terça-feira, 29 de setembro de 2015

Cartão de crédito: Juros escorchantes

Juros do cartão variam até 54,35% em bancos da Capital

Um levantamento inédito, realizado pelo Procon da Assembleia Legislativa do Ceará apontou que a taxa de juros cobrada no rotativo do cartão de crédito varia até 54,35%. De acordo com os dados coletados, junto ao Banco Central e de forma presencial em sete agências bancárias de Fortaleza, os juros mensais do cartão de crédito rotativo são de 16,08% no Santander (maior percentual) enquanto que na Caixa Econômica Federal (CEF) são de 7,34%. A pesquisa, divulgada ontem, foi realizada no último dia 25, junto a sete instituições financeiras da Capital.
Os bancos pesquisados foram: Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (Caixa), Bradesco, Santander, HSBC, Itaú e Banco Safra. A pesquisa traz informações e comparativos dos seguintes serviços: cadastro de início de relacionamento, 2ª via de cartão de débito, exclusão de cadastro de cheque sem fundos, contraordem de cheque, folha de cheque, cheque administrativo, TED pessoal, DOC pessoal, ordem de pagamento, pacote de serviços – básico, anuidade cartão nacional, anuidade cartão internacional, 2ª via de cartão de crédito nacional, juros cheque especial pessoa física, financiamento de veículos, crédito consignado INSS e cartão de crédito rotativo.
Destaques
Conforme o Procon Assembleia, a segunda maior diferença percentual vem do cheque especial (pessoa física), com a diferença de 30,11%. A maior taxa foi identificada no Santander (14,08% ao mês), enquanto que a menor foi registrada pela Caixa (9,84% ao mês). Em seguida, os financiamentos tiveram uma diferença de taxas de 10,3%, sendo a maior verificada no Santander (1,99%), enquanto o Banco Safra aparece com a menor (1,79%).
Ainda entre as taxas, a menor diferença percentual foi apontada no crédito consignado para aposentados/beneficiários do INSS. Nesse item, os maiores juros ficaram com o Banco do Brasil, com 2,13% ao mês, e os menores são praticados na CEF, com 2,02%. A variação média geral entre os 17 serviços pesquisados ficou em 21,42%.
Já em produtos e serviços, seguindo com as maiores variações, as anuidades do cartão de crédito também se destacam, com a diferença de 38,46%, com destaque para a Caixa Econômica Federal, cujo valor cobrado é de R$ 130,00, enquanto que no Banco Safra, o valor cai para R$ 80,00. O cadastro para início de relacionamento, por sua vez, aparece em seguida, com uma diferença de 33,33%, sendo o maior valor cobrado por BB, Caixa e Bradesco (R$ 30,00 cada um), e o menor identificado no Safra, de R$ 20,00.
Avaliação
A coordenadora geral do Procon Assembleia, Ana Waléria Sampaio, destacou que a pesquisa teve como motivação as várias reclamações dos consumidores no órgão, sobre tarifas e taxas indevidas cobradas pelos bancos, bem como juros e dificuldade de negociação. “Esse aumento se deve por conta da situação atual, e a gente está tendo muita reclamação até para tentar renegociar juros mesmo, já que as taxas do rotativo subiram, bem como cheque especial. Isso faz com que o consumidor fique endividado e tentando renegociar com o banco e impossibilitados, porque os bancos não cedem e não dão uma boa negociação para eles (consumidores)”, analisou.
O coordenador de Extensão do Procon Assembleia, Francisco Nóbrega, informou que a pesquisa deverá ser realizada periodicamente a cada 60 dias, “para continuar o objetivo de comparação para o consumidor”. Isso, segundo ele, além de informação ao consumidor – para que ele tenha um parâmetro e venha a procurar um banco melhor –, “o levantamento força a concorrência, já que os bancos ficam cientes de que consumidores estão tendo acesso a esse comparativo”, finalizou.
Clientes devem optar por menor custo
A coordenadora do Procon Assembleia, Ana Waléria, informou que os consumidores que estiverem com débitos em aberto, mas não vencidos, podem fazer portabilidade para outras instituições. “Isso é uma possibilidade de tentar reduzir as taxas cobradas mensalmente para seus empréstimos, enfim”, ressaltou. “Por isso que, para alguns serviços que a gente colocou (na pesquisa) – como o crédito consignado –, o consumidor possa ter uma noção que possibilite tentar diminuir as taxas”, acrescentou.
Para os inadimplentes, além de negociação da dívida em atraso, ela orienta aos devedores a também buscarem opção de renegociação mais barata. “Por exemplo, as taxas de juros do cheque especial são mais caras que o CDC, ou crédito consignado. Ele (consumidor) tem que buscar uma maneira de tentar parcelar suas contas, pegando um dinheiro mais barato que o outro”, explica a coordenadora. “O rotativo do cartão de crédito é o pior, pois está muito alto, então, o consumidor deve fazer essa pesquisa e buscar o que é melhor para ele”, acrescentou. Além de tentar renegociar as dívidas em aberto, os devedores podem buscar uma outra linha de crédito, com juros menores, para facilitar a quitação. “Ele deve primeiro renegociar para depois fazer uma pesquisa de negociação”, salientou Ana Waléria.

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