Integrantes de facção criminosa no Ceará pretendiam ações em represália
à transferência de Marcola
Interceptações telefônicas mostraram que os investigados conversaram
sobre a possibilidade de realizar ações para "parar o Brasil".
Por Messias Borges, G1 CE
Marcola cumpre uma pena total de 330 anos de prisão. — Foto: Globonews
Uma investigação do
Ministério Público do Ceará (MPCE) descobriu que integrantes de uma facção
pretendiam realizar ações criminosas no estado em represália à transferência de Marcos
Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe máximo
do grupo.
Marcola estava recolhido na
Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, ao lado de outros
integrantes da cúpula da facção criminosa, que tem atuação nacional. Ele foi
transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Roraima, em 13 de
fevereiro deste ano, para cumprir a pena em Regime Disciplinar Diferenciado
(RDD), isolado de outros internos. Dois meses depois, foi enviado à Penitenciária
Federal de Brasília, no Distrito Federal.
A transferência do número 1 do grupo
fez com que faccionados de vários estados, inclusive do Ceará, planejassem
ações criminosas.
O G1 obteve acesso a informações da Operação Jericó,
deflagrada pelo MPCE no dia 15 de agosto para combater a
atuação da facção criminosa.
Interceptações telefônicas autorizadas
pela Justiça mostraram que os investigados conversaram sobre a transferência de
Marcola e a possibilidade de um "salve" da facção para que fossem
realizadas ações para "parar o Brasil".
Em um áudio, um suspeito afirma que a
facção pediu a "sintonia" (adesão) de todos os membros no plano
criminoso, que é necessário realizar um cadastro, e acrescenta que a
organização visa a integridade dos "irmãos" (integrantes).
Mandados de prisão
A partir dessas e
outras informações, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (Gaeco), do MPCE, solicitou a prisão preventiva de 18 acusados, e a
Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Ceará concedeu os mandados.
Entre os alvos da
Operação, estavam chefes da facção no Ceará: Fábio Eugênio Lima Rodrigues;
Francisco Zilvan Nunes da Silva; Francisco Yaggus Annemberg de Oliveira; David
Gomes da Costa; Luan Trajano Rodrigues; Rodrigo Lima de Sousa; Guilherme Erick
Sales dos Santos; e Antônio Carlito Rodrigues Paulino.
Os outros mandados
de prisão se destinaram aos responsáveis por executar as ações criminosas:
Geane Cleia Pereira Rodrigues; João Paulo Pereira Costa ; Antônio Magela Melo
dos Santos; Francisco das Chagas Ribeiro dos Santos; Antônio Zaquiel Luso;
Valney Morais de Souza; Maria Elisângela Gonçalves de Souza; Taiz Alves de
Lima; João Silva Rodrigues; e Sebastião Camelo Leitão.
A quadrilha é
suspeita de envolvimento com os crimes de tráfico de drogas, associação para o
tráfico, comércio de armas de fogo, homicídios e ataques a agentes e prédios
públicos na Capital, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e no interior
do Ceará.
Integrantes presos
A maioria dos
investigados na Operação Jericó já tinha passagens pela polícia. Fábio Eugênio,
junto de um amigo, havia sido capturado pela Polícia Federal (PF) e pela Força
Nacional por tráfico de drogas, em 26 de janeiro deste ano.
A abordagem
aconteceu no Aeroporto Internacional de Fortaleza, quando a dupla desembarcou
de São Paulo com 40 kg de maconha divididos em duas malas.
Guilherme Erick
também já havia sido preso por tráfico de drogas, no bairro Bom Jardim, em uma
investigação do 12º Distrito Policial, em fevereiro deste ano. Com o suspeito e
um comparsa, os policiais apreenderam crack, cocaína e maconha. A dupla seria
responsável por vender entorpecentes para outros membros da facção.
Francisco Yaggus
foi o último integrante da quadrilha detido. Foragido desde a deflagração da
operação do Ministério Público, ele foi localizado pela PF e pela Força
Nacional no município de Pindoretama, na Grande Fortaleza, no último dia 23 de
agosto. Além do cumprimento do mandado de prisão preventiva, o suposto chefe da
facção criminosa foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Chefe máximo
Marcola cumpre uma
pena total de 330 anos de prisão. A transferência dele e de mais 21 membros da
facção para presídios federais foi motivada pela descoberta de planos de fuga
dos chefes do grupo criminoso e de assassinato do promotor de
Justiça Lincoln Gakiya, que atua no combate à organização
criminosa em São Paulo.
No Ceará, Marcola
responde a um processo por um roubo, ocorrido no ano 2000. Cerca de R$ 1,4
milhão foi levado da empresa Nordeste Segurança de Valores (NSV), em Caucaia,
Região Metropolitana de Fortaleza. A ação penal contra o chefe da facção ainda
não foi julgada e está próxima de completar 20 anos e prescrever.
Fonte: G1-CE
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