O período dos festejos
juninos no Ceará, assim como em todo o Nordeste brasileiro, mostrou dois
aspectos: primeiro, a festa virou, definitivamente uma grande atração
turística, para estados como Ceará, Paraíba, Bahia e Pernambuco principalmente.
O destaque maior e cada
vez mais crescente são as quadrilhas. Só que estas, de tão modernizadas e tão
estilizadas perderam 90% da sua originalidade. São atrações para sulistas e
estrangeiros, que nunca tiveram a chance de assistir a uma verdadeira quadrilha
matuta, e não o festival de luxo, que mais se assemelha às escolas de samba que
desfilam na Marquês de Sapucaí no Carnaval do Rio de Janeiro.
Na verdade esse é um grave
equívoco. Saudades dos meus tempos de criança, da época dos verdadeiros “alavantú”,
onde todos os casais iam pra frente de braços pra cima; “anarriê”, onde os casais iam pra trás com os
braços abaixados; “changê”, troca de pares; “olha a chuva”, os casais davam
meia volta. E por ai vai... Isso, sem falar nas roupas feitas de estampas de chita e rendas de bilros e muitos babados para as mulheres e calças remendas e as camisas do velho xadrez para homens.
Bons tempos em que quem animava
as festas juninas eram Uma Elba Ramalho, um José Ramalho, um Dominguinhos, só
pra citar alguns. Nem vamos tão longe, quando as musicas eram verdadeiros hinos juninos como como Asa Branca (Humberto Teixeira e Luiz
Gonzaga), Cai, Cai, Balão (Assis Valente), Chegou a Hora da Fogueira (Lamartine
Babo), Eu só Quero um Chodó, Isso Aqui Tá Muito Bom (Dominguinhos), Naquele São
João (Trio Nordestino), O Xote das Meninas ( Zé Dantas e Luiz Gonzaga), O
Sanfoneiro Só Tocava Isso (Haroldo Lobo e Geraldo Medeiros)Ser, Pedro, Antônio
e João (Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago), Prenda o Tadeu (Clemilda), não
importando quem as cantasse, se os próprios compositores ou os forrozeiros que
faziam sucesso à época.
Agora, nosso São João é
invadido por duplas e cantores sertanejos, oriundos, em sua grande maioria, dos
sertões de Estados do Sul e Sudeste, contratados por prefeitos e pagos a peso de ouro. Artistas que embora sejam ovacionados de Norte a
sul do País, não são e jamais serão como nossos sanfoneiros e forrozeiros
nordestinos que, como ninguém, sabiam e sabem como se faz um grande arrasta-pé junino. Hoje, o que vale é a o glamour, a pirotecnia, não interessando quanto sairá dos cofres públicos, do dinheiro suado dos impostos pagos pela população, pois, o que vale para nossos governantes e "encher" a barriga do povo com ilusões. Sinais dos tempos, fazer o que?
Nenhum comentário:
Postar um comentário