Fortaleza vive caos com chuva de 169mm
Um dia de chuva e também de estragos. Deslizamento, buracos, alagamentos, semáforos apagados, inundações, queda de árvores, e até hospitais, com forro, paredes, e rede esgoto afetados pela água. Em Fortaleza que, de domingo para segunda-feira, registrou a maior chuva do ano, com 169 milímetros, conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o dia de ontem foi caótico. Segundo a Defesa Civil, a Capital, no total registrou 208 ocorrências, divididas em todas as Regionais, sendo 17 delas desabamentos.
No Hospital Geral de Fortaleza (HGF), no Papicu, com o volume das chuvas, parte do forro de gesso da sala de estabilização desabou por volta das 2h de ontem. Na ocasião, cinco pacientes estavam na sala, que recebe enfermos em estado crítico ou grave. Eles foram tranferidos, conforme informou a assessoria de comunicação da unidade, para a sala de recuperação localizada no 5º andar do prédio. Outros sete pacientes, que estavam na sala de estabilização ao lado de onde ocorreu o desabamento, também foram realocados.
Segundo assessoria, os serviços de restauração foram iniciados imediatamente a partir das 2h da madrugada. Uma vistoria foi realizada no local por técnicos da Secretaria de Saúde do Estado e do Departamento de Estadual de Rodovias (DER). O atendimento na emergência do HGF ficou comprometido e os pacientes que se dirigiram a este setor da unidade foram direcionados para Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).
PREOCUPAÇÃO
A agricultora Alzira Silva, moradora de Aracati que está acompanhando o pai, internado há 10 dias na UTI do Hospital, contou que, na hora do desabamento, o susto foi muito grande. “Era muita gente gritando preocupada. O Corpo de Bombeiros chegou, tirou rapidamente os pacientes e levaram para outra área”.
De acordo com a assessoria, nenhum dos cinco pacientes foi afetado pelo desabamento do forro e, na sala, um computador foi danificado. A suspeita é que uma calha tenha entupido e a água da chuva tenha ficado acumulada no forro, o que fez o mesmo ceder. A vistoria realizada ontem deverá apontar a causa do incidente. A expectativa é que, hoje, o atendimento na área seja regularizado.
BARATAS EM HOSPITAL
No Gonzaguinha do José Walter, a chuva também causou estragos, e algumas salas e corredores da unidade de saúde ficaram alagados. Vídeos divulgados na internet dão conta de infiltrações e goteiras no prédio. Além disso, a água acumulada nos esgotos fez com que, durante a chuva, inúmeras baratas aparecessem no chão e nas paredes do Hospital.
A Secretaria Municipal de Sáude (SMS), atráves de nota, informou que “mantém, de três em três meses, controle de vetores e pragas em todas as unidades de saúde e hospitais da rede municipal”. A SMS disse ainda que profissionais da Célula de Vigilância Ambiental estiveram, na manhã de ontem, no Hospital para realizar aplicação extra de produtos químicos para eliminação e controle de pragas.
O procedimento, segundo a Secretaria, foi realizado “nos principais focos estratégicos: bueiros, caixas de gordura, bocas de lobo e todas as áreas de canalização que servem como abrigo, alimento e área de reprodução para os insetos”.
DESLIZAMENTO DE TERRA
Quem precisou passar pela Av. Leste-Oeste, na manhã de ontem, também teve problemas. Montes de terra que haviam sido depositados nos terrenos que ficam em frente ao Centro de Turismo (Emcetur) e à Santa Casa de Misericórdia para as obras de paisagismo na área, deslizaram rumo à pista e comprometeram o tráfego nos dois sentidos da via.
Segundo o fiscal da Ecofor, Josemberg Eufrásio, o barranco cedeu durante a madrugada. Duas carretas atolaram, mas ninguém saiu ferido. Estiveram no local agentes da Defesa Civil, Ecofor e da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania. Em nota, a Secretaria de Turismo, responsável pela intervenção nos terrenos, afirmou que, junto ao DER, desde o início do dia, providenciou a limpeza da avenida afetada pelo deslizamento. A nota diz ainda que, após o procedimento, a Setur aguarda a definição para construção de gramado no local.
OCORRÊNCIAS NAS REGIONAIS
De acordo com a Defesa Civil, das 208 ocorrências, a Regional VI concentrou 84, a V (71), a II (22), a IV (10), o Centro (8), a I (7) e a III (6). Do total de registros, 95 foram de alagamentos, 47 de inundações, 40 de risco de desabamentos, 17 desabamentos, dois incêndios, dois deslizamentos, um risco de deslizamento e quatro ocorrências contabilizadas como outros (que se refere a vistorias, asfaltos cedidos, solicitação de material, etc.). Segundo a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), ontem, 11 árvores caíram na Capital em decorrência da chuva.
Já a AMC comunicou que registrou um ponto de alagamento no túnel do Metrofor, situado na Av. Wenefrido Melo, que ocasionou o bloqueio total da via, entre a Rua Alfredo Mamede e a Av. Godofredo Maciel. Ainda conforme a Autarquia, entre 7h30min e às 16h, 15 semáforos ficaram em amarelo piscante ou apagados. Mas, até o final do dia, foram normalizados. Durante o dia, também foram registradas 56 colisões, segundo a AMC.
Agentes da Autarquia também atuaram no controle do tráfego na Av. Desembargador Moreira, onde, nas proximidades da esquina com Rua Ana Bilhar, o asfalto cedeu e uma cratera se abriu. Por volta das 7h20min, o motorista Francisco Davi, que fazia a linha Circular 2, da empresa Terra da Luz, e transportava 25 passageiros caiu no buraco. “Ninguém se machucou, mas o susto foi muito grande, porque não estava chovendo na hora”, relatou.
PROGNÓSTICO DE INVERNO IRREGULAR
• A chuva registrada, ontem, em 161 municípios do Ceará, conforme o superintendente da Funceme, Eduardo Sávio, não significa que a regularidade do inverno tenha começado. De acordo com ele, as precipitações pertencem ao sistema que vem do Sul do Brasil. “As chuvas abrangeram quase todo o Estado, dando para alguns reservatórios terem elevados os seus níveis de captação de água”, ressaltou.
• De acordo com ele, embora as chuvas tenha afetado vários municipíos, em geral, as precipitações, esse ano, têm ocorrido de maneira irregular, com chuvas em dias espaçados. Ele disse ainda que, na região do Cariri, tem chovido com certa intensidade e repetidamente, mas resta saber se haverá continuidade. Já no Sertão Central, de acordo com ele, a chuva também foi intensa e favoreceu a região, que estava sem receber precipitações.
• Conforme a Funceme, em 2010, a maior chuva na Capital teve 94,8mm em 2011 foi de 137mm, em 2012 de 187,6 mm e, no ano passado, o maior volume em Fortaleza foi de apenas 62mm.
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