Suspeito de envolvimento na venda de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Ceará está nos Estados Unidos
A Polícia Federal retoma nesta terça-feira (16) os depoimentos de advogados e servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) dentro das investigações quem apuram a denúncia de venda de habeas corpus pela instituição. Pelo menos, um dos investigados não foi localizado pelos agentes da PF, na última segunda-feira, em Fortaleza. Sua defesa alega que ele está em viagem aos Estados Unidos (EUA).
O trabalho da PF está sendo conduzido pelo delegado federal Wellington Santiago, a quem cabe tomar o depoimento dos advogados e servidores do TJCE que estão na mira das investigações. Já o depoimento dos magistrados é tomado pelo desembargador federal Rogério Fialho, componente do Tribunal Regional federal da 5ª Região, sediado em Recife (PE).
A investigação atinge, pelo menos, seis desembargadores, entre eles, dois que já se aposentaram. Já o número de advogados gira em torno de dez. Quanto aos servidores do TJCE não foi ainda revelado o número de investigados. Contudo, o filho de um dos magistrados está no rol da apuração. Ele foi conduzido coercitivamente à sede da PF na última segunda-feira, sendo interrogado e, posteriormente, liberado.
Afastamento
Por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desembargador Carlos Rodrigues Feitosa, da ativa, foi afastado do cargo por período indeterminado. Ele é um dos suspeitos de conceder habeas corpus a réus presos por crimes graves como tráfico de drogas, assassinatos e receptação. Investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, simultaneamente, pela Polícia Federal, Feitosa foi interrogado e liberado. Seu advogado, Waldir Xavier, informou ao jornal Diário do Nordeste que ele respondeu com tranquilidade a todas as indagações da PF e vai aguardar o andamento da apuração.
Embora o caso esteja sob “segredo de Justiça”, o nome de Carlos Feitosa “vazou” para a Imprensa durante o andamento das diligências da PF em Fortaleza na segunda-feira. Os agentes foram à residência dele, no bairro Cocó, e apreenderam documentos e computadores, assim como fizeram em seu gabinete, na sede do Tribunal de Justiça.
Traficante liberado
Em maio de 2013, durante um de seus plantões de fim de semana, o desembargador concedeu, de uma só vez, dois habeas corpus em favor do traficante de drogas Renan Rodrigues Pereira, apontado como envolvido com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e tido como homem que se tornou rico após eliminar vários traficantes concorrentes, chegando a comprar apartamentos na Beira-Mar e andar em carros importados e blindados, e com escolta armada.
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