Ex-diretor da Petrobras, delator cita
propina de US$ 100 mi a governo FHC
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor
Cerveró afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República), durante a negociação
de sua delação premiada assinada em novembro, que a aquisição do conglomerado
de energia argentino PeCom (Pérez Companc) pela Petrobras envolveu propina de
US$ 100 milhões ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O documento com a informação de Cerveró faz parte do material
apreendido no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso há quase
dois meses sob acusação de tentar obstruir as investigações da Operação Lava
Jato -na época, Delcídio era filiado ao PSDB. A informação foi revelada na
edição desta segunda (11) do jornal “Valor Econômico”.
Segundo Cerveró, ele soube do fato por meio dos diretores da
PeCom e de Oscar Vicente, que presidia a empresa quando ela foi adquirida pela
estatal brasileira, em 2002. “A venda da Perez Companq envolveu uma propina ao
governo FHC de US$ 100 milhões, conforme informações dos diretores da Perez
Companc e de Oscar Vicente, principal operador do [ex-presidente da Argentina
Carlos] Menem e durante os primeiros anos de nossa gestão”, diz o anexo 25 da
delação do ex-diretor.
Ele afirma ainda que cada diretor da empresa argentina
recebeu US$ 1 milhão como “prêmio pela venda da empresa”, e Vicente foi
recompensado com o montante de US$ 6 milhões.
No entanto, Cerveró não aponta no documento os nomes dos
integrantes do governo FHC que teriam se beneficiado da propina. Em 2002, a
Petrobras, que era presidida por Francisco Gros comprou PeCom, considerada na
época uma das maiores empresas de petróleo da América Latina, por US$ 1,027
bilhão. O presidente da estata Petrobrás, então sob o comando do presidente
Francisco Gros, pagou pela Pérez Companc.
OUTRO LADO
Em nota o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu
Francisco Gros, presidente da Petrobras na época da aquisição da PeCom o
descrevendo como “pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação politico
partidária”. Sobre as informações de Cerveró, ele disse que são “afirmações
vagas” e “sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e
não trazem elementos que permitam verificação”.
A advogada de Cerveró, Alessi Bransão, afirmou que a defesa
não se manifestará sobre o conteúdo do documento que está sob sigilo.
Fonte: Agência Folha
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