pré-candidato do PMDB ao governo do Estado, supostamente direcionadas ao
governador em inserções da legenda na TV, Cid foi taxativo:
“Eu não visto carapuça. Se alguém me quiser fazer uma
crítica, eu tenho toda a humildade de ouvir a crítica, mas tem que me fazer
diretamente. Tem que dizer: ‘Cid, você tá errado’, aí eu vou poder argumentar e
se for uma crítica procedente, eu vou pedir desculpas. Eu sou absolutamente
falível. Só me tranquiliza uma coisa: nunca errei de má intenção e, ao longo
dessa minha vida pública inteira, e eu já estou nela há 22 anos de mandato, eu
nunca estive nela pra me servir, pra enricar. Eu sou de classe média, entrei na
política de classe média e continuo de classe média. Então, na política, tem
três tipos de gente: tem gente que está na política do poder pelo poder. Tem o
tipo de gente que tá na política pra se servir e tem gente que tá na política
para servir. Eu me enquadro nesse terceiro time e, repito, não visto carapuça”,
disparou.
ALIANÇA
Na noite de ontem, membros de 22 partidos reuniram-se com
Cid para debater sucessão. Ele, porém, adiantou que não marcará nenhuma data
oficial, apesar das expectativas dos partidos aliados. Ele reiterou que o Pros
irá se manifestar sobre o seu candidato até o dia 30 de junho, data final
determinada pela Justiça Eleitoral para as convenções partidárias. Cid disse
que, neste momento, pretende ouvir mais e nada impor.
“Eu estou aqui na condição de uma pessoa que se preocupa com
o futuro do Ceará e quer contribuir, pela experiência que eu tive nos últimos
oito anos, dando informações. Nesse sentido, eu vou fazer isso coletivamente,
como sempre fiz. Eu não sou daqueles que tem uma posição pessoal definida e vai
impor essa sua posição pessoal para os outros. Eu sempre procurei, ao longo da
minha vida, construir coletivamente e estamos dando os passos nessa direção”.
Sobre a preferência dos partidos aliados com relação aos
nomes de possíveis candidatos para representar o grupo, Cid disse que a decisão
não será pessoal. O governador ainda fez questão de ressaltar que acompanha o
processo de escolha como parte de um coletivo, sem esquecer das responsabilidades
que o cargo lhe confere. “Nos vamos construir juntos. Eu sempre falei que, para
além de um militante político, eu sou governador do Estado do Ceará. Isso pra
mim é uma grande responsabilidade e é com isso que eu devo ocupar o meu tempo.
Eleição é importante, depende dela o futuro do Ceará, mas eu vou começar a me
dedicar a isso a partir de agora, sempre nos horários fora do expediente, para
não prejudicar a responsabilidade de ser o governador do Ceará”.
ASSÉDIO
Minimizando os questionamentos sobre as conversas dos
partidos aliados com a oposição, inclusive com a candidatura do senador Eunício
Oliveira ao governo do Estado, Cid argumentou ser “natural” esse tipo de
articulação. “É natural que os outros partidos, que não são da base, procurem
atrair partidos da base pra lá. Da mesma forma que nós vamos procurar atrair
partidos que tão lá, pro lado de cá”. O governador assegurou, ainda, que o PMDB
“foi chamado para esse esforço e não tem participado. É um direito deles”,
concluiu.
SEM NOMES
Há pouco mais de vinte dias para fim das convenções, porém,
Cid defendeu que o debate seja de projetos e não de nomes, dando sugestões para
área da saúde e educação. Na educação, por exemplo, citou a universalização da
educação infantil. E na segurança, ele voltou a fazer mea-culpa, mas disse que
é preciso continuar trabalhando para promover os resultados esperados. Os
líderes das siglas aliadas, entretanto, preferem ultrapassar esta etapa e
começar a discutir quem eles vão apoiar na disputa pelo Palácio da Abolição,
uma vez que estão em jogo vagas estratégias para cada um.
CONVENÇÃO
O Pros marcou a convenção partidária que vai homologar as
candidaturas da legenda para o dia 29 de junho, um dia antes do fim do prazo. O
evento será realizado no ginásio do antigo Colégio Capital, na Avenida
Heráclito Graça, onde, tradicionalmente, o grupo de Cid Gomes tem promovidos as
convenções.
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