“Moro simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado”, diz Marco Aurélio Mello
Ministro também alerta que receia por uma "eclosão de conflitos de rua"
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello criticou a atuação do juiz Sérgio Moro, no episódio da divulgação dos grampo em que há o diálogo entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff. “Ele não é o único juiz do país e deve atuar como todo juiz. Agora, houve essa divulgação por terceiro de sigilo telefônico. Isso é crime, está na lei. Ele simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado. Não se avança culturalmente, atropelando a ordem jurídica, principalmente a constitucional”, advertiu Mello em entrevista aoSul21."O avanço pressupõe a observância irrestrita do que está escrito na lei de regência da matéria. Dizer que interessa ao público em geral conhecer o teor de gravações sigilosas não se sustenta. O público também está submetido à legislação", complementou Marco Aurélio Mello.
Mello também comentou sobre o vazamento da delação do senador Delcídio do Amaral. "Os fatos foram se acumulando. Nós tivemos a divulgação, para mim imprópria, do objeto da delação do senador Delcídio Amaral e agora, por último, tivemos a divulgação também da interceptação telefônica, com vários diálogos da presidente, do ex-presidente Lula, do presidente do Partido dos Trabalhadores com o ministro Jacques Wagner. Isso é muito ruim pois implica colocar lenha na fogueira e não se avança assim, de cambulhada."
O ministro comentou a forma como as investigações estão sendo encaminhadas: "Há um afã muito grande de se buscar correção de rumos. Mas a correção de rumos pressupõe a observância das regras jurídicas. Eu, por exemplo, nunca vi tanta delação premiada, essa postura de co-réu querendo colaborar com o Judiciário. Eu nunca vi tanta prisão preventiva como nós temos no Brasil em geral. A população carcerária provisória chegou praticamente ao mesmo patamar da definitiva, em que pese a existência do princípio da não culpabilidade. Tem alguma coisa errada. Não é por aí que nós avançaremos e chegaremos ao Brasil sonhado."
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