quinta-feira, 21 de junho de 2012
BNB: Presidente pede exoneração
O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Jurandir Santiago, pediu exoneração ontem do cargo após ter o nome incluído, pelo Ministério Público Estadual (MPE), no chamado Escândalo dos Banheiros. A exoneração deverá ser publicada, hoje, no Diário Oficial da União.
Em virtude da renúncia de Jurandir, o Conselho de Administração do Banco decidiu nomear o diretor de Negócios, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, para a presidência interina da instituição. Além disso, o Conselho decidiu exonerar os diretores Isidro Moraes de Siqueira e José Sydrião de Alencar Júnior. A justificativa para as mudanças é para “fortalecer a gestão do banco e o cumprimento de suas missões institucionais”.
O MPE diz que Jurandir é um dos responsáveis pelo desvio de cerca de R$ 3 milhões que deveriam ter sido usados para a construção de banheiros em casas pobres no município de Ipu, no interior do Estado. Segundo a Promotoria, os banheiros nunca foram construídos. Os convênios com associações comunitárias e Prefeitura foram firmados em 2009, quando Santiago era secretário-adjunto de Cidades.
O deputado José Guimarães (PT), coordenador da Bancada do Nordeste, vice-líder do Governo na Câmara e fiador político do presidente Jurandir e de parte da diretoria da instituição, disse que “as mudanças [na direção] não podem prejudicar uma instituição sexagenária que tem valiosíssimos serviços prestados ao Brasil e ao Nordeste.
Episódios conjunturais não podem levar a um discurso de esvaziamento do banco”. O petista não quis informar se a Bancada do Nordeste irá realizar alguma articulação sobre o caso.
A reportagem entrou em contato com o ex-presidente da OAB-CE, Hélio Leitão, que foi contratado para defender Jurandir das acusações da MPE. Segundo Hélio, “o doutor Jurandir está tranquilo e decidiu pedir a exoneração como forma de preservar a imagem da instituição e de sua família”.
O advogado salientou que, até aquele momento, Jurandir ainda não havia recebido nenhuma notificação oficial, seja do Ministério Público Estadual, seja da Justiça. “Ele está sabendo das denúncias apenas através da imprensa”, disse Leitão.
Repercussão
Na Assembleia Legislativa, o imbróglio envolvendo o BNB gerou repercussão entre os parlamentares. Antes de saber da decisão de Jurandir, a deputada Eliane Novais (PSB) ocupou a tribuna da Casa exigindo que o então presidente fosse exonerado de sua função tendo em vista a gravidade das denúncias. “A denúncia de que o presidente do BNB está envolvido nesse escândalo através de cheques nas contas das suas empresas é muito grave. O governo do Estado não pode manter a afirmação de que a imagem deste homem é intocável”, afirmou a parlamentar.
O deputado Roberto Mesquita (PV) afirmou que o governo não cumpre o discurso de transparência que tem sido “alardeado” e a vontade de apurar denúncias não se traduz em ações concretas tanto do Poder Executivo quando da Assembleia Legislativa. “Só recebemos desculpas esfarrapadas. Hoje, vemos que a maioria dos convênios desse período está contaminada com algum tipo de irregularidade”, pontuou o parlamentar.
Pré-julgamentos
Fernando Hugo (PMDB) concordou com a declaração de ausência de ação da Casa Legislativa e, segundo ele, faltou o contato entre o Governo e suas lideranças, pois na época da eclosão do escândalo, sugeriu-se uma audiência pública para debater o assunto, o que não ocorreu. Sobre a renúncia do cargo, Hugo declarou que “não esperava outra decisão de um homem do seu timbre dele. Estou triste com a situação, perdemos o Jurandir Santiago”.
O deputado professor Pinheiro (PT) exortou aos colegas parlamentares para não realizarem pré-julgamentos: “ainda não há nenhum julgamento finalizado, temos que tomar cuidado com acusações nessa Casa.
Se você ler os jornais de hoje, há, na manchete, uma espetacularização que não corresponde ao texto. Cabe a nós, homens e mulheres públicos, termos cuidado na analise desse material”, declarou. Eliane Novais rebateu as ponderações de Pinheiro ao declarar que a imprensa publicou as notícias com base em relatórios elaborados pelo Ttribunal de Contas do Estado (TCE).
“Também há um relatório do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, do desembargador Dorival Bezerra, sobre o caso. Então, a imprensa está sendo alimentada por esses órgãos”, frisou. (O Estado)
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