sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Curiosidades: A Corte e seus encantos sexuais

 

Do blog de Renato Riella:

Está em evidência, hoje, a questão das relações extraconjungais na cúpula da política brasileira. Isso porque, duas décadas depois, constatou-se que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso viveu enganado. Foi anunciado hoje que o “filho” de 19 anos reconhecido por ele, resultante do caso que teve com a jornalista global Miriam Dutra, não passou no teste do DNA.

Isso mesmo. Duas eleições, dois governos e duas décadas se passaram sem que fosse feita essa verificação. A mulher de FHC, dona Ruth Cardoso, morreu acreditando que seus filhos teriam um irmão que morava em Portugal. Grandes operações subterfúgias de governo foram feitas para esconder esse fato da opinião pública – para nada. Era blefe!

Ao completar 80 anos, FHC recebeu este “presente”. Elegante, ético, provavelmente bem intencionado, diz que o rapaz permanecerá como seu filho, mesmo depois de dois testes de DNA negativos. E a vida segue.

É claro que, no futuro, na hora de dividir a herança, os filhos de FHC poderão questionar a validade desse reconhecimento. Mas por hoje o que existe é isso.

PODER DÁ TESÃO

Brasília é assim. Cheia de bastidores! Quando se discute no Congresso Nacional a abertura dos segredos de Estado, direito nosso questionado por ex-presidentes que têm medo da verdade, vemos situações mantidas sob segredo virem a público como escândalos novos.

Lembro do jornalista Oliveira Bastos, recentemente falecido, o mais debochado que já existiu (e talvez o mais brilhante). Ele era amigo de dentro da casa de um presidente da República, antes conhecido pelos saltos mortais que dava fora do casamento.

Numa visita ao Palácio da Alvorada, Oliveira perguntou à mulher do presidente como estava vivendo o casal na nova situação - e ela comentou: “Oliveira, dizem que o poder dá tesão. Mas não pensei que fosse tanto. Estou exausta. O homem me “procura” todo dia. O que é que deu nele”.

Sem poder dar as escapadas, refém da segurança e vigiado pela imprensa, o presidente amigo do Oliveira tinha que manter-se no limite sexual do antigo casamento.

NÃO ENGANOU TODO MUNDO

É claro que a história contada por Oliveira Bastos tem boa dose de ficção - a partir de situações reais. Mas Brasília é assim mesmo: recheada de emoções discutidas nos bares, nos apartamentos funcionais e nas assessorias de imprensa.

Por exemplo, no comitê de imprensa do Palácio do Planalto, muitos repórteres (principalmente as mulheres, de ótima observação), vêm afirmando há duas décadas que o filho da Miriam Dutra não é de FHC. E tinham pena dele, pelo sufoco inútil que o presidente do Plano Real passava.

A repórter global, namorada de FHC, acompanhava viagens presidenciais e tinha vida bastante livre, avançada para a década de 90. Despertava surpresa em jornalistas mais comportadas, que contestavam, por exemplo, a intimidade dada por ela a seguranças do Palácio do Planalto. Por isso, não há surpresa na divulgação feita hoje pela colunista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo.

Os jornalistas brasileiros são “civilizados” na abordagem dos casos pessoais dos políticos. Se fosse nos Estados Unidos, eles teriam levado a público, logo no início, a presença do então senador FHC no apartamento da jornalista Miriam Dutra.

Poderiam ter feito o mesmo com o então deputado Lula, que freqüentava com liberdade o apartamento de uma psicóloga chamada Zeca, na Asa Sul de Brasília, sem esconder isso de ninguém. Estive num aniversário neste apartamento, com a presença de Lula. Naquela oportunidade, o depois namorado da ministra Zélia, senador Bernardo Cabral, estava namorando outra jornalista. Tudo muito natural – e acobertado pela imprensa, que nunca agiu de forma dura como os repórteres norteamericanos.

São segredos que o dossiê do governo não guarda. Apenas aparecem como lembranças de jornalistas mais antigos, que conviveram com essas personalidades antes de assumirem os cargos mais elevados.

Brasília é bastante interessante, mas hoje em dia, com 2,6 milhões de habitantes, tem visibilidade menor. Nas décadas de 80 e 90, ninguém podia esconder nada de ninguém. Agora está mais fácil para uns e outros (e outras).



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